5: Feng e Qing

771 105 197
                                    

Boa leitura!

A brisa fria se intensificava, pois a noite estava chegando. O ar gélido invadiu o coração de Mu Qing através de suas vias respiratórias, congelando todo o calor que Feng Xin havia o transmitido ao longo do dia. Ele abaixou o olhar para seu pulso, onde Catarina estava.

— Catarina, eu já posso ir embora desse mundo? — Ele perguntou baixinho enquanto limpava uma lágrima solitária que caiu de seu olho esquerdo.

— Você poderá voltar quando sua missão for concluída. Missão atual: Arrume uma namorada para Feng Xin. — O relógio disse e depois ficou em silêncio, parecia que, de alguma forma, ele queria consolar Mu Qing, mas não podia por ser apenas uma máquina.

Mu Qing olhou para as costas de Feng Xin, que já estava a uma distância considerável no momento, respirou fundo e o seguiu.

Os olhos dele ardiam, querendo derramar mais e mais lágrimas. Sua garganta quase se fechava em ardência. E o pior de tudo era que ele sentia que não tinha o direito de se sentir triste. Afinal, foi ele quem rejeitou Feng Xin primeiro.

Os olhos de Feng Xin também ardiam, mas ele não iria chorar. Ele nunca chorava, não importa o que acontecesse. Cada passo dado por ele fazia seu coração se apertar mais e mais. Logo, ele sentiu Mu Qing se aproximando, caminhando atrás dele com alguns passos de distância, respeitando o espaço pessoal um do outro.

Ambos tinham suas cabeças baixas para esconder a tristeza estampada em suas feições. Não que eles precisassem, não era como se algum desconhecido fosse, magicamente, se importar em perguntar o que aconteceu. Mas o ato de abaixar a cabeça era uma forma esconder os sentimentos dentro de si próprio. Uma tentativa de afogá-los em meio a suas almas.

Quando chegaram ao apartamento de Feng Xin, o homem acendeu as luzes. O caminho todo, até no elevador, ambos ficaram em silêncio e, dessa vez, não era um silêncio confortável. Era um silêncio sufocante. Tão sufocante quanto a ardência em suas gargantas. 

Eles também não se olharam diretamente. Mu Qing até tentou, de relance, roubar alguns olhares de Feng Xin, mas o outro nunca encontrou seu olhar. O coração dele afundou.

Feng Xin foi diretamente para seu quarto, pisando duro, e Mu Qing o seguiu como um gatinho atrás do dono.

— Você pode dormir aqui. Eu durmo na sala. — Feng Xin pigarreou. O dia havia passado rápido com a companhia um do outro, já era noite quando eles chegaram. Era uma pena que aquele encontro tranquilo e casual tivesse acabado dessa forma trágica.

Nenhuma resposta foi ouvida. Mu Qing apenas caminhou em direção a cama macia e confortável de Feng Xin e se sentou lá. Eles ainda não se encaravam diretamente.

Feng Xin se virou para sair, mas foi interrompido.

— Feng Xin... — Mu Qing sussurrou e Feng Xin enrijeceu, se virando lentamente e finalmente o encarando. Ele queria pedir para que Feng Xin ficasse e dormisse com ele como foi na noite passada, mas que direito ele tinha de pedir isso após partir o coração do outro? Por isso, ele mudou o que iria dizer. — Eu perguntei a Catarina quando posso ir embora. Ela respondeu que posso ir depois que você arrumar alguém. — Mu Qing tentou forçar um sorriso, o que só deixava a situação mais estranha e triste, pois ele quase nunca sorria assim.

O rosto de Feng Xin demonstrou uma leve surpresa, ele não esperava por isso agora. A surpresa logo foi substituída por um olhar apático e sem vida, diferente do seu olhar brincalhão habitual. Ele baixou os olhos e soltou um risinho de escárnio, como se debochasse de si mesmo.

Inteligência Artificial | FengqingWhere stories live. Discover now