Capítulo 19. Escarificações

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Eles a avisaram, não vá até lá,
Há criaturas que estão se escondendo no escuro;
Mas ela foi, e então algo veio rastejando;
A criatura disse a ela 'não se preocupe, apenas siga-me em todos os lugares que eu for;
Sob o topo de todas as montanhas ou vale abaixo;
Vou te dar tudo o que você sonhou,
Apenas me deixe entrar.

Lily - Alan Walker


Eu acordei com meus sentidos um pouco aturdidos, meus olhos doíam um pouco quando eu os esfregava e sentava ao mesmo tempo.

— Você acordou finalmente. — Me assustei com a voz rouca de Aiden. O homem estava sentado na cadeira da penteadeira ao meu lado me observando. — Sua febre demorou baixar, tive que chamar um médico para cuidar de você.

Eu não estava escutando o que Aiden estava dizendo, porque o que mais me deixou perturbada, foi o fato de não haver absolutamente nada em meu pulso. 

Com o braço levantado sob meus olhos, mesmo com minha memória cortada, eu  lembrava perfeitamente de Eris ter fechado aquela maldita pulseira em minha mão, me lembrava dele ter ameaçado de explodir meu corpo.

Mas que diabos…?

— Amélia? — Aiden sussurrou, tomando minha mão nas suas enluvadas de preto, fazendo uma careta de dor quando meus dedos encostaram em seu pulso direito. Ele estava formando uma ruga entre as sobrancelhas. — Você ainda não se sente bem? 

— Ah… — Olhei para os lados e umedeci os lábios, sentindo uma extrema sede. — Eu quero água.

Aiden sorriu minimamente e se levantou da cadeira, tocando uma bandeja que eu não havia visto antes e enchendo um copo de água de uma jarra de vidro.

— É bom que se hidrate. — Disse se sentando na cadeira ao meu lado. — Como se sente?

Virei meu rosto para ele e suspirei segurando o copo meio cheio entre os dedos, dando longos goles do líquido.

— Eu estou um pouco... mole. — Aiden pegou o copo de minhas mãos e colocou sobre a penteadeira. 

— O que realmente aconteceu? — Suspirei. — Você me trouxe até aqui? 

Aiden, com a expressão séria demais, estudou meu rosto por vários minutos antes de sorrir sem mostrar os dentes e me responder.

— Você bebeu demais no jantar. — Falou. — Acho que passou mal e alucinou um pouco. Felizmente os empregados viram e cuidaram para que você não acordasse de supetão enquanto andava ou não caísse. Porém quando entrou na cozinha, tive de segurar você antes que se machucasse com os cacos de vidro que derrubou.

Ah, sim… eu estava me lembrando.
Porém em minha mente tudo aconteceu completamente diferente do que ele me contava.

Eu me lembrava de Eris, completamente assombroso como um morcego entrando em meu quarto pela janela, mexeu em minha bolsa, pediu meu perfume, colocou meus anéis nos dedos e depois roubou meu corset. Ele se aproximou para sussurrar algo em meu ouvido que eu não conseguia me lembrar e fechou a pulseira-bomba em meu pulso.

Antes de ir embora, me deu um papel e uma flor dentro da resina em forma de esfera, me intimou a entregar aquilo para Ravena. Foi então que eu vi as letras na porta dos quartos de baixo.

— Por que a porta do meu quarto possui a letra B? — Murmurei me virando para olhar Aiden. Seu rosto estava mais claro do que antes, haviam olheiras debaixo de seus olhos azuis quase cobertos pelos cabelos pretos desalinhados. — Eu me lembro de ver as portas dos quartos como números, mas apenas o meu possui uma letra. Por que? 

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Where stories live. Discover now