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》Lisa《

Lavo o cabelo e visto meu pijama preto de cetim. É uma delícia dormir com ele, super macio.

Pergunto se Ana e Miguel vão precisar de alguma coisa, eles dizem que não, então coloco Davi pra dormir e dou uma passada no quarto de Clarice, a coitada passou o dia todo fora hoje porque precisou pagar as contas.

- Oi, minha linda - ela abre a porta animada - Entra, entra.

Entro no quartinho e sento na cadeira que fica ao lado de uma mesinha.

- Deu tudo certo hoje? - perguntei.

- Deu sim, claro. Comprei uma coisa pra você, aliás.

Ela se levanta da cama feliz e procura algo no guarda roupa.

- Aqui - ela estede uma sacola para mim.

- Ah, não precisava não, Clarice! - sorrio agradecida.

Era um vestido branco, cheio de babadinhos e umas pedrinhas brilhantes.

- Que lindo - sorri quase chorando - Eu amei!

Levantei e dei um abraço nela.

- É só um presentinho para dizer que você é muito especial, minha filha. Não sabe como foi bom para mim vir pra cá e não ficar mais sozinha.

Uma lágrima escorre pela minha bochecha, e dou um sorriso enorme.

- A senhora é muito querida, viu? Pode sempre contar comigo.

- Você também meu anjo, você também - ela dá um beijo na minha mão.

- Vou deixar a senhora dormir agora! - digo dando um último abraço e indo para a porta - durma bem. Até amanhã.

- Você também minha filha, dorme com Deus.

Quando chego no meu quarto, resolvo experimentar o vestido, ele é tão meigo.

Fica perfeito no corpo e realça principalmente meu peito, já que ele é meio decotado.

Sorrio me olhando no espelho.

Coloco o pijama outra vez e pego meu celular, dou uma olhada no Instagram, e respondo algumas mensagens, uma delas é de Lucas. Sinto um frio na barriga e não respondo.

Desligo o celular e fecho os olhos tentando dormir, mas não consigo.

Me reviro na cama, cubro, descubro, arrumo o  travesseiro e encaro o teto.

Será que o Filipe está bem?

Eu sei, eu sei. Prometo toda hora para mim mesma que não vou me envolver, que vou resistir a tentação de ver aquele homem todo santo dia e não o agarrar...mas poxa, é difícil!

Me levanto outra vez e caminho na ponta dos pés pelo corredor até a porta do quarto dele.

Tampo a boca com a mão para abafar minha vontade de rir, causada pelo consciência de saber que estou fazendo coisa errada.

Abro a porta devagar e enfio a cara lá dentro.

Nada.

Nem barulhos, nem luz acessa, apenas um cheiro de perfume deixado no ar e uma cama vazia.

No mesmo instante em que fecho a porta, sinto a dúvida crescer e me pergunto onde o maldito do  Filipe foi machucado. Que droga!

Volto para o quarto, mas permaneço acordada, sem qualquer vestígio de sono.

》Filipe《

"Quando fecho meus olhos sempre posso sentir
Os seus olhos e seus lábios sorrindo pra mim
Nado nesses seus olhos, mar de inspiração
Tua boca, tua pele, teu cheiro é canção

Eu vou cantar pra ela
Que sem ela não existo mais
Eu vou cantar pra ela
Que eu sempre a quero mais
E eu vou dizer pra ela
Que ela é a luz que me traz paz".

Senti o álcool descer pela minha garganta como um anestésico, já perdi a conta de quantos copos virei e é como se nem sentisse a dor física.

Escuto a música tocando, uma melodia suave, é como se eu estivesse levitando no ar.

Caralho. Tô chapado.

Depois que a Lis foi tomar banho, troquei de roupa e voei pro bar, precisava de álcool, precisava me distrair depois daquele tiroteio todo.

Acredito que os maiores problemas não são os físicos, mas sim os emocionais, e porra, por mais forte que eu seja ainda sinto que vou enlouquecer as vezes.

Solto a fumaça pela última vez e levanto, quase caio, mas apoio a mão na cadeira e dou risada.

Completamente chapado.

Ando rindo pela rua, e os poucos moradores que ainda estão nela sorriem para mim. Todo mundo parece bem agradecido por nada de ruim ter acontecido hoje.

Quando tô quase chegando em casa, avisto o diabo saindo de um carro toda sorridente.

- Ae! - grito.

Duda me vê e arregala os olhos.

- Que porra é essa? - pergunto já bravo.

Ela fecha a porta do carro e corre até a minha direção.

- Filipe, o que é isso? Você tá péssimo, cara - disse me segurando pelo ombro.

- Com quem meu filho tá? Sua puta! Foi vagabundear e deixou ele com quem? - me solto das mãos dela e grito.

- Filipe, calma! - ela grita também - Tu precisa ir pra casa, meu bem.

Eu já tava era perdido, sabia nem o que tava fazendo mesmo, então deixa ela me carregar pra casa.

- Vem - disse abrindo a porta e entrando junto comigo.

- Se tá cheirosa - resmunguei quando tropecei e cai em seu ombro.

- Eu sempre fui.

Aquele cheiro, aquela situação...porra.

Mesmo bêbado a agarrei e dei um beijo naquela mesma boca que deve ter chupado tudo que é rola por aí.

Ela me empurrou para a parede e se esfregou em mim. Claro, até parece que ela ia deixar passar essa oportunidade.

Agarrei sua bunda e apertei com força, querendo descontar a raiva e ao mesmo tempo lembrando de coisas que já aconteceram entre nós.

- Filha da puta... - resmunguei mordendo o lábio inferior dela.

Ela só riu.

- Sério? - uma voz atrás de nós falou.

Não precisei de muito esforço para reconhecer.

Porra.

Lis.

Louco pra voltar • RetOnde as histórias ganham vida. Descobre agora