Capítulo II - O Sacrifício

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Capítulo II - O Sacrifício

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Capítulo II - O Sacrifício

Ninguém se atrevia a dizer uma única palavra. O silêncio pairava sobre o centro da cidade, o que era de certa forma engraçado, já que o local estava lotado. Havia muitas pessoas de etnia e idade distinta. Todos, no entanto, pareciam estar tão ansiosos quanto eu.
Minhas mãos tremiam e eu não conseguia parar de morder o lábio, olhando para as coberturas dos prédios próximos, onde seria provavelmente aonde apareceriam. Perguntas idiotas como "Qual será a aparência deles?" rondavam minha mente. Tentava as afastar imediatamente, afinal, saber disso não faria diferença.

— Desculpe. — Alguém pede ao se bater em mim. Viro-me na direção daquela voz, encarando um garotinho que parecia ter uns dez ou onze anos, um pouco mais velho que minha irmã. Ele usava um macacão jeans rasgado e puído, e um boné que parecia ser grande demais para pertencer a ele. Seu rosto se encontrava um pouco sujo, sinal de que talvez estivesse trabalhando ou caçando. — Tem muita gente, não acha? — Pergunta a mim, ficando em pé do meu lado. Concordo com a cabeça surpresa por alguém estar tentando puxar conversa numa situação como a qual estávamos. — Isso é bom. Nossas chances aumentam. — Dá um sorriso enquanto me observa, esperando que eu diga alguma coisa. A verdade é que eu não sabia o que falar. É claro que não era impossível uma criança comparecer, mas esperava que não acontecesse, ainda mais bem diante de meus olhos. E, muito diferente de mim, ele parecia estar tranquilo, não se importando muito com o que poderia lhe acontecer ou esperançoso demais para achar que seria escolhido.

— Não está com medo? — Pergunto. De certa forma eu sentia inveja de sua postura. Eu queria estar da mesma forma, afinal, não era eu mesma que havia me voluntariado para salvar minha família? Eu sempre pareci confiante da minha decisão para outras pessoas e até para mim mesma, embora sempre houvesse uma parte de mim que pedia para eu fugir. Mas sabia que se caso fizesse, ou sequer pensasse na possibilidade, era como trair as pessoas que mais amava.

— Um pouco, mas tenho confiança. — Não convivi com muitas crianças a não ser Chloe, mas estava começando a achar que era normal pensarem como adultos. Muitas delas tinham que caçar a própria comida, ou se virar para conseguir comprar alguma. — A propósito, me chamo Jake. — Oferece sua mão e a aperto. Era igual à minha, áspera. Eu podia através do toque sentir algumas cicatrizes, essas que eu também tinha em algumas partes do meu corpo, especialmente no braço esquerdo e na panturrilha.
Envergonhado, volta a colocar as mãos no bolso do macacão. Sorrio para ele.

— Você me lembra minha irmã. Acho que seriam bons amigos. — O observo desviar o olhar que se encontrava em mim para observar o céu cinzento acima de nós, sinal de que em breve começaria a chover.

— Nunca tive uma amiga. — Sua voz saí como um sussurro. De canto, podia perceber seu olhar triste e até mesmo vago. — Você tem algum amigo? — Penso por um momento. Amigo não era bem a definição que poderia encaixar as pessoas que eu convivia. Eu tinha meus pais, Chloe e um garoto que morava na Rua 77, próxima à nossa. Costumamos andar pela cidade juntos no começo da manhã algumas vezes, procurando algum artefato valioso, dinheiro, joias, ou qualquer coisa que valha a pena. Muitas vezes não trocávamos palavras um com o outro, a não ser para avisar que achamos algo. Ele não é a melhor companhia do mundo, mas também não é ruim.
Ponderei por um momento, pensando no que significava a palavra amigo.

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⏰ Last updated: Oct 07, 2021 ⏰

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