Capítulo 8

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  Minhas coxas faltavam se desgrudar de mim e tirar folga de tão cansadas que estavam depois de duas semanas treinando quase todos os dias, só dando descanso para treinar braço e abdômen.

  Estava sentada com a pior postura que conseguia e sentia o olhar de Ethan sobre minha nuca, julgando meu corpo cansado do trabalho. Não que ele estivesse muito melhor, mas com certeza não estava pior, já que só demonstrava o esforço pelo suor que se acumulava no rosto e na clavícula, enquanto eu parecia um tomate de tão vermelha que estava pelo esforço físico.

— Já descansou bastante, vamos tentar a barra hoje? — aquilo acendeu uma animação no meu corpo, mas não o suficiente para me levantar agora. Ainda sentia meus pulmões pedirem por ar e meu corpo latejar fortemente. — Você é preguiçosa.

— Cala a boca — digo entredentes, mas cedo a vontade e me levanto rastejando para pegar uma sapatilha velha que sempre deixava na bolsa. Coloca ela no pé, sentindo falta da familiaridade que elas me trazem.

— Falta pouco, lembre-se que amanhã é sábado, chata — Me pergunto se ele ficaria bravo caso eu jogasse a bolsa nele, mas o pensamento vai embora tão rápido como veio quando meu celular toca ao lado dela. — Por que sua mãe liga tanto?

— Porque ela quer saber o que eu faço.

— Não contou a ela que voltou a dançar? — Ele pergunta incrédulo e nego com a cabeça antes de atender minha mãe e mandar calar a boca com um sinal.

— Oi, mãe — ela parece contente do outro lado, já que atende cantado e com uma música de fundo bem alto.

Oi, meu amor, que horas vem para casa? — Sei que ela está ligando para ter alguma dica de onde estou, já que eu chego em casa todos os dias no mesmo horário e não falo nada.

— Mesmo horário, mãe. — Me afasto de Ethan, tentando pegar um pouco de privacidade, mas não tem como, já que a sala não é tão grande com as das aulas e o som ecoa alto aqui. Observo as paredes azuis claras, uma tampada por espelho, e outras duas por barras.

Estava pensando em chamar o povo para comer aqui esse fim de semana, ou prefere só a gente? Podemos cozinhar também, chamamos a malina e a Belle.

— Podemos conversar quando eu chegar, por favor?

— Claro. Até.

  Coloco o celular onde estava e ponho a mão na barra, ignorando o olhar repreensor que Ethan tem no rosto por saber que ainda escondo a dança da minha família. Prendo meus olhos em um ponto acima da sua cabeça e aguardo que ele venha para perto.

— Não acho isso certo.

— Não importa. Não é o que acha, mas o que eu sinto, Holbrook. — Sou grossa, tentando cortar o assunto e voltar para a dança, que é o motivo de estarmos aqui, mas ele não se aproxima, continua parado e eu continuo não o encarando de volta.

— Tem que contar para eles.

  Desmonto da pose e me aproximo da barra, pegando meu apoio dela e respirando fundo para não deixar que minhas emoções tomem conta de mim.

— Eu sei o que eu tenho que fazer, porra. Acha que eu sou idiota por algum acaso? Devo tudo aos meus pais, mas isso não se trata deles — ele continua me encarando com um olhar superior e isso ferve todo o meu sangue no corpo, que parece estar perto de explodir e causar algum desastre. — Se eu contar para eles se tornar isso real.

— Eu só ach...

— E eu não preciso saber — abaixo um pouco a guarda, tentando mostrar para ele que isso realmente não vai ajudar agora.— Eu vou contar, acredite quando digo que vou, mas forçar algo não vai ajudar.

Sobre laçosWhere stories live. Discover now