66. DULCE MARIA 43

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Respirei fundo encarando o teto branco do meu quarto enquanto estava deitada e jogada na cama. Minha cabeça doía muito, dava pontadas como se estivesse alguém batendo com algum objeto pesado, meus olhos e meu rosto estavam inchados e completamente vermelhos pelo excesso de choro.

Passei o sábado todo quase dessa mesma maneira, deitada, ouvindo músicas tristes e chorando desde a hora que levantei e fui direto para o banheiro vomitar. Não consegui comer nada, hoje eu sequer tentei, não sentia fome alguma, então me aproveitei do sábado em que eu não precisava trabalhar e aproveitei para curtir o dia na fossa, o único caminho que eu fiz foi entre o quarto e o banheiro.

A conversa que tive semana passada com Anahí, me deu um choque enorme de realidade. Nada estava dando certo ultimamente. Primeiro a briga com minha mãe, assim que ela descobriu que Chris perdeu a herança, depois com Christopher, quando ele resolveu propor um relacionamento sério e eu não me senti preparada, até descobrir que foi Maite quem nos entregou e, para completar, minha amizade com Anahí e Poncho também estava abalada.

Anahí e Christian mal falavam comigo, de vez em quando, mandavam mensagem perguntando se eu estava bem e precisando de algo, mas assim que eu dizia que estava indo e não precisava de nada, eles não respondiam mais. Poncho tomou suas dores, me trata melhor, mas eu sentia que no fundo as coisas não estavam bem, não estavam como antes.

Era difícil vê-los dessa forma comigo, se fossem outros tempos, eu ainda teria Maite, mas eu não queria mais olhar na cara dela, não consegui engolir o que ela fez e só não voltei na casa dela porque Poncho me alertou que fazer isso complicaria meu processo contra ela.

Eu nunca me senti tão só e tão mal em toda a minha vida. Um sentimento horrível de solidão estava dominando tudo nos últimos dias. Trabalhar durante a semana na loja e ter que sorrir para todos os clientes, estava sendo quase uma tortura, era demais para mim. Eu contava os segundos para poder fechá-la, subir e poder ficar deitada em baixo das minhas cobertas quentinhas, embora estivesse um calor de mais de trinta graus lá fora. Eu achava que o tempo passava melhor quando eu estava dormindo, pois quando eu estava acordada, era dominada pelo vazio e minha cabeça não conseguia parar de pensar.

Anahí disse que eu precisava ficar sozinha e fazer isso, isso era o que eu mais estava fazendo ultimamente, pensando. Eu já refleti sobre tudo, tudo mesmo, e é esse o motivo de eu estar tão mal hoje. Passei tanto tempo pensando que finalmente cheguei a uma conclusão. Era o que eu realmente queria, talvez o que eu sempre quis.

Depois de entender isso, chorei ainda mais. Chorei por ter sido estúpida, comigo e com ele, por ter demorado e por ter deixado escapar tudo por meus dedos. Eu queria consertar tudo o mais rápido possível, mas eu não fazia ideia de como.

Na verdade, eu sabia sim, essa era a minha maior ansiedade e o meu maior medo agora.

Eu precisava falar com Christopher, eu queria falar com ele, tinha essa necessidade. Eu sentia falta dele, queria ele ao meu lado, contando piadas ruins, sendo folgado, me soltando cantadas baratas, bagunçando minha cozinha, fazendo jantares com purê de batata queimado, ouvindo músicas da nossa adolescência. Eu o queria ao meu lado, só sua presença já me bastava, fazia até o sexo maravilhoso ser insignificante.

Eu queria contar isso a ele, que me entendi, que tenho certeza do que sinto agora e que sei que ao lado dele, eu não estaria presa, pelo o contrário, estaria livre e feliz, vivendo a vida que eu queria viver, fazendo dele um homem realizado também.

Peguei meu telefone e liguei para Anahí rezando para que ela atendesse, mas isso não aconteceu, a ligação caia na caixa postal, as vezes direto, era sábado à noite, não iria julgá-la, devia estar ocupada.

Me levantei e fui correndo para o chuveiro, me enfiei em baixo da água quente, deixando todos os problemas, preocupações e angústias irem pelo ralo. 

Saí, vestindo um pijama de seda rosa, um dos mais confortáveis que eu tinha pra dormir, e sequei os cabelos rapidamente com o secador para não ficarem molhados.

Aquela noite, eu consegui dormir bem. Dormi feito um neném, com um sorriso enorme no rosto de satisfação comigo mesma e com as atitudes que eu decidi tomar.

Eu não consegui falar com Anahí no domingo, então não consegui pedir a ela que Christopher me desbloqueasse, também não ia conseguir descobrir o endereço da casa dele, mas pelo Google consegui localizar o edifício do escritório da sua empresa. O domingo tirei para descansar a mente e o corpo, cuidei de mim como não fazia há dias, me alimentei bem, tinha fome dessa vez, muita fome aliás e decidi ir ao encontro dele no dia seguinte.

Ainda faltava alguns meses para que eu pudesse estar livre das condições do testamento de Heitor e pudesse sair da cidade, mas eu não me importava com isso, ainda mais agora. Não queria saber do dinheiro, não era nada perto de Christopher, não pagava a angústia dos últimos dias e não pagaria os dias daqui para frente se eu não o tivesse ao meu lado. Heitor não mandaria em mim, no meu dinheiro, no meu futuro e no meu amor.

Respirei fundo indo dormir mais uma vez, pensando no dia seguinte. Amanhã.

Amanhã eu diria Christopher que eu também o amo.


Oi meus amores, ultima semana e últimos capítulos de RNU, preparados?

O que Dulce vai aprontar? Socorro!

Hoje foi um dia especial para uma amiga muito especial para mim aqui, então dedico mais esse capítulo para ela, você é uma guerreira, te amo,  MENOS UM bruucker

REGRA NÚMERO UMWhere stories live. Discover now