Cheguei a meu quarto e fechei a porta com força.

-Ela nunca ficaria com uma cega - murmurei para mim mesma, irritada, andando em direção a cama, mas parecia que havia algo contra mim, pois cai ao chão no meio do caminho, batendo o joelho em algo duro. O que estava acontecendo comigo?

-Droga! - respirei fundo e bati com força no piso gelado - Droga, droga, droga!

Senti vontade de chorar.

...

Havia várias pessoas na casa dos Freire's. Mais de 10 eu podia presumir.

Vários tons de vozes, vários cheiros e risos diferentes. Arrumei os óculos no rosto. Eles tinham piscina, constatei, pois eu também sentia cheiro de cloro e
barulho de água.

Nunca me senti tão deslocada na vida.

Minha mãe segurava minha mão e eu senti que ela também ficou
impressionada com a quantidade de pessoas, pois pressionou minha mão levemente e inconscientemente. Ela estava apavorada por mim.

Vozes jovens e altas gritavam. Estavam se divertindo. Ouvi o nome de Juliette sendo exclamado por uma voz feminina.

- Não, não faça isso, Juliette! - depois uma risada da mesma pessoa. Meu coração apertou.

Engoli em seco.

- Já posso ir embora?-perguntei baixo para minha mãe.

- Calma querida - ela sussurrou em meu ouvido e logo depois exclamou: - Fátima!

-Oh! Vocês chegaram - a Sra. Freire se aproximou de nós e deu um beijo em minha mãe e em mim. Seu perfume era forte, me fazendo desviar o rosto para o outro lado enquanto ela estava perto.

-Eu trouxe sobremesa, mas não sabia que ia vir tantas pessoas, por isso...- desculpou-se minha mãe.

- Não se preocupe. Foi uma gentileza da sua parte. Evandro está na sala de jogos, Alessandro - Ela se dirigiu ao meu pai que agradeceu e se afastou - Juliette
está com alguns amigos na piscina, Sarah. Talvez você queira ir até lá.

- Não- minha mãe respondeu em meu lugar - Ela ficará comigo.

- Ah! Claro

Juliette ainda não havia me visto. Eu não sabia se me sentia aliviada ou frustrada por isso.

-Então vamos para a cozinha. Algumas mulheres da vizinhança estão lá- Estamos preparando as saladas. Quanto ao churrasco, tivemos que contratar um homem para isso. Evandro nunca foi muito bom nesses tipos de coisa -
comentou tentando ser agradável.
Apertei a mão de minha mãe que correspondeu.

Quando chegamos à cozinha, pensei que fosse ficar tonta com tanta conversa paralela. Muitas mulheres, muitos assuntos, mas nada que prendesse minha atenção.

-Beatriz! - exclamou minha mãe se dirigindo a outra vizinha que tínhamos.

- Abadia!

De repente tudo virou uma bagunça. Todas as mulheres cumprimentavam a mim e a minha mãe, como se não nos visse há séculos. E, sem perceber, me
vi sendo o centro das atenções, respondendo, sem graça, a todos os tipos de perguntas inconvenientes que me faziam. Minha mãe não soltava minha
mão, com medo de me perder ou algo parecido.

By My Eyes - Sariette Version Where stories live. Discover now