Jungkook aproveitou cada segundo daquele jantar, sentindo seu coração ficar cada vez mais leve e envolvido. Ele ouviu seus pais falarem sobre as coisas que tinham em mente, e compartilhou os bons momentos de sua caminhada, prometendo levá-los juntos da próxima vez. E quando deitou em sua cama naquela noite, ele foi dormir pensando nas ondas batendo nas pedras e no pôr-do-sol que queimava o céu em brasa, e seus sonhos foram preenchidos com a silhueta formosa que rebolava em meio às chamas.

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O primeiro dia de aula sempre fora para Jungkook, algo muito difícil de lidar, ainda que soubesse que boa parte da turma o acompanhava há anos, era algo massivamente opressor e incerto. Agora ele não estava lidando apenas com um primeiro dia de aula, mas sim com um primeiro dia de aula em um lugar completamente novo, muito longe de tudo que ele conheceu em toda a sua vida até então.

Quando o carro estacionou em frente à entrada da escola e seu pai se despediu dele, Jungkook desejou estar algemado ao banco do carro para que não pudesse ter que ir para a boca do dragão. Foi necessária uma força de vontade imensa para conseguir abrir a porta e descer. Ele assistiu o seu pai dirigir para longe com a apreensão crescendo em seu peito.

O barulho das ondas o fez notar o mar do outro lado da pista, o barulho das águas dançantes se misturando com os burburinhos em da língua nativa. Parece que não é exagero quando dizem que em uma ilha tem água em todos os cantos. Porto Rico é uma ilha afinal. Jungkook suspirou tão fundo que suas costelas doeram por um segundo, um gesto de incentivo, como se pudesse absorver coragem da brisa salgada da manhã. Girando nos calcanhares e erguendo a cabeça, ele então seguiu para dentro.

A manhã se arrastou pesarosamente enfadonha, não houve um momento em que Jungkook havia se sentido confortável ou acolhido na sala de aula. Os professores eram bons e as aulas se mostraram incrivelmente agradáveis, mas os momentos de intervalo, e principalmente na hora do almoço, tinham sido estranhos e sufocantes.

A saudade de Jin pulsava em seu peito tão intensa quando ele sentou-se sozinho para comer, os olhares que pesavam sobre si, como se fosse algo exótico e incerto, a sensação de ser um bicho enjaulado em exposição tomou conta de si fazendo-o encolher os ombros, seu olhar em nenhum momento saindo de seu prato, e as risadas e comentários baixos fazendo-o se sentir ansioso. Isso vai ser muito mais difícil do que eu imaginei.

Quando o sinal tocou anunciando o fim da última aula, ele foi ágil em recolher suas coisas, segurando as alças da mochila, ele girou o punho passando a mesma por cima da cabeça e a encaixando em ambos os braços, em um movimento limpo. Seguiu para fora da sala torcendo para que seu pai já o estivesse esperando do lado de fora.

- Mira ese ridículo pelo rojo. – A voz soou bem ao seu lado, Jungkook podia sentir que o comentário era direcionado a si, e ainda que não compreendesse o que havia sido dito, ele instantaneamente se sentiu mal.

- Sí, parece una cabeza de fósforo. – As gargalhadas fizeram com que seus ombros se encolhessem ainda mais, e ele seguiu em frente amaldiçoando o fato de não ser invisível.

Jungkook saiu porta afora, passando pela quadra e em seguida pelo estacionamento ignorando as presenças ao seu redor, e apenas quando passou pelo portão ele ergueu a cabeça e procurou pelo carro de seu pai, mas infelizmente, ele não estava à vista. Retirando o celular do bolso ele verificou a hora, 14h30, era o horário combinado entre eles mas ainda assim ninguém estava ali para buscá-lo.

Sabendo que esperar era inevitável, e tendo a noção de que continuar à mercê dos desconhecidos poderia lhe deixar mais aflito e ansioso, ele decidiu atravessar a rua para o outro lado da calçada. Havia algo como uma pequena praça com vista para o mar, uma pista de ciclismo verde cortada parte da calçada, e uns bancos de cimento ornamentavam o espaço junto com algumas pequenas áreas de grama.

Baila Conmigo - JJK + PJMWhere stories live. Discover now