Capítulo 4

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Eu poderia dizer que as coisas ruins servem para nos alertar que as melhores virão, mas acho que até se viesse um tapa na cara seria melhor do que essa situação. 

— Vou para a casa da sua mãe, que tal? — respondo sarcástica tentando passar mas ele me empurra fazendo-me cair no chão.

— Você vai aprender a me respeitar! — praticamente grita pegando uma barra de ferro que estava no chão.

Eu deveria estar preocupada por alguém ter jogado isso em um beco e, por um acaso, já estar sujo de sangue? 

— Se você não sabe como tratar uma mulher então automaticamente não merece respeito, você é um *Farabutto! — grito também tentando me levantar mas ele me chuta no estômago. Eu não devia provocá-lo, mas não consigo ficar parada apenas olhando para esse animal.

Na mente de algumas pessoas não faz sentido eu os contrariar. Ao contrário delas, eu sei que se eles quiserem fazer algo comigo, não serão meus pedidos de misericórdia que impedirão, prefiro lutar e não baixar a cabeça. 

— A garota quer ser tratada como mulher, o que acham de darmos nosso tratamento especial a ela? — fala um dos cara passando a mão no meu rosto enquanto o outro tira o cinto e eu cuspo na cara dele que me dá um tapa. — Ela até que é bonitinha, pena que tem a língua afiada demais, se não eu ia levar ela para a gente se divertir por mais um tempinho. O que acham?

— Acho que é só cortamos a língua dela. — fala chegando mais perto e eu me arrasto até bater com as costas em uma lata de lixo. Espero ele chegar mais perto. — A não ser que você prefira cooperar com a gente, você vai fazer isso, não é? — pergunta segurando meu queixo fortemente e eu assinto fechando os olhos em repulsa.

Assim que ele vira o rosto para sorrir para os outros, eu pego a tampa da lata de lixo e acerto com toda a minha força na cabeça dele que cai com um corte profundo na parte lateral da cabeça.

Não perco mais tempo e começo a correr até o fim o da rua com os dois caras logo atrás. Quando você precisa, não aparece ninguém nesse lugar. Agora vai inventar de cair no meio da rua ou fazer algo que não deve que até quem tá morto se levanta do túmulo para ver. Acredite, isso já aconteceu comigo e não foi uma experiência boa. 

Vou até o final do beco gritando por ajuda e assim que vou atravessar o sinal, um carro preto aparece e freia a tempo de apenas me jogar no chão com o impacto.

— Você está louca? — pergunta o motorista saindo do veículo e me oferecendo ajuda para levantar, eu recuso.

— Acho que vou ficar aqui mesmo, já me jogaram no chão umas dez vezes hoje, estou só facilitando o trabalho.  — falo dramatizando e ele me puxa para eu sentar em cima do carro. 

— Está sagrando, quer que eu...

— ONDE ESTÁ AQUELA VADIA?! — grita uma voz se aproximando e eu me encolho institivamente, fazendo o homem perceber que eles estavam falando de mim.

— Eu vou te ajudar, ok? — pergunta segurando minha mão delicadamente e eu olho em seus olhos. Era Enrico. Ele abre a porta do carro, me põe no banco passageiro e bate a porta com raiva, mas antes eu posso ver ele pegar algo que estava na porta do motorista. 

Depois eu sou a louca! Correr e bater na frente de um carro é uma coisa, agora ir até um beco escuro com dois caras possivelmente armados e um semiconsciente é pedir para morrer. Detalhe: qual a lógica de ir atrás dos caras que me fizeram mal para me ajudar se eu estou precisando de um médico?

Mas acho que entre no meio da rua e quase ser atropelada empata com a lógica dele de ir enfrentar os caras. 

Devo estar delirando, mas só a presença dele seria o suficiente para eu me sentir melhor.

Vermelho RubiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora