Capítulo Dois: Bright e Ame

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Eu, Bright, me mudei há um mês para cá e não imaginei que essa cidade pudesse ter mudado, mas me enganei. Tudo continua do mesmo jeitinho. Só agora parei para analisar tudo. Sorrio olhando o bairro, onde cresci, andei de bicicleta pela primeira vez, brinquei de pique esconde, corri atrasado para a escola, passei a 1° vez com meu namorado. Não, de novo não. Lembranças me invadem e eu paro o carro, eu preciso respirar. Isso ainda me afeta.

— Pai, você tá bem? — pergunta minha filha, tocando meu braço. — É aquela coisa de novo? Ligo para o papai First?

— Não… Está tudo bem, Ame, eu só esqueci meu inalador de novo. — minto. — Não precisa ligar para o seu pai.

— Tá bom, papai… Obrigada por deixar eu ir na casa da Lotte semana que vem. — diz sorrindo e isso me traz de volta ao lugar.

— Eu disse que deixaria, só que antes não dava mesmo. — explico de novo. —De nada, meu amor, mas por que semana que vem ainda?

— A Lotte e eu queremos preparar uma coisa bem legal! — fala, rindo agora, de orelha a orelha. — Você vai também, né?

— Papai tá ocupado… Você sabe. 

— Ah é, tudo bem. — fala, e percebi que seu tom de voz mudou, de um extremamente feliz, para um totalmente desanimada. 

— Ame…

— Nada, papai. Falta muito para chegar em casa? — pergunta, tentando mudar de assunto e sei que ela está triste, mas não insisto. 

O caminho até em casa foi num completo silêncio, ela acabou dormindo e eu a carreguei até a cama. Ao voltar para a sala, vejo Dew sentado no meu sofá favorito, jogando videogame.

— Explique-se. — falo, de cara feia.

— A Tu! — diz, sem soltar o console e me encarar.

— Desenvolva. — continuo, com raiva.

— Ela está brava, tem algum trabalho muito importante e precisa de espaço. — bufa. 

— Certo… Mas por que você tá no meu sofá mesmo? — Reclamei.

— Ela precisava de espaço, então vim para a casa do meu amigo favorito.

Reviro os olhos e desisto. É impossível às vezes argumentar com ele. Pelo menos, ele fez o almoço, então não vou reclamar tanto. Demorei ainda, uns 30 minutos, para chamar a Ame. Ela toma banho e se arruma e desce correndo quando percebe que o Dew está aqui. Às vezes, eu acho que tenho dois filhos.

— Brigou com a tia Tontawan de novo, Tio? — pergunta ela, curiosa. — Parece meus pais.

— Na verdade é o seu pai First que brig… — o cortei, antes de terminar.

— O que o Tio Dew quis dizer é que às vezes, os adultos precisam conversar sério. — explico. — Por que você não conta ao seu tio as novidades?

Ela esquece esse assunto e começa a contar, animada, ao Dew, sobre ir à casa da amiga, e ele dá ideias de como elas podem se divertir e de verdade, me pergunto se o Dew não é uma criança em corpo de adulto.

Por isso que a Ame e ele se dão tão bem, minha filha ama conversar, e inventar coisas para se divertir e o Dew é exatamente assim.

Eu gosto de vê-la assim feliz. Quando a gente se mudou, ela ficou triste por deixar seus amiguinhos e seu outro pai, meu ex-marido, o First. Mas conversamos e explicamos, da melhor forma possível, porque eu estava voltando para minha cidade natal. E que ela ainda veria o pai, sempre.

Foi inevitável, claro que foi difícil, porque é recente. Agradeço por essa nova amiga ter criado uma relação rápida e por estarmos mais próximos de Dew, que, dia sim e dia não, está aqui, antes era uma vez por mês e ela o adora.

— Vamos, tio Dew, já que o papai Bright não pode! — pede e faz bico. — Por favorzinho.

— Você sabe que eu não posso dizer não a você, né? — diz e aperta as bochechas dela, de leve. — Mas, não vou poder, tenho trabalho da faculdade.

— Você ainda estuda, tio? — pergunta confusa. — Papai, por que o tio ainda estuda e você não?

— Porque seu papai é inteligente e o seu tio Dew… É o seu tio Dew, por isso não acabou.

— Depois eu que sou o imaturo. — revira os olhos.

— Bem, chega de conversa. — falo e ponho a mesa. — Vamos comer.

Destinado A Te AmarWhere stories live. Discover now