Eles queriam que ele se casasse cedo e procriasse como um coelho, então bem, a primeira parte já estava decidida com quem aconteceria.

Seu desprezo pela fraqueza nata dos outros ômegas que conhecia com certeza ajudou em seu desinteresse sobre eles. Mas isso não seria um problema, certo? Já tinha encontrado uma aberração da natureza para compensar esse detalhe.

A estrangeira fazia com que se sentisse uma pessoa melhor, o fazia acreditar deveria dividir a grandeza que nasceu para possuir. Que nunca estaria sozinho com sua companheira de crime maravilhosa.

Até hoje Satoru não julgava sua reação à isso como precipitada. Ela se apresentou como ômega aos quinze anos e ele a reivindicou. Pronto. Primeiro problema resolvido.

Ainda se lembrava que saiu do quarto em que havia passado aquele cio com o orgulho que ainda não lhe era característico. Com a sensação de que havia feito a coisa mais certa do mundo.

A confusão que aconteceu depois foi apagada de sua mente quase que completamente. Seus guardiões ficaram horrorizados, queriam romper o vínculo, apagar a marca, tirar a ômega dele.

Ninguém tinha o direito de questionar a sua escolha, não quanto a ela.

Então sua decisão foi a melhor que pode calcular. Gojo escolheu fugir com a amiga e abandonar aquelas expectativas idiotas. Decidiu recomeçar. Eles eram incríveis, não poderia ser tão difícil.

O problema é que foi. O plano não passou da teoria e quando se deu conta já havia falhado em proteger quem mais contava com ele.

A marca foi destruída e aquilo que os unia se desfez.

Foi a pior dor que sentiu em toda a sua vida, como se parte de sua alma fosse arrancada para nunca mais voltar. Ele não a viu outra vez depois disso.

Agora, mais de dez anos depois, essa recordação parecia mais um pesadelo distorcido do que de fato uma memória. Nem conseguia se lembrar do rosto da garota que considerava tanto, mas a verdade é que atualmente quase não pensava nisso.

Em sua adolescência e início da vida adulta, quando abdicou do clã desgraçado, ainda havia um anseio constante de olhar cada nova esquina, cada ômega com o cheiro levemente parecido e prestar atenção em cada nova notificação de interesse por parte de alguém com características físicas semelhantes. Esse torpor de reencontra-la era tão constante quanto respirar, porque ela certamente também estava o procurando, não é?

Agora ele entendia que não e estava muito bem com isso. Pelo amor de Deus, Satoru nem sabia se ômegas sobrevivem ao rompimento do vínculo.

Não era importante. Não mais.

O que trouxe essas memórias de volta nem era algo tão relevante assim, apenas uma nova conquista sexual. Não sua, mas de Geto.

Ele saiu para passar o próprio cio com alguém que com certeza não se lembraria de quem era uma semana depois, mas voltou tão destruído que por um momento brotou-lhe a desconfiança que sua companhia usou a pouco usual forma de lobo nos últimos dias e não a estabilidade humanoide que haviam se acostumado nesse fruto distorcido da evolução humana.

- Eu achei que você evitasse se envolver com alfas no calor. - Seu comentário veio facilmente, transbordando tanta ironia que chegava a ser irritante.

Suguru olhou para o seu corpo estirado no grande sofá, porém não se moveu da porta de entrada, onde havia se apoiado. Ele parecia estupidamente satisfeito e atordoado.

- Lembra de quando o Toji chegou com uma cara de satisfação apaixonada depois de tirar uma licença para o calor? - Ele falou depressa, como se estivesse se afogando com a nova experiência.

Jujutsu Kaisen - InadequadaWhere stories live. Discover now