Capítulo 3

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  Sinto um cutucão no meu braço e levanto um pouco a cabeça para ver quem atrapalha o meu sono. Encaro Theo na minha frente, me olhando com cuidado e sinto vontade de mandá-lo à merda e voltar a dormir, mas quando olho ao redor vejo que a aula acabou e só tem nós dois na sala.

— Sua paixão por biologia me surpreende — ele brinca quando estamos fora da sala e só arrumo a mochila no ombro, ainda me sentindo sonolenta. — Não dormiu a noite? — meu amigo continua a puxar assunto e me questiono se seria de extrema falta de educação apenas não responder.

— Dormi, mas ainda estou com sono — sou meio seca e sei que ele percebe o meu mau humor matinal. Nos conhecemos há anos, e ele sabe como posso ser extremamente chata durante o período que sou obrigada a ouvir o professor falar.

— Aula de matemática agora, né?

— Nem me lembre — passo a mão no cabelo, os colocando para trás, para que não atrapalhem meu rosto. Escuto Theo rindo ao meu lado e já sei o que ele irá dizer a seguir.

— Filha da Sophia Cooper não gostando de matemática, quanta ironia — ele zomba e tenho vontade de colocar meu pé no meio das suas pernas para que ele tropece de leve. Mostro a língua e bagunço seu cabelo, o irritando.

— Eu saber matemática não me torna obrigada a suportar, Lewis.

  Ele levanta os braços, se rendendo e começa a andar de costas quando me deixa na sala, não esquecendo de acenar antes de virar o corredor. Antes que eu possa terminar de rir da brincadeira, sinto um empurrão nas minhas costas, deixando todos os cadernos caírem no chão.

  Me abaixo para começar a pegar eles e vejo quando a pessoa se abaixa também para me ajudar. Obrigada! Quando tudo é colhido, me levanto e começo a arrumar eles no meu braço. Olho para frente quando uma mão é estendida na minha direção com algumas folhas e mais um livro.

  Vejo a última pessoa que imaginei encontrar e franzo o cenho para ele, que também parece surpreso em me ver.

— Garota misteriosa — reviro os olhos pelo apelido idiota e pego os papéis com um agradecimento quase inaudível.

— Não me chame assim, já sabe meu nome, Ethan — dou as costas e entro na sala de matemática, onde só havia o professor esperando dar o sinal da próxima aula.

— Sei disso, Luninha, estava apenas brincando — me seguro para não revirar os olhos quando ele se senta na cadeira a minha frente e se vira para mim. — Mas ainda não é isso.

— Isso o que, garoto? — pergunto com medo dele ser meio lelé da cabeça.

— Não é da escola que eu te reconheço.

— Ainda com isso na cabeça? — ele dá de ombros e o sinal ecoa pela escola, me assustando. Escuto uma risadinha vinda de Ethan e fico surpresa pela forma que ele se sente confortável com desconhecidos.

  A turma enche e o professor começa a escrever um grande trabalho na lousa, me deixando com mais sono do que o comum e entregando um grande convite para mais uma soneca com isso.

***

  Encaro os gêmeos no fim do corredor e espero eles caminharem lentamente até a minha direção.

— Bom dia, flor do dia — Malina se joga no meu pescoço animada, e dou risada do humor dela no meio da semana sem motivo algum.— Hoje o mundo decidiu rir de mim.

Que isso. Estava apenas rindo do seu bom humor sem motivo.

— Ah, pronto, tenho que ter motivo para estar feliz, vê se pode isso, Manon— ele se aproxima com a roupa do time de basquete e coloca o braço em cima do meu ombro enquanto andamos até as portas da escola, me sinto meio desconfortável com a aproximação, mas não me afasto.

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