𝕿𝖔𝖝𝖎𝖈 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 ~ 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞

26• Draco Malfoy // 1

"You were playing with my heart
Tell me, why am I emotional
When I knew it from the start?
And tell me, why does my heart burn
when I see you face?

∆∆∆

Meus ossos e cartilagens se estremeceram e vibraram; a gravidade hora era zero, hora era pesada demais; o céu tornou-se algo envolto em nuvens negras e carregadas, como se as trevas do inferno estivessem abraçando sentidos alheios e básicos de sobrevivência. 

Libertei a visão no instante em que o salto da bota se chocou no cimento, emitindo um plot contra a superfície. Firmei bem os joelhos para que não dobrassem; a fumaça da aparatação que realizei se foi.

A noite está próxima, e cheguei com ela.

Aquela Mansão e seus andares escuros se encontram logo ali; metros, centímetros, milímetros... Só preciso ter coragem para atravessar os muros  verdes e altos, adornados por plantas vivas, e o portão de grade acinzentada... Depois disto, eu estarei praticamente lá, metida em meio á cobras e assassinos.

Não que Olivia Riddle seja alguma coisa extremamente distante de 'cobras e assassinos'.

Removi a adaga da cintura; girando e brincando com o objeto entre os dedos. O cabo de pedra da lua parecia moldado a partir de pó estrelado, em compensação, a lâmina se igualava a armas forjadas de prata pura. Provavelmente, tenha me apegado a isso.

Por milagre, meus pés não falharam uma vez sequer enquanto caminhava até a entrada da residência; os fios de cabelo varriam o rosto, fazendo cócegas, e nem importei.

Não sei exatamente em que momento meu ombro deixou de ser um incômodo; e de qualquer forma, não faz diferença, porque as dores psicológicas e os demônios que não consigo abafar fazem o trabalho dobrado.

Fuja. Corra para a floresta! Dê meia volta, garota! Vai morrer aí!

Você sabe que quer morrer, Olivia. Diz que quer morrer lutando por aqueles que ama... Mas não engane-se; no fundo só quer a adrenalina mortal.

Minha mente instável não estava elaborando muitas perguntas internas. Tenho a resposta para todos estes argumentos; e estão certos, ambos.

A faca que manuseio está cortando o ar, reproduzindo um ruído quase inaudível quando troco as posições do indicador para o polegar. Isso é relaxante, até.

Estaquei repentinamente no segundo em que as grades de metal quase tocaram a pontinha de meu nariz. O portão é trabalhado em detalhes bordados no próprio material, como rosas e espinhos. Alto demais para escalar, e apavorante ao extremo quando visto de baixo, pois parece encostar e rasgar as nuvens azuis escuras.

Dois trovões explodiram juntos ao longe, borrando a atmosfera de branco e dourado... Uma pressão estranha formou-se nos meus ouvidos; o coração ridiculamente disparou; mãos suaram...

Sem pensar muito, agarrei as barras geladas; os dedos receberam uma descarga elétrica diferente de algo natural... Mágico. Óbvio que seria mágico.

Não vai permitir que ninguém de fora entre, e talvez que ninguém de dentro saía. Precisa de uma confirmação... Uma mísera confirmação que não tenho. Uma permissão.