44 | Doença Natural

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Seu cheiro forte e marcante ainda estava instalado aqui. Eu quase podia sentir sua presença. Me deitei na cama, me cobrindo com os lençóis e abraçando os travesseiros. Tudo tinha o cheiro dele. Tudo me trazia um sentimento vívido que eu já sentia falta.

Na verdade, já sentia falta de muita coisa.

Estava furiosa com Loki, sim, muito. Não deixaria impune todas as mentiras que contou e como me enganou, mas era ainda pior não o ter comigo. A falta dele era pior do que a raiva. Muito pior. Doía tudo o que se podia doer. Doía em todo lugar que ele costumava me tocar, me acariciar. Doía de saudade.

Ah, Loki, o que você fez comigo?

『••✎••』

⎊ N a r r a d o r a ⎊

Exatos quinze dias se passaram desde a sentença de Loki. Ele não podia receber visitas, como fora ordenado por Odin, e por hora todos respeitavam isso, embora Frigga já pensasse em formas de vê-lo. Sempre ignorava os pedidos de Odin pelo isolamento do filho e nunca se arrependia disso. Já havia mandado diversos livros para que Loki se distraísse, mas por enquanto sua preocupação era outra.

Lis, a qual Frigga ainda considerava e chamava publicamente de nora, estava mal. Assim como o companheiro, ela também estava isolada, mas por vontade própria. Fazia as refeições no quarto de Loki, dormia lá, vivia lá. Seus vestidos já foram postos no guarda-roupas do príncipe, e ela mal usava o próprio quarto.

Frigga fez questão de levar café da manhã para ela todos os dias. O almoço era entregue por uma servente do palácio, e a entrega do lanche da tarde também era feita por Frigga, que utilizava o tempo para conversar com ela. Tentar tirá-la dessa maré de tristeza e mágoa. Algumas vezes a janta foi entregue por Thor, que também conversava com a cunhada, tentando distrai-la e distrair a si mesmo.

Mesmo com a preocupação iminente de todos, Lis comia pouco. Já obtinha uma aparência doente, estava um pouco mais magra, os dedos mais esguios e o corpo frágil. Também não havia passado muito bem os últimos dias. Se sentia cansada mesmo sem fazer absolutamente nada. Se sentia tonta em muitos momentos, quase nauseada. E isso dava mais corda para os achismos de Frigga sobre o que seria a sua “doença”.

— Deveria ir falar com Loki sobre isso. — Eira sugeriu, com Stela no colo.

— E eu vou. Odin vai conversar com Heimdall amanhã sobre a convergência, vou aproveitar para ir vê-lo,

— Por falar nisso, quantos dias faltam?

— Não sei exatamente, mas não mais que sete.

— E depois, só daqui há muitos séculos. — A companheira da rainha diz, terminando de vestir a criança. — Stela está pronta.

— E lá vou eu...

— Acha que isso vai mesmo dar certo, Frigga?

— Espero que sim. Lissa costumava ficar animada quando cuidava dela. Talvez ver Stela a faça se sentir melhor.

— Espero que sim. Não custa tentar. Quer ajuda com a bandeja?

— Aceito. Vamos.

Em silêncio, as duas caminharam para o corredor dos quartos. Frigga bateu duas vezes na porta e entrou, como já tinha o costume de fazer. O cômodo guardava um silêncio descomunal. Os últimos raios de sol que ainda tocavam a janela do quarto já se dissipavam, indicando o final de mais um dia.

Lis estava deitada. Parecia dormir. Estava encolhida, em posição fetal, enrolada nos lençóis verdes. E a sua frente, repousava o elmo dourado de Loki. Frigga sorriu com a cena, e sentiu certa pena dela. Estava sendo muito difícil os dias sem ele, mas Talissa era quem mais sentia isso. Ele era sua companhia por todo o tempo, por isso ela entendia a nora, e se solidarizava com ela.

𝐏𝐇𝐎𝐄𝐍𝐈𝐗 ꩜ loki laufeyson (✓)Where stories live. Discover now