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Escuto um silêncio, mas continuo na porta.
Finjo alguns passos, e volto devagar para o lado da porta, esperando ela abrir.
Alguns segundos depois escuto ela abrir, continuo encostado na parede.
Ela sai e fica de costas para mim olhando para o corredor.

-- Luke?... Luke!( Não respondo e ela começa a chorar)
Então decido logo falar com ela.

-- eu tô aqui( falo tocando seu ombro)

Ela se vira,aliviada e me abraça forte. Continua chorando, mas acho que agora não é mais de tristeza, e sim porque está feliz de eu não ter ido.

Eu disse que nunca ia deixar ela.

-- eu não vou embora Julie, até você estar melhor ( falo abafado em  seu ouvido)

Ela só balança a cabeça concordando. E ficamos um tempo ali parados até ela se acalmar.
Me leva para o seu quarto, segurando minha mão, até a sua cama e senta. E eu faço o mesmo.

-- a minha mãe tá morrendo( diz enfim)

-- eu sei, eu sinto muito mesmo Julie

-- eu já perdi um irmão antes...do Carlos

-- desculpa se for indelicado, mas quantos anos ele tinha?

-- não tudo bem,eu conto. Ele só tinha dois anos quando...ficou doente

-- doente,tipo igual a sua mãe?

-- ele teve uma doença rara no estômago, que fazia ele não poder comer nada, a barriga dele inchava tanto que ele sentia dor

-- não tinha cura na época ou ainda não tem?

-- ainda não tem, e mesmo sendo rara os médicos para ajudar no tratamento dessa doença são muitos caros e com agenda cheia, então o Jace não aguentou a fila de espera...(uma lágrima desce de seus olhos)

-- ei, eu tô aqui. Pra sempre lembra?( Falo puxando ela para perto de mim)-- e se você querer um tempo só pra você eu entendo

-- obrigada ( diz agora com a cabeça no meu peito)

[...]

O Carlos chega do hospital, menos o Ray.
Me encontra na sala com a Julie dormindo no meu colo.
Ele só sinaliza e sobe as escadas.
Já são uma da tarde e faltamos a aula hoje. Com certeza os meninos estranharam eu não ter ido pra casa e nem pra escola. Mas acho que eles sabem onde eu tô.
Porque agora alguém toca a campainha da porta.
Levanto delicadamente a cabeça de Julie, para me levantar.
Vou atender a porta , e vejo os dois no lado de fora.
Os convido para entrar em silêncio.

-- a Julie tá dormindo. Ela não tá muito bem hoje( falo baixo)

-- você teve notícia do hospital?(pergunta Alex)

-- só que a Rose está se recuperando para  vim pra casa e...

-- entendi ( responde Reggie)

-- vocês estão bem? Quer dizer, você passou a noite aqui e nem ligou pra gente ( diz Alex preocupado)

-- é cara, todo mundo perguntou sobre vocês na escola,e a gente não sabia o que responder

-- como eu disse a Julie não tá bem, e eu não tive muito tempo assim pra ligar. Ela nem quis saber de música

-- talvez seja por causa da mãe dela né ( diz Alex dando um tapinha na própria testa)

-- eu acho que a gente tem que escrever logo uma música nova, se não vamos perder o contrato com a gravadora

-- eu sei Reggie, cê acha que eu não pensei nisso? Mas eu tô entre cuidar da Julie e cuidar da música nova, e vocês sabem como eu amo as duas coisas, só que mais a Julie

Os dois se olham e riem.

-- a gente sabe cara, tá tudo bem

-- que tal fazer uma música pra Julie, que tá  passando por esses momento difíceis (sugere Alex)

-- é

-- eu já sei!

-- o quê? (diz os dois em uníssono)

-- eu vou falar com a mãe da Julie pra nós ajudar na música

-- é mesmo, ela também compõe né?

-- sim. Tá resolvido, vou falar com ela amanhã.

-- beleza cara, a gente tá indo nessa, mas diz pra Julie que passamos aqui

-- ok, tchau

-- tchau
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Que música virar aí? Quem consegue adivinhar?

Você Me Ama? { Juke }Onde as histórias ganham vida. Descobre agora