"Garoto Das Rosas"

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[P.O.V Autora]

O verão sempre foi a estação preferida de Bang Chan. Em todas as férias de verão ele voltava para a Austrália, pois fazia intercâmbio na Coréia do Sul há alguns anos, cursando gastronomia. Eram sempre férias iguais: Boas risadas com a família, jogos clássicos, boas comidas feitas tanto por Bang quanto pela família e entre muitos outros entretenimentos. Porém justo naquele verão de 2021, ele havia conhecido um alguém novo.

Com sua memória falha, só se lembrava o apelido fofo que lhe dera, Innie. Chan nunca perguntou sua nacionalidade, pois com o inglês fluente, acreditava que fosse australiano. O pequeno "Innie" era 3 anos e alguns meses mais novo que si, mas aquilo não os impediu de ter um romance clichê de verão. Bang se lembrava com dificuldade de seus momentos de namorados: As caminhadas na praia, as risadinhas do menor ao ouvir uma piada besta de Bang, os beijos inocentes trocados... Se lembrava desses momentos, mas nunca do rosto do Innie.

O que lhe causava aquela perda de memória? Ao final de suas férias, enquanto corria para se despedir do namorado, um carro acima da velocidade atropelou Chan, estrangando não só seus planos como sua memória também. Bang acabou por ser levado à Coréia para ter um tratamento melhor e, assim que recebeu alta, fez dezenas de exercícios mentais. O maior chorava por noites querendo lembrar do garoto, mas não conseguia, por mais que levasse sua mente ao limite.

Como todas as pós-férias, Chan teria que voltar à sua faculdade, mesmo que ainda estivesse devastado com sua perda de memória. Se lembrava de pessoas antigas, mas não as novas como Innie.

Acordou desanimado naquela segunda de céu cinzento e fez seu ritual matinal, escovando os dentes, arrumando os cabelos negros de qualquer jeito e colocando uma roupa confortável. Pegou sua mochila, retirando sua carteira antes de coloca-la nas costas, e foi ao ponto de ônibus mais próximo.

Entrou no transporte público e deu uma certa quantidade de dinheiro ao homem dirigindo o veículo. Achou um assento vazio e, antes de se sentar, pegou a flor de papel que havia sido deixada no local. Ela era feita de papel de caderno, no entanto não deixava de ser bela. Um origami perfeitamente dobrado, quem olhasse de longe veria uma verdadeira flor.

Bang mal percebeu quando o ônibus parou à frente de sua faculdade e teve de sair quase correndo, desagradando alguns passageiros. Ao cruzar o portão da universidade, Chan passou seus olhos no campus procurando seus amigos mas não os localizou, então se sentou num banco distante dos outros.

Analisando o pátio da faculdade, pode ver muitos estudantes conversando animados sobre suas esplêndidas férias. Chan queria poder contar sobre as suas também, mas isso lhe traria as vagas lembranças do menino que procurava se recordar.

Enquanto aqueles entusiasmados conversavam, outros simplesmente ficavam em bancos sozinhos igual Bang, em especial, viu um garoto de rosto coberto pelas mechas de cabelo e com uma boina marrom na cabeça enquanto dobrava algumas folhas de caderno.

Ao soar do alto sinal, todos começaram à entrar, inclusive ele. Bang se levantou sem pressa e ao passar pelo banco que antes o garoto estava sentado, viu outra flor, idêntica à encontrada no ônibus.

Então ele é o garoto das flores. Pensou antes de pegar a dobradura e colocar delicadamente na bolsa junto com a outra rosa de papel. As pequenas obras eram lindas, não deveriam ir parar num lixo qualquer, ficariam mais bonitas decorando seu armário, e foi o que fez. Mesmo que atrasado, Bang parou nos armários e deixou suas rosas ali, à cima de dois livros avulsos à escola que lia no momento.

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Algumas aulas passaram rápido para um aluno estudioso como Bang, o horário do almoço tinha finalmente chegado e ele foi logo ir comer com seus amigos, que finalmente tinha encontrado. Horas prestava atenção na conversa e horas procurava o garoto das rosas, mas não o achou em lugar nenhum, talvez não fossem do mesmo semestre.

Chan comeu pouco, sabendo que teria uma aula prática, misturando os alunos de diferentes semestres do curso, e que provavelmente iria provar não só sua comida, mas também à de outros alunos. Ao chegar num tipo de "sala-cozinha", Bang localizou ele em meio à alguns alunos do segundo semestre. Indo contra sua vontade, deixou de encarar o menino e focou em sua aula, agora não era hora de conversa.

O prato que teriam que desenvolver precisaria ser uma salada, mas não uma qualquer, como alface e um pouco de tomate, teriam que utilizar muitos outros vegetais, ao total, o alimento deveria ser o menos calórico possível. Sem qualquer tempo limite, os estudantes começaram suas saladas, decorando de forma únicas com os mais diversificados ingredientes.

Ao final da tarefa, veio a degustação. Muitos dos pratos eram deliciosos, verdadeiros pratos de chefes, porém alguns necessitavam de algumas melhoras. O professor deveria ter alguma descendência francesa, devido ao seu sotaque e seu jeito ríspido, não guardando comentários grossos aos alunos que não atingiam seu nível. Entre os estudantes humilhados, estava o garoto das flores. O coitado quase chorava com as ofensas, mas se mantinha de cabeça erguida, evitando ao máximo desviar seu olhar do professor.

Ao final da tortura para uns e a bênção para outros, todos foram dispensados para irem ao seus dormitórios ou casas alugadas nas redondezas. Bang passou por seu armário e, antes de pegar suas coisas mais importantes, notou a flor de papel pendurada ali. Em uma das "pétalas" havia um recadinho: Eu também te observo pegando minhas flores, fique com essa de presente feita especialmente para você. Aquela flor de papel era diferente das duas últimas que havia visto. Era feita de cartolina amarela e decorada nas pontas com singelos desenhos à lápis. Chan não pode conter um risinho com aquilo, apesar de muito fofa a atitude, porque cargas d'água um estranho havia lhe dado uma flor com uma mensagem tão bonita? Bom, da mesma maneira do porque dele observar o garoto das rosas, a razão do bilhete era desconhecida.

Decidiu levar seu presente nas mãos mesmo e deixar as outras duas rosas na bolsa. Optou por ir caminhando do que de ônibus, a brisa do entardecer era perfeita para deixar os pensamentos fluirem melhor. Chegando em casa, não foi muito diferente dos outros dias. Bang tomou um refrescante banho e se preparou para começar os exercícios mentais.

Terminou seus exercícios mais cedo pois queria refletir sobre seu dia e o tal garoto que insistia em permanecer na sua cabeça. Enquanto olhava para as rosas numa estante perto da cama, pensava se Innie ficaria bravo ao saber que agora olhava para outro garoto. A situação chegava à ser cômica: Chan estava se preocupando com um garoto do qual nem lembrava sobre um garoto que nem conhecia.

Finalmente adormeceu quando o cansaço bateu mais forte do que sua vontade de juntar as pequenas peças de sua vida.

Continua...
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Paper Roses [JeongChan - Stray Kids]Where stories live. Discover now