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- Por Deus, vocês vão pegar um resfriado!
Luísa, com extrema dificuldade, persuadiu a imensa vontade de permitir que sua voz soasse o mais alta possível, acima do som relaxante das pequenas gotículas que chocavam-se sobre as poças espalhadas por toda a extensão do quintal. Sentiu seu corpo frágil formigar-se ao se deparar com Daniel e Antonio pulando sobre as pequenas poças, exalando a risada exagerada de ambos.
Claramente, a cena deveria ser registrada, para que fosse uma eterna lembrança, assim como Luísa sempre fizera ao decorrer dos quase três anos. A estante amadeirada, que ocupava boa parte de sua sala de estar, estava repleta de portas-retratos, aonde sempre gostava de ressaltar todos os momentos.
Mas talvez, Luísa tivera a sua favorita em meio a inúmeras outras. A imagem que se mantia em destaque a pouquíssimos meses, contava com Antonio abraçado ao pescoço de Daniel, que segurava com certa insegurança a pequena bebê em seus braços firmes.
Mallie Eloise Ricciardo Shantz viera para completar a família.
- Mas, mamãe. - A matriarca precisará crispar levemente seus lábios generosos, para conter o sorriso abobalhado, ao sentir o menino agarrar-se firmemente em suas pernas, molhando-a por completo.
- Ah, querida, estávamos nos divertindo. - Daniel reclamou, arrastando-se pelo quintal com desânimo.
- Sem mas, bonitinhos. - Luísa indagou em certo tom de brincadeira, apoiando ambas mãos sobre sua cintura modelada, antes de dar continuidade em sua fala. - Os dois passem já para o banheiro, não quero nem pensar se pegam um resfriado, ou algo pior.
- Eu 'tô com fome, mama. - O pequeno resmungou amargurado, esfregando delicamamte seus olhos levemente avermelhados.
- A vovó Grace fez chocolate quente com biscoitos, poderá comer após o banho. - Informou, ajudando-o a retirar a roupa encharcada, para que não molhasse a casa ao adentrar.
- Eu dou banho nele, cielo. - Daniel anunciou o seu ato, descendo de uma forma rápida o zíper metálico de sua blusa de frio, deixando-a sobre a cadeira de apoio, após adentrar quase correndo pela casa, acompanhado do mais novo.
Se perguntava o porquê de ainda se surpreender com as artes de Antonio, na companhia de Daniel. Inseparáveis.
Quando ajustou o casaco grosso em seu corpo, Luísa fechou a porta de vidraça transparente, cortando toda a brisa gélida que percorria pelo extenso cômodo, caminhando com certa pressa rumo a cozinha, ao ouvir os resmungos escandalosos de Mallie preencher todo o silêncio.
- Acho que é cólica. - Michele fizera a previsão, ao ver o desconforto da sobrinha em seu colo.
- Vire-a de barriga para baixo, Luísa. Ajuda a aliviar. - Grace instruiu-a com calma, secando as pontas de seus dedos gelidos sobre a toalha de mesa, aposada em um de seus ombros corbertos. - Antonio se parece muito com você, mas a Mallie, é uma cópia fiel de Daniel.
