prólogo

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ELOISE.
flashback.

— Invadi, Stewart. Vocês têm cinco minutos. - Alertei no meu ponto e pude ouvir sua confirmação do outro lado. Observei atentamente cada uma das câmeras e tudo estava vazio, havia apenas eles dentro do banco. Todos os seguranças estavam mortos pelo gás tóxico e as ruas ao redor estavam desertas.

— Mandar um alerta falso para a polícia foi uma ótima idéia, Eloise. Seu plano é perfeito. - Heron murmurou ao meu lado, puxando meu saco.

— Eu sei. - Disse simples, sem tirar os olhos das câmeras no notebook. O maior banco da França era alvo de um assalto naquele momento e ninguém fazia ideia disso. — O tempo está acabando, preparem-se para sair.

— Você conseguiu abrir o cofre do Bieber? - Indagou, fazendo-me franzir o cenho.

— Óbvio que sim, eu falei para vocês começarem pelo dele. Era o maior. - Exclamei, intercalando o olhar entre as câmeras e o cronômetro; um minuto.

— Nós começamos pelos outros, ainda falta o dele. - Bufei irritada, ao passo que tentava rapidamente montar uma nova estratégia em minha cabeça; o tempo que nos restava não era o suficiente para esvaziar o cofre, tampouco reconfigurar novamente todo o sistema de segurança.

— Não vai dar tempo. Pegue o item mais caro e saia daí. - Ainda que seu valor fosse sequer próximo da quantia que precisávamos, a pintura a qual eu me referia era de extrema magnitude. — Agora! - Ordenei em ênfase.

— E qual seria esse item? - Balancei a cabeça negativamente em desaprovação.

Não conseguia tirar meus olhos do cronômetro. Restavam vinte segundos.

— Vocês realmente não prestam atenção no que eu digo. É uma pintura, Garçon à la Pipe. - Ouvi uma risada do outro lado da linha.

— Tem no mínimo dez quadros aqui, como vou achar esse? - Debochou, fazendo meu sangue ferver. O relógio apitou no meu pulso e o alarme do banco ecoou pelas ruas.

— Esqueça! Saia daí agora! A polícia está a caminho. - Exclamei estressada e ele concordou, desligando o ponto. Passei as mãos pelos meus fios, puxando-os em frustração. — Eu não acredito que eles falharam, eu não acredito!

— Eles roubaram mais de sessenta milhões, não fiq...

— Só no cofre do Bieber tinha mais de duzentos milhões, Heron! - Exclamei enfurecida e bati as mãos contra a mesa, levantando-me da minha cadeira. — Fique de olho nas câmeras. Garanta que esses idiotas consigam pelo menos fazer o caminho certo sem trazer a polícia pra cá.

— Tudo bem.

Saí dali em passos largos, o barulho do meu salto batendo contra o piso de porcelanato era o único som que ecoava pelo andar inferior da mansão. Subi as escadas e fui até o escritório particular de Russel. Bati na porta três vezes, aguardando poucos segundos até que ele permitisse minha entrada.

— Espero que tenha vindo me dizer que foi um sucesso. - Declarou ríspido, sem tirar os olhos dos papéis em suas mãos.

— Eles não conseguiram pegar nada do cofre do Bieber. - Seu olhar fulminante me atingiu no momento que terminei aquelas palavras.

— O quê disse? - Indagou, furioso. — Venha até aqui. - Caminhei em passos lentos até a sua mesa, parando ao lado dele. — Por que eles não conseguiram?

— Não posso me responsabilizar pela burrice de seus homens, Russell. Eu planejei cada detalhe e expliquei o plano diversas vezes antes dessa noite, e mesmo assim eles chegaram lá e fizeram tudo diferente. - Disse calma, cruzando os braços frente ao peito.

Ele levantou silenciosamente da sua cadeira, esboçando um sorriso sarcástico em seus lábios finos enquanto seu olhar parecia me atravessar. Em um movimento rápido sua mão se chocou contra o meu rosto num forte tapa, fazendo-me cair em cima da sua mesa.

— Seu plano falhou, geniazinha. Eu esperava mais de você, está fora! - Ele saiu de trás da mesa e foi até o bar, colocando um pouco de Whisky no seu copo. Ergui meu corpo lentamente e pude notar que estava em cima de alguns papéis avulsos, e o principal era da sua conta bancária. Passei os olhos rapidamente por aquela lista de números e saí de cima de mesa.

— Eu quero a minha parte. - Murmurei entre dentes após me recompor e pude ouvir sua gargalhada, ainda de costas pra mim. Ele se virou e bebericou um pouco do líquido em seu copo.

— Não terá parte alguma, você não cumpriu o objetivo. - Deu de ombros, voltando a se sentar na sua cadeira de couro.

— Mas foi o meu plano que fez você acabar de ganhar sessenta milhões de euros. - Rebati, levando uma de minhas mãos à bochecha que era tomada por um forte ardor.

— Deviam ser duzentos e sessenta milhões. Agora saia da minha casa antes que eu te faça sair dentro de um saco preto. - Ele tirou sua arma da cintura, colocando-a em cima da mesa em forma de ameaça.

Recuei um passo e passei a língua pelos lábios, o encarando com os olhos semi cerrados enquanto pensava em uma forma de sair ganhando dessa.

O que não demorou muito.

Deixei sua sala sem quaisquer despedida e abri o meu maior sorriso, feliz com meu novo plano.

Caminhei até o meu escritório e Heron já não estava mais ali, o que me causou um certo alívio. Me sentei frente ao meu notebook e comecei a digitar os códigos que gravei recentemente, em seguida pus os dados da conta pessoal de Russell, tendo acesso imediatamente a ela. Cem milhões.

Sem dúvidas esperava mais. Como um homem de poder tão mediano queria roubar um cofre inteiro do Bieber? Um idiota, de fato.

Desviei o dinheiro para quatro contas diferentes, três minhas e uma de um instituto de caridade.

Solidária, eu diria.

Feito isso, ainda me restava a missão de entrar no sistema interno do banco. Em alguns instantes os dados foram hackeados e o valor estava de volta à conta do Russell, mas com um único detalhe. Era falso. Sua conta estava completamente zerada agora.

Fechei o notebook e pus dentro da minha mochila, onde já estavam todos os meus pertences devidamente organizados. Peguei minha arma que estava sobre a mesa e coloquei no cós da minha calça, em seguida caminhando lentamente pra fora daquele escritório e daquela casa.

Alguns dos diversos seguranças que estavam no quintal me cumprimentaram brevemente quando passei, eu retribuí e subi na minha moto. Olhei uma última vez para a majestosa mansão e sorri satisfeita.

— Até algum dia, Russell.

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