carta número um

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Marinette analisava o pequeno caderninho surrado que estava a sua frente. Ele era encapado com uma espécie de tecido fino de cor verde-musgo, com alguns desenhos pequenos em detalhes azuis e um elástico vermelho, que impedia algumas folhas - que já estavam quase saindo - de caíssem de vez.

A garota procurava algum tipo de identificação para que pudesse entregar o mais rápido possível para seu dono, imaginando o valor sentimental que aquilo devia possuir.

- Marinette, você já revirou isso mais de quinze vezes! Não tem nada que possa ser útil na capa! - uma doce e fina voz ecoou no quarto escuro, iluminado apenas por uma luminária de luz amarelada.

- Eu sei, Tikki, mas o que eu devo fazer?

- Abre e tente achar algo mais útil, deve ter alguma informação aí dentro.

- Nananinanão! - A garota finalmente largou o caderninho, cruzou os braços e olhou para o bloco em cima da mesa. - Isso deve ser algo extremamente pessoal, Tikki! Não posso invadir a privacidade de ninguém assim!

- Bom, então vai ficar com isso pra sempre. - O kwami se aproximou do rosto da portadora do miraculous da joaninha e passou a mão minúscula no rosto da mesma. - É o certo a se fazer, Marinette!

A azulada relutou por alguns segundos, mas logo se atreveu a pegar o pequeno caderno novamente. Retirou com cuidado o elástico vermelho, fazendo com que algumas folhas caíssem na mesa.

Marinette olhou para o interior do caderno a procura de alguma pista, mas só havia mais desenhos e alguns rabiscos aleatórios.

- Essa pessoa realmente não contava em perder esse bloco de notas.... - Comentou Tikki, baixinho. - Acho que você precisa ler as folhas.

Marinette confirmou com a cabeça, pegando as folhas e organizando-as.

- Tem números no topo das páginas, como se fosse uma ordem. - A garota pensou alto, reorganizando as páginas em órdem numérica.

- Número um... espero que a informação que precisamos achar esteja aqui. - E então começou a leitura.

São três da manhã, querida, e eu só consigo pensar nos seus olhos. O azul do seu olhar é tão puro e bonito quanto as asas daquela borboleta que vimos no parque no nosso primeiro encontro. Ela voou entre nós, se lembra? Eu aposto que não, anjo, você nunca reparava nos pequenos detalhes.

Mas seu olhar também consegue ser tão profundo e misterioso quanto o mar, e é assustador ver que você pode ir de um extremo ao outro em questão de segundos. Lembra daquela vez que estávamos no cinema e escutamos um barulho estranho? Seus olhos eram de intimidação pura, mas ao ver que era só um balde de pipoca que havia caído seus olhos voltaram a transbordar pureza e doçura. Aposto que também não reparou que naquele dia eu só conseguia olhar pra você o filme inteiro, mesmo com o meu filme favorito passando na tela.

Mas há algo que você sempre reparava, querida.

Ele.

Todo o seu foco e atenção estavam nele quando vocês estavam próximos, você nunca soube disfarçar isso.

E eu via como seus olhos brilhavam como duas grandes safiras quando vocês estavam juntos, Do jeito que nunca brilharam pra mim.

Mas sabe de uma coisa? Eu não ligava pra isso. Sua presença me embriagava de um jeito surreal, de um jeito que me cegava e me impedia de entender o quanto aquilo nos fazia mal e o quanto você não seria feliz ao meu lado.

Mas agora que você está muito longe de mim eu posso ver o quanto você é muito mais feliz com ele e o quanto vocês são bonitos juntos.

E sabe de uma outra coisa, meu amor? No dia que terminamos eu disse que eu só queria te ver feliz, mas nunca achei que doeria tanto ver você feliz com ele. Corta cada pedaço do meu ser ver que os seus olhos cintilam três vezes mais agora que você está com ele e que eu nunca fui o motivo desse brilho todo, e eu não estou pronto pra ver mais uma vez toda sua atenção voltada pra ele.

E é por isso que não nos vemos há um mês.

Marinette levantou os olhos e olhou pra sua pequena kwami, que a fitava com um olhar curioso.

- E então? Algo útil?

- Nada, mas essa pessoa realmente precisa de um abraço. - Concluiu, indo para a segunda carta, na esperança de ter sucesso na sua busca dessa vez.

Três Da Manhã ||Short Fic LUKANETTE||Where stories live. Discover now