45. DULCE MARIA 32

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— Não acredito que estamos indo até o Pico.

— Pois acredite — ele riu.

— Christopher — me virei para ele — Isso é perigoso. E se tiver alguém lá? Se alguém ver algo, você está ferrado, sabe disso.

— Sei, mas não vai ter ninguém, eu espero...

— Não pode contar com a sorte em uma situação dessas.

— Quero ir até lá, se tiver alguém, voltamos e vamos para a minha casa, pode ser?

— Pode, mas tenho quase certeza que será uma viagem perdida — voltei a me virar para frente e respirei fundo com o sentimento de adrenalina que invadia o meu corpo.

Christopher estava louco de querer ir até lá. Da última vez em que fomos juntos, não deu nem um pouco certo, fomos surpreendidos por Heitor e a fofoca sobre o que fizemos aumentou e se espalhou pela cidade inteira. Se foi assim naquela época, imagine como poderia ser agora com tantos olhares em cima de um passo em falso dele. Eu acabei de dizer isso a ele e, simplesmente, fui ignorada. Christopher precisava de um pouco de juízo.

Quando entramos na estrada que levava até a parte de cima da montanha, senti meu coração disparar, o caminho estava completamente escuro e era iluminado apenas pela lanterna do carro.

Olhei para Christopher com o canto do olho, ele estava prestando atenção no caminho e tinha no rosto um sorriso enorme.

Assim que ele estacionou o carro na parte mais plana, fui invadida por um sentimento estranho, não sabia dizer se era o nervoso ou ansiedade por algo que eu não sabia que estava por vir. A raiva que eu sentia por ele desde ontem desapareceu e restava apenas algumas borboletas na barriga.

Ficamos em silêncio durante alguns minutos sem coragem alguma de falarmos, de sairmos do carro e até mesmo de nos olharmos, fiquei esse tempo encarando a vista à minha frente.

— Viu, disse para você que não teria ninguém.

— Da última vez também não tinha e não sei como, mas as fofocas se espalharam do mesmo jeito.

— Fica tranquila, Dul, não vai acontecer nada — ele segurou em minha mão — As pessoas costumam vir aqui para ver o sol se pôr, agora já estamos no meio da madrugada.

Descemos do carro e Christopher abriu a porta de trás para pegar as bebidas que trouxe. Eu fui para a parte da frente do carro, me encostando no capô e isso me fez rir pela tamanha coincidência com o passado. Ele pegou duas long necks, abriu e estendeu uma para mim, que peguei de sua mão e dei um longo gole.

— Quando aprendeu a tomar cerveja?

— No momento em que comecei a trabalhar e saia escondido para beber com Maite.

— Uau, não acredito que Dulce Maria fez isso — ele disse debochado levando a mão no peito como se estivesse surpreso — Achei que a coisa mais radical que tinha feito, foi pintar o cabelo de vermelho.

— Idiota — revirei os olhos — Por que é assim, Christopher? — perguntei sem encará-lo.

— Assim como?

— Tão folgado, tão desinibido, sem medo de nada...

— Já te disse que você tem algumas ideias meio erradas sobre mim, Dulce.

— E no que eu errei?

— A parte do medo — ele riu — A parte do folgado talvez você tenha acertado.

— E do que tem medo?

— Muita coisa — ele respirou fundo — Tenho medo de não ser o suficiente, de não ser a pessoa que quero ser, de perder as pessoas que eu amo — ele desabafou pegou na minha mão.

REGRA NÚMERO UMWhere stories live. Discover now