II. Gelo e Fogo

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1569 Palavras


O barulho ia ficando cada vez mais alto e próximo.

—Que tipo de pessoas conflitam com gigantes? —Rhaynes perguntou apreensiva.

—Não são pessoas... São Trolls. —Solomon respondeu.

Assim que o aprendiz acabou de falar, cordas grandes e grossas começaram a surgir por cima dos paredões. Aos montes e em movimento quase que coreografado. Elas foram arremessadas ao chão e assim que o tocaram, as criaturas começaram a surgir e a descer por elas rapidamente ainda aos gritos.

Rhaynes pouco sabia sobre os Trolls. Tudo que ouvia a respeito deles era que eram perigosos e traiçoeiros. Nômades e criados para saquear e pilhar, atacavam vilas ou pequenas cidades indefesas causando problemas em grande parte do norte, mas aquela era a primeira vez que a meia-elfa os via.

Eram criaturas um pouco mais altas que um homem comum, porém bem mais robustas. Apesar do frio, mantinham quase toda a pele acinzentada exposta, quase todos com tatuagens com desenhos estranhos e runas que deviam dizer algo na língua deles. Seus dentes saltavam de suas bocas como perigosas adagas, cada um deles trazia consigo uma arma, a maioria usava tacapes e lanças, e estavam em um número perigosamente grande vindo dos dois lados.

—Nós vamos morrer! —Solomon berrou.

—Não se eu puder matá-los antes. —Porthos disse já armando seu poderoso martelo.

Rhaynes olhou para o gigante recém liberto.

—Hey gigante! Se você quer mesmo viver vai ter que nos ajudar a sair dessa!

Sem esperar resposta alguma a meia-elfa saltou para cima do gigante prendendo-se aos seus ombros.

—Agora corram! —Ela gritou.

O gigante entendeu a ordem e disparou com suas longas pernas. Solomon e Porthos agilmente se agarraram ao grande colete de pele de mamute que o gigante vestia, assim o enorme homem carregava os três enquanto fugia do exército de Trolls.

Um Troll era mais musculoso que os outros e tinha um corpo cheio de cicatrizes, mantinha-se a frente de seu grupo com o que parecia ser um osso de gigante nas mãos que usava como arma, esbravejava palavras de comando em seu estranho idioma.

—Que infernos ele está falando? —Porthos indagou.

—Ele acabou de dizer aos seus soldados que teriam mais carne para o jantar. —Respondeu Solomon.

Rhaynes não sabia dizer se ele estava dizendo a verdade.

A horda de Trolls era veloz demais e estavam quase alcançando o grupo. A mestiça ajeitou-se sobre o ombro do gigante e posicionou seu arco. Era difícil mirar com todo aquele movimento, mas a arquearia era uma das suas melhores habilidades. Em instantes suas flechas saíam de seu arco e atingiam os peitos dos seus perseguidores, setas encantadas com a rara magia de gelo, que congelava aqueles que eram atingidos, os fazendo caírem duros no chão. Mas os ataques individuais não bastavam para parar aquela manada, não antes que eles os alcançassem.

—Que se foda! Meu martelo vai entrar em ação! —Gritou Porthos se soltando do gigante e encarando as dezenas de Trolls que os perseguiam.

—Porthos! Nãoo! —Rhaynes berrou, mas o anão a ignorou.

O grande martelo feito à base de magia do fogo avermelhou-se como metal em brasa, o calor oriundo da arma era tanto que esfumaçava ao contado com o ar frio do ambiente. Qualquer um que tocasse aquele cabo teria a pele terrivelmente queimada, exceto os anões, que por algum motivo eram imunes ao fogo. Por essa razão Porthos brandia aquele ameaçador martelo fumegante esperando o impacto com as tropas inimigas.

Rhaynes: A Travessia de GeloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora