— Acho que devíamos comemorar meu progresso. — Clarke sugeriu no calor da empolgação.

— Não há tempo agora, mas não se preocupe, teremos muito progressos maiores para comemorar.

O sorriso no seu rosto vacila mas ela logo se recupera.

— O que eu posso fazer para te ajudar? — ela pergunta, tirando o jaleco e a máscara que estava pendurada para voltar para o escritório.

— Faça um relatório sobre a sua névoa, seja bem detalhista sobre as quantidades de cada componente, tente sugerir uma forma de vaporizar sem tirar o efeito.

As duas voltam para a sala e Clarke anda em volta procurando seu casaco. Lexa franze a testa ao ver a pele da menina arrepiar, por um momento pensando em oferecer o próprio casaco.

Era estranho dividir a sala com alguém. Dividir ideias e observar e ser observada.

Era ainda mais estranho gostar disso.

*

Clarke estava em sua terceira semana no laboratório e, conforme ia entendendo a dinâmica de trabalho e se habituava ao espaço, começava a sentir vontade de saber mais sobre Lexa. Era uma honra trabalhar perto de alguém que admirava e não conseguia conter a curiosidade para saber como foi a trajetória para que ela chegasse até ali. Tinha tentado convidar ela para beber alguma coisa duas vezes e tudo o que recebeu foi "teremos tempo depois, senhorita Griffin". Clarke precisou reescrever o relatório da névoa ácida duas vezes para alcançar um "esse vai servir". A mulher era obcecada por trabalho e difícil de agradar. Ninguém com tanto dinheiro e apenas 28 anos precisa trabalhar tanto, precisa?

Naquele dia, no entanto, ela parecia até de bom humor, estava sorrindo quando chegou.

— Boa tarde, Griffin.

— Bom tarde, doutora Grigori.

— Pode me chamar de Lexa.

— Não! — Clarke arregalou os olhos, completamente chocada. — Quero dizer, é questão de respeito.

Lexa parecia apenas divertida.

— Como quiser, eu posso te chamar pelo primeiro nome?

— P- pode.

Ela sorriu, um sorriso adorável de criança numa manhã de natal.

— Combinado então, você me chamará de Lexa de volta e ninguém fica sem graça.

Clarke suspira, confusa com a súbita mudança.

— Lexa então.

Ela faz que sim com a cabeça e pegou a pasta de compostos diários e anotações dos outros pesquisadores, o bom humor sumindo do seu rosto quando leu alguma coisa no meio das pastas.

— Não posso acreditar. — ela fala para si mesma e depois pega o telefone — Anya? E ninguém me avisou?... Sim, aqui também... Descansar? Essa palavra não existe no meu vocabulário, Anya... Está bem. — ela desligou e olhou para Clarke como que pedindo ajuda. — Aparentemente, hoje será um dia tranquilo, Clarke. O laboratório não vai funcionar hoje, todos os pesquisadores da equipe da névoa estão se preparando para a pesquisa em campo. — ela largou as pastas e se sentou na cadeira, massageando as têmporas — Oh Deus, eu odeio dias tranquilos. Ficar em casa e descansar é para idosos.

— Hã, nós não somos da equipe da névoa?

— Somos, mas eu não posso ir hoje, só irei na noite. Esqueci de te contar? — ela olhou para a loira com remorso — Sinto muito, minha memória está péssima. Você escolhe se vai ou não.

— É claro que vou.

Ela sorri, como se esperasse aquela resposta.

— Andreia vai te mandar os detalhes depois. Por ora é isso, Clarke, você pode ficar aqui sem nada para fazer ou ficar em casa.

— O que você vai fazer? — Clarke pergunta subitamente.

— Acho que vou pra casa.

— Quer sair para beber?

— Não são nem 14:00 horas ainda, Clarke. — Lexa responde monotonamente, como se o convite não a afetasse de forma alguma.

As bochechas de Clarke ficam vermelhas e ela encara as próprias mãos.

— A noite.

Lexa pisca várias vezes, parecia considerar a ideia.

— Claro. — ela sorri — Ás 19:00?

— Pode ser, sabe o bar do Joe's? — Clarke pergunta animada, não perdia uma oportunidade de sugerir seu bar favorito.

Lexa torceu o nariz perfeito.

— Não faço ideia, me encontra na minha casa, deve saber onde é, certo?

— Certo. — Clarke suspirou, cada resposta da chefe deixava claro que a outra mulher não estava acostumada a interações sociais — Te encontro lá.

*

Clarke aproveitou a tarde livre para dormir um pouco, tentava não transparecer mas estava sempre cansada devido a rotina desgastante.

Quando acordou, separou sua roupa e foi para o banho. Lavou o cabelo e deixou ele solto. Escolheu um jeans mais surrado para retomar seu senso de normalidade, uma camiseta branca e sua jaqueta preta. Fez um delineado nos olhos e colocou um salto. Estava pronta.

Clarke achava que não faria mal se Lexa tivesse explicado sobre seu endereço, mas é claro que ela assumiu que Clarke já sabia. E é verdade, todos sabem do fato inusitado de que a CEO mora em um hotel de luxo. Se ela tivesse explicado, talvez ela tivesse rido um pouco e ajudasse na hora de deixar o clima leve. Agora, parada em frente ao hotel, Clarke estava tensa e sentindo como se tivesse forçado aquela saída.

Lexa estava esperando na recepção e caminhou de encontro ao carro da loira, também estava simples, cabelo solto, jeans, salto e uma blusa de mangas compridas; seus olhos verdes e afiados percorreram a clavícula e o pescoço descobertos de Clarke com pouca sutileza.

— Clarke. — Cumprimentou sem sorriso, mas a voz estava suave.

— Lexa. — a loira devolveu com um sorriso e saiu do carro, dando a volta para abrir a porta do passageiro para a mulher.

— Obrigada.

As duas seguiram em silêncio silêncio até o bar, o único som do carro era a música em volume baixo que tocava na rádio. Clarke tamborilava os dedos no volante ao ritmo da música para parecer relaxada.

Let's fall in love for the night

And forget in the mornin'

Play me a song that you like

You can bet I'll know every line

I'm the boy that your boy hoped that you would avoid

Don't waste your eyes on jealous guys, fuck that noise

I know better than to call you mine 

Quando olhou para o lado, percebeu que Lexa sorria e olhava o tráfego pela janela. A loira se sentiu relaxar imediatamente e sorriu também. 

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu