Capítulo 14

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Naquele momento em que a atmosfera entre eles parecia ter se acalmado, a porta abriu rompendo o silêncio da sala.

-Doutor Alencar...

-Sim? Diego franziu o cenho encarando com irritação o desconhecido que havia aberto a porta interrompendo o que ele iria dizer.

-A documentação que solicitou..., ah olá? O homem a examinou dos pés a cabeça com um sorriso atrevido. –Flor de Liz, não é?

-S...sim. Flor de Liz analisou o rosto bonito tentando lembrar-se de onde já o havia visto antes. Pelo canto do olho percebeu que Diego parecia interessado no diálogo.

-Lembra de mim? Ele indagou animado. -O cara pelo qual você era apaixonada na Faculdade e não pensou duas vezes ao me deixar esperando no nosso primeiro encontro. Completou com um sorriso provocante.

-Oh, Vinny, não é? Flor mordeu o lábio inferior sentindo o rosto queimar de vergonha. -Desculpa por aquilo. Falou encabulada. -Você está um pouco diferente, por isso, não o reconheci de imediato.

-Sem problemas. Vinícius caminhou até a mesa colocando lá os documentos que segurava. Ele botou as mãos nos bolsos da calça e piscou sedutor. -Parece que fui o único que você já deixou esperando. Falou fazendo-a sorrir envergonhada. -Já que lembrou tão rápido.

-Vocês se conhecem? Diego se aproximou carrancudo. Ele encarava um e outro com o cenho franzido.

-Ela é a gata que te falei antes. Explicou Vinícius sorridente. -A única que me deixou ansiando por um encontro. Ele suspirou com exagero. -Magoei.

-Sinto muito, mas acabei sendo impedida naquela noite por um calo que apareceu no meu pé. Flor disse com um sorriso inocente. Seu sorriso aumentou quando percebeu que Diego trincou os dentes de raiva.

-Um calo? Diego rugiu a encarando com ferocidade ao perceber a indireta. -Talvez não tenha sido boa ideia ter dado atenção ao seu calo ao invés de ter ido ao encontro. Ele disse entredentes.

-Também acho! Vinícius concordou. -Eu mesmo teria cuidado do machucado para você. Sabe que eu era louco por você naquela época e só tive coragem de te chamar para sair porque sua amiga havia me dito que você era afim de mim. Disse com um amplo sorriso.

-Sério? Indagou surpresa. -Nem havia percebido, já que vivia rodeado de garotas.

-Porém, você era a única que eu queria do meu lado. Concluiu provocante. Flor mordeu o lábio inferior e baixou os cílios encabulada. Ela percebeu que seu antigo "crush" mantinha a mesma personalidade da época que haviam se conhecido.

-Vinícius você não tinha documentos para trabalhar com urgência? Diego interrompeu impaciente.

-Ah é verdade! Vinícius não desviou o olhar do rosto afogueado de Flor de Liz. –Mas, eu cuido disso mais tarde. Flor, você quer tomar um café comigo agora? Indagou insinuante.

-Sinto muito, mas preciso ir embora. Ela respondeu nervosa com a atenção excessiva do rapaz.

-Oh, Sério?

-Vinícius que tal ir trabalhar e parar de ficar azarando as visitas? Diego indagou com impaciência. -A moça pode ser comprometida.

-Ah não, Vinny! Eu estou solteiríssima agora. Disse Flor de Liz com um amplo sorriso. Somente naquele momento ela havia percebido o quão incomodado Diego estava com a atenção que Vinícius lhes dava e desejou que ele estivesse arrependido de tê-la dispensado tão friamente. -Terminei recentemente um relacionamento com um cara que não vale nada, ou melhor, não é quem eu pensei que fosse.

-Então hoje é meu dia de sorte? Vinícius perguntou animado. -Podemos marcar alguma coisa para depois, que tal?

-Claro vou esperar sua ligação. Ela disse alegre.

-Legal! Vinícius sorriu animado enquanto fechava a porta atrás de si.

-Talvez seja você que não valha muito. Diego falou entredentes. -Você não é mulher para ele.

-É mesmo? Flor o encarou em desafio. -E quem decide é você?

-Vinícius não tem relacionamento com mulheres grávidas. Resmungou.

-Oh jura?

-Você não está pensando em sair com esse cara, não é?

-Por acaso é da sua conta?

-Não..., não é mais...

-Pelo menos concordamos com algo.

-Vai continuar mentindo para mim?

-Mentindo? Flor de Liz sentiu suas emoções aflorando com ferocidade incontida. -É você que me vem falar sobre mentiras? Indagou furiosa. -Você que escondeu de mim que faz parte de um imenso escritório de advocacia? Você que comprou o terreno do lar infantil onde vivi a vida inteira sem me falar nada? Você que nunca me fez conhecer a sua mãe, apesar de vivermos na mesma cidade?

-Falando assim até parece que...

-Não me venha falar sobre mentiras em nosso relacionamento. Ela interrompeu deixando que toda a sua mágoa fosse exposta. - De nós dois, eu sempre fui aquela que é estúpida. Aquela que confiou cegamente em tudo o que você falava. Disse incapaz de parar. -Aquela que nunca sequer cogitou ter nenhum significado para você. Aquela que sempre acreditava em tudo o que você dizia sem pensar em procurar saber se era verdade. Flor estava trêmula de raiva e sentia-se incapaz de acalmar sua fúria. Sentia seu rosto coberto de lágrimas e a dor que sentia era insuportável.

-Flor você está...

-Não se preocupe tudo o que eu queria de você era seu amor, mas até isso era mentira. Concluiu exaltada. -Você só estava me usando para passar o tempo enquanto a mulher aprovada por sua família finalmente te aceitaria. Vai dizer que é mentira?

-Você está entendendo tudo errado. Diego a encarava com expressão chocada.

-Errado Diego? Indagou com um sorrisinho debochado. -Quanta hipocrisia. Flor secou os olhos com as costas das mãos e o encarou desafiadora. -Eu vi nas redes sociais que você está de casamento marcado com uma socialite muito conhecida, Amanda Filgueira. Você vai negar? Indagou com ansiedade. -Por isso, você nunca me apresentou a sua mãe ou a qualquer pessoa de sua família. Quando eu falava em filhos, você desconversava. Continuou sentindo-se derrotada. - Eu sempre fui tão burra, não é? Acreditei em tudo o que você falou sem nada contestar. Suspirou. -Mas, isso não vem ao caso agora.

-Terminou? Ele indagou rígido.

Esperança RoubadaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant