Capítulo - 08

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Insubstituível

Hoje decido levar minha mãe até a escola onde ela trabalha. Ela vai sempre com o nosso motorista, mas hoje sou eu quem terá o prazer em levá-la. Vestida elegantemente, minha mãe entra junto comigo na Mitsubishi, ela não curte muito andar na BMW. Em minutos, consigo chegar à escola onde minha mãe é diretora. Eu só não contava que a Rosa, irmã da minha Deusa, era professora nessa mesma escola. O mundo não é pequeno, é um cubículo três por três!

Tito ao me ver, corre saltitante e alegre em minha direção e com um movimento rápido o coloco no colo e afago seus cabelos lisos e negros.

— Bom dia, amigão! — agacho e dou um abraço apertado no corpinho minúsculo do garoto.

— Bom dia, tio Pedro! — diz com aquela voz de criança feliz.

— Então, tem curtido o presente?

Ele responde com um aceno de cabeça.

— Tito! Como você está lindo hoje! — minha mãe também se agacha à nossa frente e diz olhando para o garoto que sorri inocentemente.

Rosa se aproxima e pega a mão do garoto que reluta em se levantar da minha perna.

— Bom dia Pedro e dona Rita. Tito meu filho, vamos para a aula.

Sabendo muito bem que Tito não está a fim de ir para aula, peço que elas saiam de perto e deixem o garoto por minha conta, afinal somos amigos. Me levanto com Tito em meus braços e o levo para um balanço que fica na área verde da escola, sento-o em um e me sento no balanço ao lado. Por ser um balanço pequeno fico meio espremido no brinquedo, porém não me incomodo por isso. Enquanto Tito brinca, fico sentado no balanço e olho para o céu azul que está acima de nós. Me lembro de uma conversa que tive com meu pai quando era do tamanho do Tito e tal lembrança me faz recordar a enorme admiração que sentia por ele. O garoto precisa de uma pequena ajuda e isso interrompe minhas lembranças, decido que posso tentar dar essa ajuda.

— Então campeão, por que não quer ir à aula hoje?

Com uma expressão de menino desconfiado e os olhos tristes ele responde.

— Não gosto da escola — diz determinado.

— Eu também não gostava, sabia?

— Não? — arregala os olhos.

— Não! Mas mesmo não gostando, tive que estudar.

— Você tem aquele carro por que estudou tio Pedro?

Tive que rir diante dessa pergunta de uma criança de seis anos. É indubitavelmente associativa.

— Vamos dizer que os estudos irão me ajudar a não perder o carro. O esforço e o trabalho também fazem a diferença. Mas se eu não tivesse estudo e inteligência poderia perder tudo o que tenho.

— Humm — seu olhar é atento a tudo que eu digo.

— Uma vez, por eu não querer ir à escola, meu pai me disse que cada aula que eu perdia era uma chance perdida de aproveitar um dia divertido. Eu nunca tinha achado a escola divertida até aquele dia que conversei com meu velho. Sem entender bem sobre a diversão que meu pai disse, fui guiado por ele até a escola, e quando cheguei lá todos os meus colegas estavam se divertindo com uma música que a professora cantava. E meu pai disse: filho, isso é muito divertido! Até aquele dia eu não havia visto nada de divertido naquilo, mas depois que meu pai disse que era divertido eu passei a ter outra opinião de diversão na escola. Fiquei tão entusiasmado e feliz, que dei um abraço em meu pai e entrei correndo para dentro da sala de aula porque fiquei com vontade de participar da brincadeira. E sabe o que aconteceu?

Meu Tipo de Amor (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora