10. Correr ou permanecer

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São as memórias que me acompanham enquanto corro

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São as memórias que me acompanham enquanto corro.

Nós estaremos sempre juntos mi amor. Você é minha razão de viver, Kit.

A voz da minha mãe flutua na minha cabeça como uma brisa em meio ao verão.

As pessoas costumam dizer que basta um segundo para que tudo seja invertido em sua vida.
Eu tive vários segundos como esses em minha vida.

Quando nós mudamos do México para Nova York, não me lembro de nada dessa época, tinha pouco mais que seis meses.
Mas sei que foi difícil para minha mãe fugir de um casamento abusivo, e conseguir se livra de uma família patriarcal que a oprimia apenas por ser uma mulher, considerado frágil e manipulável, mas no fim ela conseguiu por um tempo, pelo menos.

Quando eu era criança e morávamos nos abrigos de imigrantes, mamãe costumava cantar para mim ela possuía uma voz suave feita para cações de ninar e bons sonhos.

Quando olhei para seu rosto aos dez anos banhados em histórias secretas composta de lutas e vitórias, e os olhos que transmitiam toda doçura do mundo e as mãos sempre continham resquícios de tinta sob as unhas curtas uma prova da sua eterna paixão pelas tintas e quadros com pinturas de tira o fôlego, uma artista com a sensibilidade de uma flor desabrochando.

Era por isso que ela desejava que eu fosse o melhor homem que conseguisse ser, havia mencionado certa vez.

- Melhor não significa sempre bom, porém mesmo que caminhe pela estrada sombria, a luz vai brilhar em seu interior.

Sabia que mamãe desejava que fosse alguém diferente do homem que me gerou.
Por isso a fuga do México, não por ela, mas por mim.

Um novo mundo, uma nova vida com todas as oportunidades que ela nunca teve.

Faço uma pausa pegar a garrafinha de água e recuperar o fôlego.

Balanço minha cabeça enquanto sigo em frente pela trilha do parque.

Deixei minhas pernas me levarem para algum lugar, qualquer um, mas hoje minhas lembranças sempre retornam para ela.

Que ensinou a pintar e amar as cores como se cada uma fosse única, me ensinou que o cavalete com um quadro era o coração de um artista,
Onde podia derramar sua tristeza, sua felicidade, esperança e sonhos.
Uma vida inteiro na gravada em cores.

Seu talento torno-se meu talento, sua paixão infiltrou-se em meu coração.

Quando completei doze anos estávamos passeando pelo central parque em um dos raros dias de descanso que possuía, estava estabilizado da melhor forma que um imigrante conseguiria está em Nova York, ela trabalhava de faxineira durante a semana e nos finais de semana em buffet de uma amiga.

Princess of IceWhere stories live. Discover now