- Talvez passe mais devagar porque eles aproveitam mais. Talvez estejam tão acostumados com a morte que acabam mais preparados para ela. - Jesminda se virou para ele. - Consegue imaginar isso?

  - Não ouvir seu coração batendo sempre que eu quiser? Não. Nem quero. - Lucien a puxou para cima dele num abraço de urso. - É o som mais bonito do mundo. Nada se compara.

  - Você é tão galanteador - comentou Jesminda, meio esmagada.

  - Só uma das minhas muitas qualidades, amor.

  Ela o escalou para beijá-lo, sorrindo.

  - Perde apenas para esses seus lindos olhos, é claro.

  - Você está querendo me seduzir, Jes? - Lucien botou a mão no peito, chocado.

  - Só estou dizendo a verdade. Amo eles. - Distribuiu beijinhos por todo o seu rosto. - E o seu nariz... Sua boca... Poxa, amo esse sorrisinho de lado.

  - Sabia que dizem que eu tenho um nariz imperial?

  - Você deve ser filho do Helion Quebrador de Feitiços, então, porque o nariz dele é igualzinho o seu.

  Ele os virou de modo que as costas dela estivessem no chão.

  - Então você estaria em minha corte, sob o meu comando, não é? - Bateu com o dedo na boca, pensativo. - Hmmm. Primeira ordem: ponha as mãos para cima e não se mova, amor. - Ela obedeceu, mordendo o lábio inferior com ansiedade. Lucien distribuiu beijos por toda a clavícula e decote dela, e então desceu... Mais e mais baixo.

  🍁

  - Mãe?

  Lucien entrou no quarto de Resilla algumas semanas depois, praticamente flutuando. Havia acabado de encontrar Jesminda no bosque para um piquenique; fora incrível, e eles quase... Bem, chegaram bem perto da última etapa. Precisara de toda a sua força de vontade para parar e lembrar a ela que não podiam arriscar ter um laço de parceria encaixado enquanto não tivessem para onde ir fora dali. Mas o dia em que estariam livres estava quase chegando. Precisavam apenas do aval de Beron.

  Quando voltara para casa, encontrara um bilhete da mãe na escrivaninha pedindo para que ele fosse até ela. Então, ali estava.

  Resilla estava sentada perto da janela, iluminada fracamente pelo sol da tarde. Olhava para o horizonte, como se procurando algo.

  - Mamãe? - Ele chamou mais suavemente. Ela se virou.

  - Minha luz.

  Lucien se aproximou.

  - Está tudo bem?

  - Sim, é claro - sorriu. Os sorrisos de sua mãe eram cansados, contidos, a não ser quando os dois estavam sozinhos. Seu pai fizera aquilo com ela. A diminuía em qualquer oportunidade, de maneiras sucintas ou óbvias. Ela sempre parecia não se importar, como uma espécie de morta-viva.

  Se houvesse uma maneira de Lucien levá-la com eles quando fosse embora, ele levaria.

  Lutaria por isso.

  Ela precisava aprender, como ele vinha aprendendo, que era mais do que aquilo que Beron impunha a ela. Que ainda podia viver bem.

  Silenciosamente, ele sentou na cama e esperou pelo que ela tinha a dizer.

  - Eu sei que você anda fazendo coisas escondido, querido - começou Resilla. Lucien parou, congelando do último fio de cabelo até as pontas dos dedos. - Não se preocupe. Não vou contar a ele. - Pôs uma mão no rosto do filho com carinho. - Você está feliz, não está? Qual o nome dela, querido?

O Conto de Lucien e JesmindaWhere stories live. Discover now