Capítulo I

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 Era uma manhã estranha no sítio do pai de Helena. O céu estava cinza mas não parecia que ia chover. Os pássaros não estavam cantando como era de costume. Na verdade, tudo estava quieto demais.

Helena estava preparando o café de seu pai como sempre fazia. Como só moravam os dois na casa, ela cuidava dos afazeres domésticos e seu pai cuidava das vacas, que era a fonte do sustento da família. Ela gostava de cozinhar, estava cortando cenouras para adiantar o almoço, quando ouviu seu pai gritar do meio do pasto:

– Santo Deus!

Seu pai não era de se surpreender com muita coisa, então ela largou as cenouras e foi correndo ver o que havia acontecido. Ao chegar no campo se deparou com seu pai sentado no chão de olhos fechados, com a cabeça abaixada e coçando a nuca. A frente dele estavam as suas vacas, que deviam ser cerca de umas treze, todas mortas.

Elas estavam largadas, espalhadas pela grama com os olhos abertos. Helena se aproximou para vê-las melhor. Tinham manchas azuis pelo corpo e seus olhos estavam cinzas. Ela nunca havia visto uma vaca com manchas azuis ou olhos cinzas.

– O que aconteceu com elas, pai?

– Eu não faço ideia. Ontem elas estavam bem, e agora isso? Eu não estou entendendo. Respondeu o Sr. Hilmes.

– Essas manchas são estranhas. Será que elas não estavam doentes? Perguntou Helena com um ar de inocência.

– E desde quando existe uma doença que deixa as vacas azuis? Eu nunca vi isso, nem ouvi falar, em toda minha vida. E olha que eu já ouvi falar muita coisa estranha. Mas parece que pra tudo tem uma primeira vez, não é?

Eles permaneceram em silêncio por alguns segundos. Helena olhou para seu pai, que parecia uma pedra imóvel no meio do pasto.

– O que vamos fazer agora, pai?

Ele parecia estar se encolhendo cada vez mais, abraçando seus joelhos com a cabeça entre eles.

– Eu não sei. Respondeu ele erguendo sua cabeça e olhando para o céu, talvez esperando que uma resposta viesse de lá.

Durante o dia, sem suas vacas, o Sr. Hilmes não sabia ao certo o que fazer. Ele ficava andando de um lado para o outro, olhando para o chão e suspirando. Ia ao campo ver os cadáveres das vacas, voltava para a casa, andava até o pequeno riacho, e voltava.

Depois do almoço, ele pegou sua carroça e foi até a cidade e só voltou ao anoitecer. Helena já havia preparado o jantar e o estava esperando enquanto tentava costurar os buracos nas calças dele. Ela não sabia costurar de verdade, não conseguia fazer uma peça de roupa nem nada mais complicado, só fechar buracos de roupas com uma linha e agulha, era tudo o que seu pai pôde lhe ensinar.

Quando o Sr. Hilmes abriu a porta tinha um rosto abatido, ainda mais do que quando estava diante de suas vacas mortas. Tinha os olhos fixados no chão, e os ombros arqueados para frente, como se tivesse um grande peso neles. Ele trouxe consigo uma sacola cheia com algumas garrafas.

– Oi, pai. Você demorou. O jantar já está pronto. Está com fome? Disse Helena vendo o estado do pai e tentando, de alguma forma, animá-lo.

– Não, querida. Não estou com muita fome. Respondeu o pai indo até a cozinha.

Helena achou estranho o pai chamá-la de querida, ele não a chamava assim desde que sua mãe havia falecido, quando ela tinha 4 anos. Eles se sentaram à mesa onde Helena já tinha deixado o jantar posto, com talheres pratos e copos, cuidadosamente alinhados. Ela se serviu de polenta e batatas, que era o prato principal naquele dia, mas o Sr. Hilmes tirou o prato que estava em sua frente e o deixou de lado, pegou uma das garrafas da sacola e colocou sobre a mesa. Era uma garrafa de Whiskey barato.

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⏰ Dernière mise à jour : Mar 14, 2021 ⏰

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Helena e a alquimistaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant