Capítulo 1

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— Eu vou reprovar, Saby — Sina admitiu a contragosto — Minha mãe vai me trucidar quando souber disso.

— Calma, a gente vai dá um jeito —Sabina , que antes comia sua batata frita, em uma temperatura terrivelmente gélida, advertiu — Ninguém vai trucidar ninguém.

As duas estavam sentadas em uma das mesas azuis do refeitório, conversando sobre suas notas e as últimas festas do ano. Logo mais elas terminariam o terceiro ano do ensino médio, ficando totalmente livres, seja para fazer faculdade ou para procrastinar. Quer dizer, Sabina sim.Sina já era outro caso.

As notas da loira estavam em um estado desastroso. Seu boletim era constituído apenas por notas vermelhas e mais notas vermelhas. Quase não se via a tinta azul da caneta em seu boletim. Deve ser porque não tinha nenhuma nota azul. Apenas notas abaixo da média. Um completo fiasco.

Sina havia ficado demasiadamente nervosa e desesperada ao saber de tais coisas. Ela não podia reprovar. E não porque ela era a mais popular da escola, e isso mancharia sua reputação, mas sim porque sua mãe à mataria, sem dó nem piedade. Mas, pior do que isso, do que reprovar, era viver rodeada de pessoas vinte e quatro horas que tampouco se importavam com seu bem estar ou vida acadêmica.Sina estava decaindo no topo, mas ninguém parecia ver, nem mesmo fazia questão disso. E isso à machucava demais. Para ela, era tão estranho estar rodeada de pessoas e ainda sim, se sentir só. Era um sentimento que ela não gostava de sentir, tampouco nomear. Era a solidão. Sina era só, mesmo com cinquenta pessoas ao seu redor

— Você vai comer sua batata? — Sabinaperguntou. E mesmo sem esperar uma resposta, já estava comendo o lanche de sua amiga.

— Já que está comendo, não mais. — Sina deu de ombros e afundou as costas na cadeira de plástico em que estava sentada. Ela estava tão desesperada com a tragédia que havia virado sua vida acadêmica que, perdeu a fome por completo. Pouco importava se Sabina se empanturrava com sua comida.

Do outro lado do refeitório, um pouco atrás de Sina e sua amiga, Heyoon comia sozinha e calada.

Seus óculos redondos ocupavam grande parte do espaço em seu rosto, assim como seu aparelho, que preenchia sua boca. Heyoon simplesmente odiava a junção desses dois elementos, aparelho e óculos, mas infelizmente não podia deixar de usá-los. Primeiro porque era míope, então sem seus óculos ela não enxergava nada que estivesse a mais de dois palmos de distância.Segundo, seus dentes nasceram extremamente tortos, então para poupar o pouco de beleza que ainda lhe restava, ela optou por corrigi-los. E até que eles estavam alinhados e brancos agora, mas ela ainda os usaria por mais um ano e três meses.

Seus dedos brincavam com a batata frita acima da mesa, de forma contínua e entendiante. Heyoon queria ter alguém para conversar. Podia ser até mesmo sobre a plantação de bambu ou cana no Brasil, ela apenas queria dissertar com alguém. Seus três anos no ensino médio sempre foram assim, regados a nada. Apenas a um grande vazio social.A coreana, de apenas dezoito anos, queria ter amigos. Pelo menos um ou dois, para falar sobre filmes, relacionamentos amorosos ou sobre suas notas, mas nem isso ela tinha. Quer dizer, até tinha, mas não passava de meros interesses. Sua única amiga real morava longe, e elas quase não se viam, o que não era grande coisa.

Por ser considerada o Einstein da escola, grande parte dos alunos pediam à ela informações ou revisões sobre as matérias, mas nada além disso. Heyoon nunca tivera sido pedida em namoro, nunca tivera o privilégio de ir a um baile acompanhada ou sequer havia beijado nessa vida. Heyoon  era um verdadeiro fracasso, em todas as áreas de sua vida.

— Aí, nerd — Lakota a chamou — Vê se não esquece meu trabalho de física.

Heyoon apenas assentiu e o viu sumir no meio da multidão com seus dois amigos. Também tinha esse outro fator em sua lamentável vida. Lakota, o garoto que, para ela, era o mais insuportável de toda escola. Como se não bastasse ser a chacota fracassada que era, ainda servia de fantoche na mão dos outros.

Ela só queria ser popular. E não pela cobiça, mas pela despreocupação com as coisas. Sina, por exemplo, era o ícone da escola, e até então, vivia de bem com tudo e todos, sem quaisquer tipo de preocupação com a vida. Quer dizer, aparentemente ela não se preocupava com nada. E Heyoon queria ser como ela. Ela queria não ter que ser sozinha sempre, queria não ter que fazer o trabalho dos outros ou viver sem histórias para contar.Ela só queria ser uma jovem normal de dezoito anos.

E consequentemente, de uma forma ou de outra,Sina queria a mesma coisa. Sina queria ser como Heyoon, que era inteligente e conversava com os maiores nerds da sala. Queria não ser rodeada de pessoas que fingiam se importar com ela ou ter que ser o ícone fashion da escola. Ela só queria levar uma vida normal, que qualquer outro jovem de dezoito anos levava.

Sina queria ser como Heyoon. Heyoon queria ser como Sina.

[...]

— Você vai na festa hoje, certo? — Joalin perguntou à Sina em um sussurro.

Elas estavam em período de aula, no último horário. Com alguns poucos minutos elas iriam embora, então não se importaram tanto em prestar atenção no senhor Alfred dando sua aula de biologia.

— E eu tenho escolha? – A loira rebateu entre dentes.

Tá aí um mal de ser popular. As pessoas praticamente imploram por sua presença nos lugares, e se você tiver uma alma boa, certamente dirá SIM para qualquer pedido. E felizmente ou não, Sina era dessas que não recusava nada.

Ela não teria outra opção senão ir na festa de nem ela sabia quem. Na verdade, ela só havia se lembrado quando Joalin mencionou, caso contrário, nem faria questão de festa alguma, tampouco procuraria saber. Ela não queria se divertir, queria se lamentar por sua possível reprova, em um canto qualquer.

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olá, como vcs estão?

gostaram do primeiro cap da nova fic?

essa é um shortfic e é escrita na terceira pessoa, então não vai ter Pov's .

obrigadoo @_Whoisgay pela capa maravilhosava.

por hj é apenas isso, até o próximo.

bjs na boca de vcs.

Você Sou Eu.(shortfic)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant