Capítulo 2

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/Gregory/


Chaz : Ei cara, onde você se meteu?

Chaz : To ficando preocupado com você irmão...

Chaz: Por favor responda assim que puder....

Era tarde já, por volta das 2 da manhã quando começa a chegar mensagem, uma atrás da outra, olhei rapidamente e vi que todas eram de Charles, um grande amigo e único que tinha a anos, ao menos desde quando passei a morar nas ruas aos meus 15 anos, deixei para responder depois que não estivesse dirigindo mais. 

Estacionei em um hotel na estrada para descansar e continuar a ir para Kinsale mais tarde um pouco, então aluguei um quarto por uma noite. Não era um dos melhores, parecia bem antigo e meio abandonado como se ninguém se importasse se ele caísse em algum momento, o letreiro onde ficava a palavra "hotel" só estava com as letras "oel" e por dentro era pior, o quarto minúsculo nem sei como conseguiram colocar uma cama de casal lá dentro, não tinha espaço para nada e com um cheiro forte de bebida alcoólica, mas como não podia reclamar já que era minha única opção ou dormia no carro e acordaria com dores no corpo todo, então fui tomar um banho e assim que me deitei para descansar lembrei das mensagens de meu amigo

Greg: Me desculpe pelo sumiço, sei que devia ter falado com você mas se fizesse isso, bem provável, que tentaria me fazer mudar de ideia. Estou voltando para minha cidade, preciso resolver isso logo e saber toda a verdade de uma vez por todas e não posso adiar mais isso, mas não se preocupe que estou bem e ficarei bem. Se cuide irmão, nos vemos em breve.

Assim que enviei a mensagem, nem consegui pensar em mais nada, apenas acabei dormindo bem rápido devido ao enorme cansaço que estava.

Chaz: Ainda não acredito que fez isso, mesmo depois do que falamos de esperar eu completar meus 18 anos para poder te ajudar nisso....

Chaz: Você é um cretino Greg!!! Não acredito que esta fazendo e sem nem falar com seu melhor amigo :(

Chaz: Por favor mande noticias ao menos e não suma definitivo, se não eu juro que faço você se arrepender disso...

Acordo com barulho no quarto ao lado que mais me parecia uma briga e pego meu celular para ver que horas eram, 9:00am, levantei num pulo e comecei a arrumar todo o quarto que havia passado a noite e desci entregar a chave para poder voltar para a estrada. Enquanto aguardo o recepcionista aparecer, verifico minhas mensagens e me deparo com Charles e seus dramas que sempre me faziam rir da cara dele, ele sempre me teve como um irmão mais velho e mesmo namorando Emma, a garota mais mimada de Cork, ele jamais deixou de se preocupar comigo mesmo que ela me odiasse e eu o tinha como um irmão caçula que jamais tive (não que eu tivesse outros irmãos, na verdade eu era filho único).

Greg: Muito obrigado pelo elogio Chaz, sabe que não me importo ;)

Greg: Já disse que volto logo, não irei demorar e não queria te trazer para confusão que minha vida sempre foi, não mais do que você já fez por mim. Mandarei noticias, não se preocupe. 

Chaz : Tudo bem, desisto de bater boca com você, já foi mesmo. Estarei aqui, qualquer coisa é só ligar e assim que eu completar meus 18 e você ainda estiver ai, pode acreditar que irei atrás de você.

Olhei para mensagem e dei um sorriso por ver em como ele se importava mesmo comigo, apesar das encrencas que me metia e de tudo. Agradeci aos céus por ter me dado um irmão como Charles.

Alguém da uma tossida de leve como se estivesse incomodado e vejo o recepcionista me encarando com uma cara de impaciente. Guardei meu celular no bolso, me virei para ele e agradeci pela hospedagem lhe entregando a chave e indo para estrada novamente, pensando que talvez tivesse gasto dinheiro atoa com esse hotel já que acordei pior do que se tivesse dormido no carro, sem contar com gemidos que pareciam ter durado a madrugada toda, do casal ao lado, que mal pude dormir direito, mas procurei desviar meus pensamentos disso e pensar que mais algumas horas e eu estaria entrando em minha antiga cidade e tudo iria mudar em minha vida, só não sabia ainda se seria uma mudança boa ou pioraria tudo, mas acreditava que não podia ser pior do que já passei toda minha vida.

                                      >>>>>>>>>> SEJA BEM-VINDO Á KINSALE<<<<<<<<<<

Havia acabado de ultrapassar a placa da cidade, respirando fundo e ligando para meu tio Ezequiel me passar o endereço dele, o que acabou me lavando para uma cafetaria que não era nada pequena, chamada Palavras Cafeínadas. Era tudo bem organizado, com algumas meses do lado de fora, ao entrar acabei me deparando com um espaço bem aconchegante e cheio de luz, algumas pessoas conversando baixo em respeito a outras pessoas que estavam com seus computadores ou com um livro, que por sinal havia uma biblioteca mais ao fundo que não era tão grande mas tinha bastantes livros também, toda a decoração era de madeira e cheio de quadros decorativos com aquelas frases clichês e idiotas que todo leitor acredita ou até mesmo outro ser humano patético, mas tenho que admitir que não esperava encontrar um lugar desse ainda mais sendo meu tio o dono disso tudo.

Ezequiel, era meu único tio que conheci ou ao menos ele dizia se lembrar de mim quando era um bebê. Consegui o contato dele a uns meses e pedi uma ajuda para poder recomeçar minha vida, não podia dizer a ele o que realmente me levava até Kinsale, ele jamais me aceitaria por lá. Assim que terminei de observar todo aquele lugar fui até uma das garçonetes e perguntar sobre meu tio.

-Com licença, poderia me dizer onde posso encontrar por Ezequiel Gardner?

Ela me olhou da cabeça aos pés e me deu um sorriso meio desajeitado, arrumando seu cabelo que estava meio bagunçado, devia ser pelo tempo que estava ali trabalhando e disse:

-Oii, muito prazer, me chamo Alice, o Sr, Gardner deve estar ali no escritório dele- Me mostrou uma porta mais ao lado da biblioteca, onde ele poderia estar, agradeci e ignorando a forma que ela me olhava, me dirigi até aquela porta.

Respirei fundo mais uma vez e quando ia dar a primeira batida ele abre a porta e me encara assustado.

-Me desculpe-Disse de imediato, sem saber muito bem o que dizer- Sou Gregory Gardner, seu...

-Meu sobrinho- Ele me interrompe com um sorriso no rosto-Claro, entre e fique a vontade, eu só vou dar um aviso ali no balcão e já volto aqui para conversamos melhor, ok?

-Claro, sem problemas- Respondi com um sorriso meio sem jeito e dando espaço para ele poder passar.

Assim que entrei no escritório, fui me sentar, enquanto aguardava ele retornar, observei que era um espaço pequeno para um lugar que era um pouco grande, tudo bem organizado e assim como todo o ambiente, era aconchegante, fiquei me perguntando do porque não procurei por ele antes e poderia ter evitado muitas coisas que ocorreram.

Gardner entra a sala fechando sua porta e sentando do outro lado da mesa, com uma feição mais séria mas que não dura muito tempo e olha diretamente em meus olhos.

-Então meu sobrinho, temos muito que conversar, imagino que tenha muitas perguntas e principalmente porque não procurei por você quando soube o que ocorreu com seus pais, mas creio que teremos tempo para isso. Porém, para agora tem algo que queira e pedir ou que esteja precisando? esta com fome? sono?

-Ahm... Bom,sim... Quer dizer, teremos tempo para conversamos sobre tudo- Com meu melhor sorriso o encaro e continuo- Eu estou bem, obrigado, só um pouco cansado da viagem- Digo finalmente aliviado de não ter aquela conversa nesse momento, realmente estava cansado e com dores no corpo.

-Muito bem, essa é a chave cópia da minha casa, minha esposa Beatriz estará por lá, ela irá te mostrar toda a casa e quero que descanse e sinta se em casa- Ele sorri e estende sua mão para mim com a chave de sua casa a colocando em cima de sua mesa mais próximo a mim.

-Muito obrigado- Estico meu braço para poder pegar a chave e o encaro novamente.

-A Greg, posso te chamar assim certo? Sobre trabalho, você pode trabalhar com a gente aqui se quiser terá salário como qualquer outro- Diz sincero e com uma feição mais séria.

-Claro, eu agradeço. Quando posso começar então?- Respondi animado

-Amanhã se estiver tudo bem para você. 

- Tudo bem, começo amanhã então- Me levanto para cumprimentar ele e ir embora tentar descansar ao menos um pouco antes de encarar meu tio novamente e ouvir algumas respostas e algumas de suas perguntas.

Minha última palavraWhere stories live. Discover now