┊ 𝟬𝟬. a explosão nas indústrias oscorp.

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NO VIGÉSIMO PRIMEIRO ANDAR DO GRANDE PRÉDIO, um vento gélido era soprado pelas janelas abertas do laboratório bem iluminado, fazendo com que arrepios subissem pelos corpos das duas únicas pessoas presentes naquele andar da sede das Indústrias Oscorp àquela hora da noite. Sobre uma longa mesa de metal, diversos béqueres de vidro eram depositados, cada qual contendo diferentes líquidos multicoloridos, e o barulho das gotas que caíam da bureta era o único que se podia ouvir naquele momento.

Victoire Bradshaw, uma estudante do último período da faculdade de Engenharia Química, finalizava uma de suas experiências, aproveitando-se do local silencioso e de todos os instrumentos à sua disposição para finalizar o dever de casa pedido pelo professor Miles Warren. Podia se dizer que era uma aluna brilhante, com certeza; após conseguir um estágio nas Indústrias Oscorp, é claro que ninguém iria negar aquele fato. Mas era também ambiciosa, mais do que muitas pessoas considerariam saudável; na outra extremidade da mesa onde os béqueres descansavam, uma pequena bateria era disposta, um projeto já na fase final de sua criação.

━ A mãe não gosta de atrasos ━ resmungou a outra garota presente no laboratório. Essa, por sua vez, se sentava sobre uma banqueta de metal e brincava distraidamente com as pontas dos cabelos, observando enquanto Victoire manuseava uma das máquinas de bobinagem. ━ E eu também não.

Valerie Bradshaw era extremamente parecida com a irmã mais velha; ambas tinham os cabelos loiros caindo pelos ombros, e o mesmo rosto em formato de coração. Os olhos de formato amendoado diferiam nas cores, mas as meninas ainda contavam com os mesmos lábios rosados e arcos do cupido bem definidos. Enquanto Victoire finalizava a faculdade, Valerie ainda preparava-se para o fim de seu Ensino Médio, do qual pretendia se formar com honras para logo iniciar seus estudos na Universidade Empire State.

━ Bom, a mamãe vai gostar de saber que nos atrasamos por conta do meu trabalho ━ respondeu a primogênita, utilizando uma pinça metálica para pegar a bateria da mesa e depositá-la na máquina de bobinagem. ━ E se você tivesse tirado carteira de motorista, não precisaria me esperar. A culpa não é minha se você é uma ameaça para a humanidade quando está dirigindo...

━ Eu sou uma ótima motorista ━ retrucou Valerie. ━ Só tava um pouco acima da velocidade.

━ Você estava dirigindo a cento e oitenta quilômetros por hora numa pista de sessenta ━ falou Victoire, com uma risada, enquanto se afastava da máquina. ━ Quem diria que a Srta. Certinha se interessava por corridas de carro no maior estilo Velozes e Furiosos, hein?

Ainda que tivesse revirado os olhos, Valerie soltou uma risada, junto da irmã. Quando se silenciaram novamente, o zumbido da grande máquina ligada no canto do laboratório se fez ouvir novamente, sob os olhos pacientes de Victoire, que descansava as costas contra uma das paredes brancas, o jaleco em seu corpo o camuflando em meio à tintura. Entediada, a menina mais nova esticou uma das mãos em direção a um balão volumétrico, com um líquido verde brilhante em seu interior.

━ Nem pense nisso ━ mandou Victoire, antes que Valerie pudesse envolver os dedos em torno do objeto. ━ Não quero correr o risco de você derrubar nada!

Com um longo suspiro cansado, Valerie apoiou um dos cotovelos sobre a mesa de metal, emitindo um gritinho ao sentir o encontro da superfície gelada e sua pele. Limpando a garganta, ela olhou para a irmã enquanto descansava o queixo na mão, observando-a curiosa.

━ Adianta alguma coisa eu perguntar o que você está fazendo que demora tanto? ━ indagou, e tão logo a mais velha abriu a boca para a responder, voltou a falar: ━ Fale na minha língua, por favor!

Com um sorriso, Victoire ajeitou a postura, descruzando os braços enquanto iniciava a explicação de seu mais novo projeto, que consistia em uma bateria de íons de lítio, considerada amigável e de alta durabilidade. Naquele momento, o protótipo da bateria estava em suas fases finais, com as lâminas de lítio sendo aderidas a rolos de filmes de propileno para criar a célula da bateria. Valerie não entendia bem metade das palavras ditas pela irmã, mas ela falava com tanto entusiasmo que a mais nova fez o possível para parecer entretida com o assunto.

ELECTRIC LOVE | peter parker.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora