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Gilbert
Rei Gilbert Blythe da Alemanha

Aprender a lidar com esse título foi uma das coisas mais complicadas que eu já tive que fazer, e nem eu acredito que consegui o manter por dez anos, mas com o tempo, a rotina foi se tornando mais natural, e mais entediante também.

Uma das coisas que eu mais me pergunto entre reuniões, acordos, entrevistas e debates, é quando é que eu finalmente poderei verdadeiramente me divertir de novo, me sentir livre de novo.

Não me entenda mal! As personagens dos livros eram uma ótima companhia e tinham muita paciência comigo. Já me levaram para Nárnia, para séculos passados, para o País das Maravilhas e até mesmo de volta para a Terra do Nunca, porém, até mesmo a Terra do Nunca pareceu vazia demais.

Eu me sentia uma criança no corpo de um adulto. Ansiava pelo momento que a minha vida ia se tornar divertida, que eu ia ser livre para ir aonde quer que eu desejasse, que aquela bola invisível que me prendia finalmente estouraria para eu poder respirar o ar que eu bem quisesse, porém, eu era o Rei dessa bola, e crianças tem uma visão muito brilhante do futuro, talvez por isso gostam tanto de viver. Elas tem uma motivação para continuar fazendo isto.

E a minha motivação eram as visitas de Jerry, Diana, da minha afilhada, e as vezes a de Moody que se mudou para lá também. Uma vez ao ano mais ou menos, eles vinham me visitar, principalmente para resolver assuntos para a França, e aquilo parecia uma recompensa para mim.

As vezes eles vinham passar o mês de dezembro comigo, ou só o natal, e não tinha uma pessoa naquele castelo que não fosse convidada a se juntar a nós na ceia, porém elas tinham famílias. Tinham maridos, esposas e filhos que eram mais valiosos do que o que eu os oferecia, então todos os amigos que eu fiz visitando a cozinha ou passeando pelos corredores do palácio, eram dispensados nessas datas, e ficávamos apenas eu e Bash na maioria dos anos.

Empanturrava Déli de presentes quando ela vinha. Sim, eu era esse padrinho, além do mais, nunca tive jeito com crianças.

O sorriso dela quando recebia livros e coisas de escrita fazia o meu ano inteiro, e eu ainda conseguia algumas informações vindas dos doces cabelos negros.

Ela passava horas falando sobre como o garoto a irritava ou sobre como a sua melhor amiga se metia em encrencas, e eu não conseguia evitar de sorrir em todas as situações. Ela criou uma família. Todas essas migalhas de informações me faziam passar o mês de dezembro ligado em uma luzinha vermelha, e não era nem a da árvore de natal.

Sabia diretamente de Anne quando perguntava como ela estava para Moody, Jerry e Diana que pacientemente conversavam comigo sobre as coisas mais simples do dia à dia dela. Descobri que a ruiva passava boa parte do tempo livre com as crianças, e que o aniversário delas sempre era um evento, mas que também dedicava muitas horas ao seu povo e à reuniões.

Porém, eles evitavam entrar muito no assunto, porque tinham pena de mim. Os três (principalmente Diana e Jerry) disfarçavam bem, mas era perceptível, e essa foi a maior prova que eu tive que ela estava feliz, enquanto eu parecia um louco por atenção, por isso que Déli era a minha informante mais verdadeira.

Foi com ela que descobri que o "futuro imperador" gostava de tocar piano e que a sua amiga gostava de arco e flecha, e no dezembro passado, os meus pensamentos voltaram para Verona por causa desta informação.

Os três primeiros anos foram os mais difíceis. O meu objetivo era esquecer de tudo, e me focar em aprender a ser um bom Rei até que ajudou nessa parte, mas depois veio os dois anos seguintes. Eles foram os anos em que eu estava mais revoltado com tudo o que aconteceu. Odiava o fato dela nem sequer ter tentado trocar uma palavra comigo durante estes, então resolvi que também não tentaria.

Road Trip II - Shirbert e Anne with an EDonde viven las historias. Descúbrelo ahora