Cap 1

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- Me diga a verdade... - pediu minha mãe, a rainha Heloísa de Medellín.

- Majestade... - hesitou o médico do castelo.

- Por favor, Arnold... - pediu, e logo em seguida começou a tossir - em nome de todos esses anos em que vivemos juntos, sua lealdade pela família...

Arnold desviou o olhar.

Em pé, ali, ao lado da enorme cama, naquele quarto cor de marfim com detalhes em branco, onde a rainha se encontrava há vários dias, incapaz de mover-se sozinha, enferma por uma doença jamais vista antes, o médico derramou uma lágrima.

- Arnold... - ela segurou sua mão.

Ele caiu de joelhos, prostrado, segurando a mão da rainha e chorando como uma criança, e meus olhos também já ardiam.

- Me perdoe Heloísa... me perdoe... - falava entre sussurros.

- Eu não tenho muito tempo... não é mesmo?

- Sinceramente... eu não sei como vossa majestade ainda está viva... já tentei de tudo, reinos vizinhos não tem remédio para isso... Eu sinto muito...

- Então eu vou morrer logo... - a mesma fechou os olhos parecendo sentir dor...

Ela vai morrer... A minha mãe vai morrer...

Balancei a cabeça em negativa, e apressadamente levei minhas mãos ao rosto secando todas as lágrimas. Esse movimento fez com meu braço derrubasse um vazo, que foi direto de encontro ao chão. Alarmando todos.

Arnold levantou-se.

- Quem está aí?

Eu comecei a soluçar, incontrolavelmente, sentia meu rosto queimando.

- Helena...? - a rainha me chamou.

Eu não sabia o que dizer, o que fazer, eu só queria assimilar tudo. Primeiro meu pai, agora ela... por quê?!

Eu saí do meu pequeno esconderijo e fiquei de frente à ela.

- Helena... - ela sorriu gentilmente, os olhos brilhavam - venha aqui? - Me chamou - Me ajude a ficar sentada - pediu ao médico que estava ao lado.

Eu fui a passos lentos até ela, me segurando...

- Venha, suba aqui - ela agora sentada, amaciava o lugar onde me convidava a ficar.

Eu praticamente pulei na cama, e a abracei fortemente.

- Mãe... mãe! Eu não quero que a senhora morra!!!

Eu soluçava e o pranto tomou conta de mim... senti suas mãos ao meu redor, me abraçando... tão levemente... sua falta de forças era notável, assim como seu rosto que era o mais belo que eu já havia visto, agora se encontrava pálido, quase sem vida...

- Oh... meu amor... - sua voz também estava trêmula, senti suas lágrimas caindo em meus ombros - Eu também não queria te deixar...

- Mãe, não vá... mamãe, por favor... já não temos mais o papai...

- Não temos mais o que fazer, meu bem... - ela alisava meus cabelos.

- Não, mãe... o Arnold está aqui, ele é o melhor médico do mundo! Lembra quando eu caí daquela árvore e torci o pé?! Ele me curou... eu tô bem... ele vai curar a senhora também, não é Arnold?! - o olhei, meus olhos ardendo, pesados de lágrimas e a esperança pulsando em cada batida do meu coração.

Mas o silêncio de Arnold foi cortante. Seus olhos desviaram dos meus para a rainha.

- Eu sinto muito, alteza...

Foi como se ele tivesse feito meu coração parar.

"Eu sinto muito..."

Voltei a encarar minha mãe e as lágrimas saiam dos meus olhos como se fosse lava... tão quentes, tão dolorosas...

E foi naquela noite... em que ela se foi.

Não demorou muito, ela sempre me reconfortando. A tosse atacou bem mais forte, sangue saia de sua boca, ela não conseguia mais respirar, me tiraram de lá a força, mesmo eu pedindo pra ficar, gritando para não deixarem ela morrer...

O reino entrou em luto, todos de preto em seu enterro, até o céu chorou...

Com a morte da rainha e eu a princesa Helena com poucos anos de idade, o reino solicitou a presença da então duqueza Justine, irmã do falecido rei Derick de Medellín, meu pai, até que eu completasse a idade e me casasse, sendo coroada assim rainha de Medellín, com o futuro rei que junto à mim, governaria comigo e unificaria nossos reinos, trazendo assim, paz a nossa terra.

Alguns anos se passaram desde que minha mãe se foi...

....*....

- Helena! - minha tia entrou pela porta da biblioteca com raiva, me tirando toda a concentração do romance que eu lia.

- Mas o quê...? - franzi a testa ao vê-la acompanhada de dois guardas.

- Volte já ao seu quarto! Já te disse que você pode ler todos os livros que quiser, mas nada de sair dos vãos principais do castelo!

Fechei o livro que estava lendo e revirei os olhos. Levantei igual a lady que eu sou, arrumei o vestido e saí.

- Cadê aquela anta que é paga para te ensinar a ser princesa?

- Eu dei folga a ele. - falei antes de cruzar a porta.

- Adolescentes... - minha tia resmungou - vão! Vão atrás dela e achem Jeremy.

....*....

- Helena, hoje eu quero que você se comporte igual a princesa que você é. - a duqueza repreendia qualquer rebeldia que eu tentasse fazer - esse baile é de suma importância para o reino, você já tem 14 anos.

- Eu sei, eu sei. - falei marrenta, pendurando meus pés na cama.

- É sério, minha flor... - ela sentou ao meu lado e segurou meu rosto com uma das mãos - Você precisa entender que é a legítima herdeira de Medellín.

"A legítima herdeira de Medellín a mais bela das princesas, minha filha, Helena Francine de Medellín"

Flashes da minha mãe dizendo á mesma coisa pairavam por minha memória.

Assenti.

- Agora vá, escolha seu vestido, enviarei uma das criadas para lhe ajudar.

- Está bem...

- Só por garantia... deixarei guardas de olho em você - disse antes de sair do enorme quarto.

Hey meus amores!!!

Primeiríssimo Cap de mais um livro.

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Helena: Um Novo Reinado SurgeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora