"Para escrever, eu tive que tirar a roupa.
Primeiro a arrogância
Depois a prepotência
O ego estava mais difícil de identificar, mas estava lá também.
Tirei.
Coloquei meus joelhos no chão e a cabeça também.
Ai se foi meu orgulho.
Pensei que não tinha sobrado nada depois disso.
Me enganei
Lá estava a vaidade.
Transvestida em tantas peças que mal reconheci.
A cortei também, e joguei fora.
Nua fiquei.
Comecei sem roupa e fui vestindo essa roupagem que não me cabe.
Essa expectativa que não era minha.
Esse alter-ego que não sou eu.
Faz frio as vezes
Mas, gosto da sensação de pele com pele.
E da verdade que a vergonha trás.
O alívio do ridículo
A naturalidade da falha.
O imperfeito
Eu quero o quebrado, por favor.
Aquela parte que ninguém quer
Sem encaixe e sem serventia.Eu quero isso.
O que vou fazer, não direi.
É pequeno e ridículo.
Porém, a distância, esse pedaço deformado e cheio de caco, brilha como se fosse uma grande coisa.
É um pedaço de estrela que eu deixei por ai."
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Delírios De Uma Mente Lúcida
PoésieA mente exausta; O corpo exausto; A alma, em carne viva. Coletânea de poemas necessários para minha respiração mental.