Boatos de que aquele lugar vendia até álcool e drogas para menores!

Aquilo fora o suficiente para que a mente perturbada de Sinuhe Cabello Estrabao começasse a formular várias teorias. O que Camila estava fazendo naquele lugar cheio de marginais e garotas depravadas? Com quem ela foi?

Seu sangue começou a ferver e, tomada pela raiva, amassou o pequeno papel com força, fazendo com que os nós de seus dedos ficassem brancos pela falta de fluxo sanguíneo.

Eu vou dar um berro. Posso sentir isso, ela pensou.

E podia de fato; algo vinha rugindo de dentro dela, uma espécie de cólera misturada com nojo, fazendo com que mordesse sua própria língua. A realidade oscilava.

Adentrando na lavanderia cantarolando uma música de seu país natal, Rosa não percebeu a presença de sua patroa.

– "Tire suas mãos de mim, Eu não pertenço a você, Não é me dominando assim, Que você vai me entender, Eu posso estar sozinho, Mas eu sei muito bem aonde esto..." Oh, dona Sinuhe! Mil perdões, eu não sabia que a senhora estava aqui! – Rosa disse envergonha ao adentrar a lavanderia com um pequeno cesto de roupa suja, parando imediatamente de cantar.

A matriarca cubana tentou se controlar naqueles dois ou três segundos, lutando implacavelmente consigo mesma, como sempre fizera nos momentos de fúria e desorientação. E venceu. O pensamento que mais pesou no prato da balança foi que Rosa não devia vê-la naquele estado e muito menos saber porquê estava assim. Jamais deixaria que qualquer coisa negativa que envolvesse sua família virasse motivo de fofocas, lutou muito para que a imagem dos Cabello fosse a mais imaculável possível.

Não. Camila não lhe faria passar por isso.

Escondendo o guardanapo no próprio bolso, Sinu recobrou a compostura antes de virar-se, dando um sorriso amarelo para a empregada parada no meio da porta.

– Está tudo bem, Rosa. Não foi nada demais.

A língua sangrava pela mordida brusca, involuntária, que há pouco tinha dado. A mente rodopiava. Ela se perguntou se em algum lugar lá no fundo, longe de seu comportamento aparente, não estaria sempre a um passo das mais absurdas irracionalidades. E se não era isso que acontecia com todo mundo.

– Mais uma vez, sinto muito, eu apenas vim lavar a roupa suja. Com licença. – a mulher pediu de cabeça baixa, recolhendo as roupas que estavam em cima da máquina e abrindo a tampa da mesma, jogando-as dentro, junto com as que estavam dentro do cesto que carregava consigo.

Ainda sem sair da frente da máquina de lavar, a mente de Sinu se voltava ao guardanapo, se perguntando há quanto tempo Camila vinha escondendo isso dela e o que mais ela escondia.

– Oh! Já ia me esquecendo, infelizmente eu não consegui remover a mancha vermelha na gola do senhor Alejandro... – a brasileira admitiu em voz baixa, com cautela, sentindo vergonha. – Esfreguei várias vezes e não saiu completamente.

Sem problema, Rosa. – a matriarca respondeu, quase inconsciente do que estava dizendo. – Essas coisas acontecem.

Saindo da área de lavanderia ainda meio entorpecida, Sinuhe decidiu investigar aquilo à fundo para descobrir o que sua amada filha estava aprontando.

Durante os próximos dias que se seguiram, ela se empenhou em descobrir o que estava acontecendo debaixo de seu teto, se tornando uma verdadeira detetive. Sem se importar se estava invadindo o espaço pessoal de Camila, se estava sendo tóxica, se estava transpassando qualquer limite de uma relação mãe-filha, ela vasculhou cada canto da casa, procurando por pistas que pudessem lhe dar as respostas.

Over The DuskOnde histórias criam vida. Descubra agora