- Daqui a pouco você vai quebrar o vidro de tanto bater nessa janela! – Meu pai diz. Ele diz com um sorriso no rosto. Ultimamente ele e a Vanessa não conseguem tirar um sorriso do rosto. – Dá para você parar de tanta agonia, por favor?

- Se eu fosse feita de botões até que daria para desligar a ansiedade.  – Minha intenção não é ser grossa, mas quando estou a ponto de ter um ataque de nervos não consigo classificar o que é educado e o que é grosseria. Meu pai me lança um olhar pelo canto dos olhos e então volta sua atenção para frente. 

Depois disso tento me concentrar em não bater mais meus dedos na janela e nem em morder cada parte da minha boca. Na última semana já devo ter causado umas cinco aftas. Deixo que meus pensamentos me levem e em pouco tempo já estamos na frente da rodoviária. 

Minha vontade é de abrir a porta do carro e sair correndo, mas meu pai enlouqueceria (mais ainda!) se eu fizesse isso. Sem contar que tinha mais chances de me perder do que de achar. Por isso espero calmamente a Vanessa sair e ir comigo, enquanto meu pai fica no carro, porque segundo ele não tem razão nenhuma de mais uma pessoa entrar naquela correria e vai-vem de pessoas sem menor utilidade. 

Sentir o cheiro da rodoviária e ver aquele anto de pessoas rindo, se abraçando, chorando, correndo, saindo, entrando me dá uma enorme nostalgia. Me faz lembrar do dia que sai do único lugar que conhecia por casa e vim morar com meu pai e com a Vanessa, duas pessoas que eu desconhecia completamente. 

- Os passageiros que vem de São Paulo descem aqui. – A Vanessa diz enquanto se senta em uma cadeira azul, tem alguns lugares vazios ao seu lado, mas não consigo ficar sentada, por isso tento ver quem está saindo daquelas portas de vidro e a cada vez que vejo uma menina com cabelo curto meu coração acelera. 

Até que a Babi passa pelas portas e eu só falto gritar. Ela está com o cabelo vermelho! VERMELHO! É um vermelho muito forte, quase no vinho, mas a deixa completamente diferente. Faz com que pareça ter uns 22 anos e não seus humildes 17! 

- O que você fez com seu cabelo? – Digo assim que consigo voltar a respirar depois do seu abraço de urso. 

- Gostou? – Ela sorri e passa a mãos livre pelos pequenos fios vermelhos. – Foi a mesma coisa que senti quando você resolveu ficar uma barbie e resolveu pintar os fios de preto. 

- Nem foram mudanças tão drásticas! – Dou outro abraço nela e espero a Vanessa cumprimentar ela e dar as boas vindas. A Vanessa está nervosa, dá para ver pela forma como ela ri histericamente e balança as mãos. 

Sei que a Babi vai sacar logo de cara que isso é sinal de nervosismo, pois, ao contrario de mim, ela sabe ler a linguagem corporal de uma pessoa como ninguém. 

Assim que chegamos ao carro os cumprimentos se seguem e a boas vindas também. Meu pai coloca a mala preta e cheia de tachinhas prata no porta malas e eu e a Babi entramos no carro. Ela e meu pai engatam em uma conversa sobre como andam as coisas em São Paulo, transito e coisas de governo e, apesar de achar tudo isso uma chatice, presto atenção como se fosse a coisa mais interessante. 

- A Rebeca todo dia chegava perto de ter uma sincope com medo de você não vim. – A Vanessa diz assim que o debate do meu pai com a Babi acaba e poucos segundos de silencio toma conta do espaço. 

A Babi começa a me mostrar algumas fotos no celular e me coloca para escutar algumas músicas enquanto a Vanessa volta a ouvir Jorge e Mateus e meu pai dirige com o olhar fixado na rua a sua frente. 

Os olhos da Babi estão brilhantes e ela está com uma cara de criança ansiosa pra receber a sobremesa. E eu sei perfeitamente que toda essa sua ansiedade não é apenas para saber se eu gostei ou não da música, mas sim para saber do Brian. 

Eu e ele quase não nos falamos e nem nos vimos mais. Mudei todos meus horários para não ter que esbarrar com ele pelo elevador, muitas vezes pego a escada também como alternativa para fugir dele e sua namorada perfeita. 

Não é por causa da Cecilia que estou fazendo tudo isso. Por mais que ela tenha unhas mais afiadas que gato que nunca viu tesoura, eu não sinto realmente medo dela. Ela ataca para se proteger. E eu me escondo e evito para me proteger. Cada um usa as armas que conhece. 

O Brian causa em mim sentimentos estranhos. Faz meu coração disparar e nas poucas semanas que estive com ele parecia que nenhum tempo era suficiente juntos. Por isso me afastei. Para me proteger. Ele estava com a Cecilia e não sentia nada por mim.

- Seu quarto é incrível! – A Babi diz assim que abro a porta e faço uma reverencia de brincadeira. Ela passa a mão pela lombada dos livros e joga sua mochila em cima da poltrona da escrivaninha. 

- Barbara, você já viu meu quarto de trás para frente! – Digo rindo e me jogo na cama. 

- Mas não é a mesma coisa pela imagem turva do Skype, Becky. – Ela diz e sorri. Sua cara, e aposto que a minha também, demostra o quanto ela está feliz de estar aqui. 

Depois de mostrar a casa para a Babi, deixo que, finalmente, ela entre no banho e enfim comemos. A Babi elogia infinitamente a lasanha da Vanessa e ela parece ainda mais eufórica. Ver a Vanessa desse jeito me faz querer rir, mas contenho o riso para não deixa-la ainda mais nervosa.

- O que acha de irmos ao cinema? – A Babi diz enquanto passa uma linha reta, perfeita de delineador. Bagunça um pouco suas madeixas cor de vinho e se vira para mim. 

- Por mim, tudo bem. – Sorrio e fecho meus olhos para ela passa o delineador em mim também. 

A Babi está com um short preto um pouco rasgado, uma blusa branca cavada que mostra as laterais do seu sutiã preto com detalhes em renda. Ela usa isso e parece completamente estilosa. Se eu uso isso me sentiria completamente vulgar. Mas nela fica completamente perfeito. 

Quando estamos descendo o elevador meu celular vibra e vejo que a Babi está concentrada digitando alguma coisa no dela. Na tela do celular pisca que tenho uma nova mensagem no facebook, assim que consigo desbloquear vejo que a mensagem é do Brian. 

É apenas um “Oi, tudo bem?”. Mas só essas poucas letras já são o suficiente para fazerem meu coração disparar. As portas do elevador se abrem e a Babi guarda seu telefone. Também jogo o meu dentro da bolsa sem nem responder. Eu havia jurado para ela que não falava mais com ele e se ela vir essa mensagem vai achar que isso é mentira. Sorrio e então seguimos para o cinema, que, por sorte, é perto o bastante para podermos ir andando. 

Demoramos quase meia hora para escolher o filme e então eu consegui convencê-la de ver uma adaptação de um livro adolescente que eu amo. Estava já com minha pipoca na mão e sorrindo quando alguém cutuca no meu ombro. 

- Ei! – Ele sussurra no meu ouvido me fazendo arrepiar. Nem preciso me virar para saber quem é. 

Oláaaa leitores! Tudo bem? Vocês não imaginam a saudade que eu estava de escrever! Como comentei no "Hiatus", eu ando super sem tempo, nesse fim de semana pós-carnaval que o curso deu uma aliviada e eu consegui escrever! Espero que tenham curtido o capitulo e não esqueçam de comentar!

Agora uma coisa super importante: PASSAMOS DE 10.000 LEITURAS! Sério gente, vocês não imaginam a minha felicidade! Sou muuuuuuito grata a todos vocês que leem, comentam, votam e me ajudam a divulgar! Vocês são uns amores e espero que as minhas histórias (em poucos meses teremos mais uma por aí) agradem sempre vocês e que eu seja sempre digna desse carinho todo ♥

Ps: na foto é a Bia Arantes, a atriz que eu me inspiro para compor o visual da Babi.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora