CAPÍTULO VIII

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BOA LEITURA ❤️

Olho para aquela mulher em minha frente, e me sinto tão culpada! Ela não deveria estar sofrendo tanto, e ainda mais por mim.

Meggie ainda segura meu braço, sinto suas mãos tremendo. As lágrimas que ela tanto segurava deslizando por suas bochechas rosadas.

Não chore minha menina, não por mim. Não vale a pena!

-- Por quê?

Me pergunta com a voz embargada pelo choro. Minha cabeça gira, em meu peito se  abre um buraco enorme. A culpa me atinge com força.

Culpa por fazer minha amiga sofrer, por deixar Carlos me fazer de boneca sexual, culpa por deixar ele se deitar com minha mãe, e iludi-la.

-- Por que se afastou de mim? Por que finge que eu não existo? Por que me iguinora, e sofre calada?

A enxurrada de perguntas me atinge como um tsunami. Me destruindo, me causando uma dor que não consigo explicar, me afogando em angústia.

Oh meu Deus! O que eu faço?

Não tenho resposta para as suas perguntas. Minha vista borra com as minhas lágrimas, minha boca abre e fecha muitas vezes. Como um peixinho dourado.

-- Vamos valente! Me fale, por que me afasta tanto?

Minha garganta se fecha quando escuto meu apelido, me engasgo com soluços. A voz de Meg está tão dolorida, que é difícil de escutar. Fale logo Elisabeth, acabe com essa tortura.

Sinto que estou no meu limite, não aguento mais isso! Minhas mãos, soltas ao lado do meu corpo, começam a formigar.

Abro a boca, disposta a falar tudo o que me aflinge, o que eu sofro, disposta a falar aquele segredo que esta me matando aos poucos por dentro, que está tirando minha vontade de viver.

Vai mesmo arriscar a vida da sua amiga princesa?

Travo no lugar. A voz de Carlos me calando mais uma vez. Eu não posso! Não posso falar, ele vai machucar ela, Will. Ele pode matar a minha mãe, me deixar sozinha, me fazer carregar a culpa. Eu não posso ser egoísta assim!

-- Não podemos mais ser amigas Meggie!

Apesar do choro constante minha voz sai mais dura, e séria do que eu queria. Meg solta meu braço como se tivesse levado um tapa, ela dá um, dois, três passos cambaleantes para trás.

Seu rosto se contorce em dor, ela chora feito uma criança, que se perdeu da mãe em um shopping. Meu corpo está tremendo, minha cabeça começa a dar pontadas.

Seus olhos, que antes estavam tão brilhantes, e felizes, se voltam para mim, parecem tão perdidos, demonstram uma dor profunda.

Um medo surreal começa a tomar conta de mim, meu peito começa a se apertar, coloco a mão sobre ele, com o intuito de fazer essa dor passar. Os barulhos dos carros começam a ficar altos demais, minha respiração acelera, sinto meu peito subindo e descendo rápido demais. De novo não!

Olho para Meg, da sua boca sem palavras, não consigo ouvir, não consigo focar no rosto dela. Era como se a cidade estivesse diminuindo de tamanho, sinto minhas pernas ficando dormentes, procuro algo para me apoiar, não acho nada.

Minha boca está seca demais, os barulhos altos demais, minha vista está turva. Estou ficando sem ar, meu peito começa a doer, tento puxar o ar, não consigo.

Alguém segura meu braço, não sei quem é. O medo volta com tudo. Não me toca. Quero gritar, minha voz não sai, tudo está ficando escuro.

--Elisabeth?

Alguém chama meu nome. Não sei quem é. Não sei onde ela esta, tudo está turvo demais.

--Vamos Elisabeth, foca na minha voz!

Tento me concentrar em quem fala comigo, tento esquecer meus pensamentos tempestuosos.

--Meu nome é Thomas, eu tenho 28 anos e você, quantos anos tem?

Thomas, é um lindo nome. A voz dele é grossa, suave, com um toque de rouquidão que aquece os ouvidos.

Sinto minha respiração voltando ao normal, minha visão já não está tão escura, vejo algumas sombras embaçadas.
Minhas mãos já não formigam tanto, mas, minhas pernas ainda estão tremendo.

-- E-eu tenho...

Quantos anos eu tenho? Foco nas minhas memórias, relembro meus aniversários.

"Vamos querida, sopre as velinhas!"

Na minha frente um bolo rosa, com pérolas. Uma velinha com o número cinco, esta brilhando em cima do bolo.

"Não esqueça de fazer um pedido estrelinha"

-- Eu tenho 22 anos.

Minha respiração está calma, entra pelo nariz, solta pela boca. Meu coração está batendo calmamente. Olho para a frente.

Estou sentada no chão, não sei que horas eu me sentei, olho minhas mãos, tremem um pouco. Me sinto perdida. Tento me levantar, fico tonta. Mãos fortes me impulsionam para baixo.

-- Não se levante ainda, você sofreu um ataque de ansiedade forte.

Puxo meus joelhos para meu peito, em minha cabeça meus pensamentos estão desorganizados, confusos.

Levanto minha cabeça, vejo dois pares de olhos conhecidos me olhando, parecem preocupados. Outro par, não tão conhecido assim, também me olha. Alguns curiosos, passam olhado, e até para,  procurando saber o que está acontecendo.

Todos acabam de me ver tendo mais uma das minhas crises, abaixo a cabeça, apoiando-a nos joelhos, me sinto extremamente envergonhada.

-- Liz? Você está bem?

Meggie me pergunta baixinho, sua voz expressa a preocupação que estavam estampada nos seus olhos.

-- Humrun...

Sinto braços me rodeando, o cheiro do perfume de Will me ronda.

-- Como você está se sentindo docinho?

Não sei o que responder, não aguento mais ficar mentindo o tempo inteiro para as pessoas que amo.

Me levanto, evitando todos aqueles olhos que me encaram. Olho ao redor, e vejo minha mochila jogada, a pego. Coloco nas costas de novo e saio dali.

Preciso ficar sozinha!

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      🛑RECADO IMPORTANTÍSSIMO!🛑
   
    Se você já sofreu, ou sofre algum tipo de violência, seja ela física e/ou sexual, ou sofre tortura psicológica. NÃO SE CALE, DENUNCIE!
   
    Seja ela (Violência) dentro de casa ou não. E não importa se foi/é seu pai, seu avô, seu tio, amigo, ou até mesmo sua mãe. DENUNCIE!!!
   
   Você não está sozinho nessa! Precisa de ajuda? Ligue para as autoridades.

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Beijos jujubas, e até o próximo capítulo!❤️💥

O silêncio de Elisabeth (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora