Parte II - Dezembro

Depuis le début
                                    

Eu não queria dar uma de homem das cavernas, mas a vontade que eu tinha era de soltar um rosnado, puxar aquele adolescente filho da puta pelo pescoço e lascar um beijo na boca vermelha da Pimentinha na frente de todo mundo.

Que grande estrago seria.

— Então vou te deixar em paz, professor. — disse Manuella, jogando os cabelos loiros para trás — Aproveite a festa um pouquinho. Dance com alguém...

Com essa frase no ar, pedindo uma continuação, Manuella saiu escoltada por uma porção de amigas que complementavam a sua beleza. Uma morena, uma asiática e uma negra. Sim, ela sabia andar muito bem acompanhada. Elas eram tão diferentes uma da outra — ainda que todas inacreditavelmente lindas —, que um homem teria que olhar para uma delas e escolher logo de cara. Era um simples jogo psicológico: “Quem você quer? A loira, a morena, a asiática ou a negra? Escolha logo, querido, nós não vamos ficar muito tempo”.

Soltei um suspiro, lembrando-me da minha própria adolescência, das coisas que já aprontei, e voltei a minha atenção para Noemí... Jesus, ela era um pecado em forma de uma garota de dezessete anos. O vestido que usava acentuava todas as curvas que eu já conhecia. As costas estavam parcialmente nuas, apenas uma ilusão de ótica sob um tecido transparente, o corte do tecido ia até o seu quadril e eu me lembro da guerra que travei com ela com o fato de estar totalmente sem calcinha e sutiã. Deus que me perdoe, mas eu mataria um adolescente que tentasse tirar proveito dela. Apesar de estar muito mais reservada do que era antigamente, ainda era um colírio para os olhos, e se eu bem me lembro, garotos de dezessete anos não tem muito controle quando a colega da turma aparece vestindo-se como uma peça em exposição.

Ela era o centro das atenções essa noite, com certeza.

— Oi Vinícius. — disse Maitê, aproximando-se com uma taça de champanhe.

Eu sorri para ela, mas não o fiz como no passado. Meu relacionamento com Noemí era excelente, mas tanto eu quanto ela sentíamos uma espécie de ciúmes muito forte um pelo o outro, e eu não queria que ela me visse ao lado de Maitê e se sentisse ameaçada. Nunca. Eu era totalmente dela e não havia razão para sequer pensar o contrário.

Mas Noemí temia me perder mesmo assim.

O que era doce, pois eu não estava indo a lugar algum.

— Hei Maitê. Aproveitando?

Aceitei o champanhe e biquei, ainda com meus olhos fixos em Noemí. Caramba, eu tinha que parar de admirar ela ou as outras pessoas começariam a reparar. Um cara isolado em uma das mesas do buffet com um olhar cheio de malícia para uma menor não era algo bom de se ver em terceira pessoa.

Voltei-me para Maitê.

— Ah, você sabe. — disse ela, animada. — Essas festas de formatura me trazem de volta aos meus dezessete anos.

— Não estudei com você no ensino médio. — pontuei. — Como foi a sua experiência?

Ela começou a falar algo sobre um namoradinho adolescente, mas meus ouvidos estavam seletivos. Eu não conseguia prestar atenção no que ela me dizia, não quando uma das músicas preferidas de Noemí começou a tocar nos alto falantes.

Observei a reação dela ao longe, querendo por tudo chamá-la para dançar; o gritinho histérico que ela soltou fez meu coração bater mais rápido. Ao puxar Luana para dançar, Noemí ignorou totalmente Thomas e o rosto dele em um pedido mudo de que ele era a pessoa a ser puxada para a pista, e não a sua melhor amiga.

Os olhos uísque dela começaram a varrer o ambiente, como se ela soubesse o que eu estava pensando, e parecia que estava me procurando... Ela os zanzou até finalmente me encontrar e abrir um largo e arrebatador sorriso.

Pimenta MalaguetaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant