— Eu não conto sobre isso pra ninguém, tá bom? — Repetiu-se ao acariciar as costas do Jimin. — Nem mesmo pra mim. Posso fingir que não conheço esse seu lado enquanto você estiver escondendo ele, mas... mas eu quero que você saiba que vou ser um aliado quando ele precisar tomar um ar... Não dá pra aprisionar as coisas pra sempre.

— Você também aprisiona coisas? — Jimin devolveu a pergunta enquanto tentava conter a onda de felicidade que tomava seu peito, estranha e inesperada. Ouvir cada uma das palavras alheias lhe deu tanta segurança que nem sabia explicar. Jungkook suspirou, reflexivo.

— Não por vontade própria... Queria mostrar, mas elas não têm espaço para existir — respondeu e Jimin ouviu em silêncio. Apoiou a cabeça no peito de Jungkook, entrando em contato com o coração acelerado dele. O coração cheio de coisas para mostrar que agitava-se apenas em cogitar tal liberdade. De ter espaço para tudo que precisava externar, urgentemente, ou sufocaria. Eufórico. Soube que por baixo de todo aquele silêncio contido, Jungkook era extremamente intenso, assim como seu coração.

— Mostra para mim... — Jimin murmurou contra o peito de Jungkook depois de alguns minutos, tão envergonhado que torcia para que suas palavras saíssem tão abafadas que ficassem incompreensíveis. — Eu mostro para você também... mas só às vezes.

Jungkook arregalou os olhos, completamente espantado. Por mais que compreendesse que Jimin não era uma pessoa má, não imaginou que conseguiria tanta abertura. Foram só palavras. Com simples palavras, avançaram passos largos naquela relação estranha deles. Tão rápido que dava tontura.

— Isso... parece coisa de amigo. A gente é amigo então? — Jungkook perguntou com toda a sinceridade que possuía. Jimin riu baixinho, achando bobo e adorável. Jungkook, obviamente. Talvez ele mesmo também... mas só um pouco, só por ter gostado levemente da ideia de ter um amigo.

Mais recomposto, Jimin desvencilhou-se do abraço e enxugou as próprias lágrimas com as mãos. Jungkook apenas aproveitou aquela visão diferente dele, ainda bonito, ainda com sua presença forte e esmagadora de protagonista, porém gentil. Na verdade, uma conclusão dessas era óbvia: protagonistas sempre são bons moços, como que Jungkook não tinha percebido antes?

Fingindo que não estava com o rosto vermelho de tanto chorar, Jimin aproximou-se de Jungkook, tomando cuidado para não fraquejar e ser atraído para o abraço tão gostoso mais uma vez. Segurou o queixo dele, que suspirou fraquinho, percebendo a mudança de Jimin à sua imagem de sempre. Quando os dois reconheceram a troca de papéis dos Jimins que Jimin carregava, riram um pouquinho, cúmplices; uma prova tímida de que sabiam um pouco do que estava enterrado no peito alheio.

— Tem certeza que quer ser meu amigo, gracinha? Não vou pegar leve... — ameaçou, pouco convincente. Os dois riram de novo. — Ei, não ria! Estou falando sério! Vai ter que pintar as unhas dos meus pés toda semana.

— Tudo bem...

— E as das mãos também!

— Eu pinto, mas provavelmente vai ficar feio... As dos pés você consegue esconder, mas acho as das mãos arriscado.

— Então você pinta as dos pés até ter habilidade o suficiente para passar nas mãos.

— Sim, senhor.

— Jungkook, pare de concordar assim! — Jimin resmungou, com um certo remorso despontando no peito ao ter as exigências acatadas de forma tão fácil. Escorregou a mão do queixo dele para apoiá-la no peito. Jungkook tinha olhos tão gentis e parecia tão feliz... Ele mesmo estava feliz daquele jeito também? — Qual é sua parte do contrato?

— Ser amigo é algo contratual? — Riu.

— Acabei de decidir que é.

— Eu não posso pedir mais nada pra você, Jimin, você já faz demais — confessou com tanta sinceridade que as bochechas de Jimin quase ruborizaram, porém manteve-se firme. A sinceridade de Jungkook sempre foi um problema, desde o primeiro dia.

Uma suposta facção de balé • jikookWhere stories live. Discover now