Item IV - O Bosque

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Vigilante - parte 5


 A longa caminhada pelo bosque para o bloco numero "4" do condomínio, deixava Nonato muito apreensivo por causa dos episódios que ele já enfrentou, e por receio das situações inesperadas e incompreensíveis que pudessem surgir. Situações essas que se potencializavam e começavam a se materializar em fenômenos que não podiam ser explicados, apesar de serem vistos e vividos por ele...

      Hora de seguir para o bloco "4", mas tinha que passar pelo bosque primeiro. Nonato parou para tomar água no bebedouro e aproveitou para lavar o rosto em uma torneira que tinha próximo. Estava exausto, não fisicamente, mas psicologicamente. Sua cabeça parecia pesar uma tonelada, a lógica não batia com os acontecimentos. Ele estava tentando colocar na cabeça que tudo não passava de coisas  da sua imaginação devido ao medo. Em alguns momentos, tentava até brincar, imaginando o que Dean e Sam Winchester fariam no lugar dele, e ria para si mesmo ou pelo menos tentava. Seu momento de descontração sumia com qualquer barulho próximo que ele ouvia, o que o trazia de volta a realidade e com ela, o medo. 

Do bloco "1" até o bloco "4", tinha uma rua feita de pedra com  cerca de setecentos metros de cumprimento. Do lado direito; o bosque cercado de grades de metal, e no meio, tinha um portão para seu acesso. A outra opção seria a entrada de carro que iria direto ao primeiro subsolo e Nonato não queria saber de mais garagens naquela noite. Então, tomou mais um pouco de água e seguiu o caminho do bosque. 

= O que poderia me acontecer? 

Perguntava a si mesmo. Andou uns cinquenta metros, e escutou assovios. Nonato parou procurando de onde poderiam ter vindo... E se lembrou de que o Sr. Nilo o avisou sobre  possíveis pessoas de fora pularem o muro do bosque! Então sabendo disso ele teria que verificar. Seguiu o caminho de pedras até o portão. 

Ainda estava na rua quando uma figura saindo de dentro do cercado o assustou... Seus cabelos se arrepiaram, Nonato ficou estático, não sabia como reagir, ele pensou em correr, mas não conseguiu. A figura era quase uma sombra, e fixou o olhar em Nonato que estava  como que em transe...  Olhando o vulto que da mesma forma que veio, apenas voltou andando de costas e sumiu dentro do portão. 

Nonato deu alguns passos em direção ao portão e parou, o que quer que fosse que estivesse ali, ele não queria saber. Virou a costas e começou a seguir o caminho de pedra para o bloco "4", o portão rangeu alto ao abrir e Nonato ignorou acelerando o passo. O som abrupto de uma pancada forte do portão se fechando fez seu coração acelerar, e mais uma vez, ele não olhou. Aumentou o passo, de repente uma pedra caiu próximo ao seu sapato, por instinto, Nonato olhou procurando de onde vinha, e uma segunda pedra caiu seguida de uma terceira pedra que voou em sua direção sem mais nem menos! Nonato correu!

Até chegar ao bloco "4"...  Ele estava ofegante, parado em frente a recepção do bloco "4", mal conseguindo respirar. Nem sabia sabia quantas pedras o tinha acertado, mas se preocupou em correr muito mais quando uma das pedras um pouco maior quase o acertou! O estranho foi que  quando chegou ali, tudo parou. Ficou um tempo olhando para o bosque, tentando ver se tinha alguém. Ainda estava respirando rápido. Foi quando ouviu um som não muito longe dali, levando Nonato a quase correr novamente.... Era o interfone.

Ele ficou olhando o interfone tocar até parar, estava com medo de atender e não gostar nada disso

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Ele ficou olhando o interfone tocar até parar, estava com medo de atender e não gostar nada disso. O interfone parou por dois segundos e em seguida, tocou de novo, e de novo, até que Nonato resolver atender. Com receio, pegou o interfone e quase sem conseguir, falou... 

=  Alô?!!

- Poxa Novato! qual o seu problema?! Exclamou a voz. Primeiro te vejo correndo igual doido, e agora você não atende o interfone.

Era o porteiro, o Sr. Valdir. Escutando a voz dele, Nonato respirou melhor. Então continuou ele.

- Aproveita que você está aí, verifica se tem alguma coisa errado com o AP 184. A vizinha de baixo me "interfonou" reclamando que a mulher estava fazendo muito barulho, como ninguém atende lá, eu já estava procurando você. Qualquer coisa, usa o interfone para me avisar. É o Ramal 10. E vê se não sai correndo por aí de novo, foi bem estranho.

Nonato não questionou nem por um momento, nem mesmo a "zoação" com ele. Estava feliz de estar falando com alguém. Estava se perguntando por onde ele o tinha visto, e descobriu que havia  uma câmera de segurança bem acima do interfone ao qual ele falava e disse;

= Tudo bem Senhor  Valdir! Vou verificar o que esta acontecendo e em seguida "interfonarei" para o senhor!

Nonato acabou de falar e desligou. Saiu do hall, olhou em direção ao bosque por um tempo e imaginou se conseguiria ver  alguma coisa pela câmera, depois, apenas virou as costas e seguiu para o elevador de serviço....

Nota do autor: 

Meu ex-chefe me contou que seu primeiro trabalho foi de guarda de rua durante a noite. Uma certa noite dessas, tirou um cochilo sentado em frente a uma casa. Algum tempo depois, abriu o olho e viu uma pessoa saindo da casa. Desperto e já de pé, esperou a pessoa vir falar alguma coisa. No entanto, quando a figura o viu, recuou de costas e desapareceu dentro do portão. Ele disse que o cabelo ficou em pé. Não pensando duas vezes, saiu rápido dali. No dia seguinte, soube por uma doméstica da casa que ninguém ficava lá depois das dezoito horas, até mesmo de dia, as vezes não dava para permanecer. A casa tinha alguma coisa. Dizia ela assustada e se benzendo.

Obrigada por ler minha história. Continue acompanhando nos próximos capítulos.

(VIGILANTE)Where stories live. Discover now