Depois disso ela me olhou terna _Sinto muito _disse ela _Mas agora você precisa voltar.

Eu estava meio confusa _Eu não estou morta?

A mulher sorriu amável, esticou sua mão e começou a acariciar meu rosto como se ansiasse por mapear cada linha que ele possuía. _Não meu amor, você não está. Eu queria apenas mandar você voltar e fugir, ficar longe de todas as pessoas que podem te ferir _suspirou triste _Mas sei que tem obrigações, e sei que é forte o bastante para cumpri-las, afinal, você é filha minha e do Marcos!

Eu me apavorei com a possibilidade de perde-la _Você está viva?

Ela sorriu _Permaneço viva em você!

Ela ergueu a mão e me tocou, uma grande vibração percorreu meu corpo e senti que meu momento com ela estava chegando ao fim. Eu até ali permanecia calada, muda, presa ao choque do momento, mas naquele instante eu me libertei de todo aquele torpor, eu me joguei a abraçando apertado, ela retribuiu meu abraço, as lágrimas pinicando meu pescoço.

_Mãe, eu entendo _não sabia ao certo o que dizer _eu entendo o motivo de você não ter podido estar perto, eu tenho orgulho de você! Não a conheço bem, mas ao mesmo tempo te conheço, porque eu te amo, te amo mãe, sempre te amarei! _levantei meu olhar e ela me olhava chorando e ao mesmo tempo feliz, ela precisava ouvir aquelas palavras. Eu queria dizer mais, mas não pude. Uma força impiedosa me arrancou dos seus braços me arrastando por toda extensão que tínhamos percorrido em uma fração de segundo, em seguida me jogou dentro do meu corpo com violência. E a escuridão finalmente venceu, eu apaguei.

Os fatos depois disso passaram como em um borrão. Em um momento eu estava inconsciente, lembrando de fatos e acontecimentos passados que remontavam a minha infância, em outro eu estava novamente com meus amigos nos jogando de frente contra o desconhecido. Lembrar da minha vida enquanto criança onde minha maior preocupação era cair de uma árvore, lidar com minhas irmãs mimadas ou com as injustiças de uma mãe que fazia distinção entre as filhas pareciam problemas quase simples, mas de uma forma curiosa eu ainda preferia minha nova vida, cheia de percalços complicados e quase mortais.

Contar aos meus amigos sobre a traição de Magda chocou a todos. Magda era um membro antigo da ordem, já havia passado por situações horríveis como perder todos seus companheiros de equipe e ter que ser integrada a outra. O que poderia levar alguém como ela a mais alta traição? Ela era alguém que todos confiávamos, ter ela do lado dos seguidores do mal nos deixava em um estado de revolta, ela era uma das pessoas que menos se esperava algo assim, ela já tinha experimentado o amargor que as guerras provocavam. E quem seria Cassandra na vida de Magda, de fato a mística poderia ter algum parentesco com a guardiã da ordem?

Ao chegar na superfície, no salão dos objetos proibidos tivemos um embate com mestre Theodor, e lá, com as novas revelações processadas na mente, a nossa indignação foi ainda maior, pensar que ele, alguém que havíamos confiado ser um aliado havia nos traído foi algo que apunhalou fundo. Theodor, Magda e quantos mais não eram impostores, maçãs podres que ameaçavam contaminar toda a Ordem?

Natasha, uma ótima lutadora, traduziu toda nossa ira ao se lançar sobre Theodor, naquela luta ela não teve a mesma calma que teve na primeira, e Theodor estava disposto a fazer ela pagar com a vida se não fosse Peter para salvá-la. E no fim, depois de tudo eu ainda tive mais uma prova de como tudo estava ficando estranho na minha vida ao salvar Tyler de uma saraivada de flechas, como eu havia feito aquilo? Não sei. Havia magia em mim pelo que tinha ouvido e testado algumas vezes, mas eu não sabia ainda como usar aquele poder.

Quando Mestre Garret nos encurralou no salão dos objetos proibidos não conseguimos nem ao menos nos defender, como poderíamos explicar toda aquela história que era absurda até mesmo aos nossos ouvidos? Mestre Garret não estava disposto a ouvir, na verdade acho que dificilmente algum dos mestres estariam dispostos a nos ouvir

Mas agora os caminhos que nos levaram até ali pouco importavam, pareciam nuances de lembranças antigas, o mais importante no momento era conseguir fugir da situação que estávamos. Presos injustamente, condenados antes mesmo de poder de fato nos defender dos nossos supostos crimes.

Como poderíamos salvar a Ordem se aparentemente não estávamos em posição nem mesmo de nos salvar?

Nota da autora:

Olá meus leitores, fico muito feliz por vocês estarem acompanhando esta história até aqui!

Nesse ponto da história houve os acontecimentos que culminaram nos fatos narrados no primeiro capítulo da obra. Se vocês quiserem relembrar como todos os fatos apontados por Crystal nesse capítulo (Nuances) ocorreram podem reler o capítulo "Devaneios".

Muito obrigada pelo carinho de vocês, saber que estão gostando da história é o que me impulsiona a postar mais capítulos. Ah, e não se esqueçam de votar nesse capítulo e também nos capítulos anteriores! Comentem o que vocês estão achando.

A Ordem Da LuaWhere stories live. Discover now