ㅡ É mentira, Tia! ㅡ O outro menino de cabelos de índio debateu.

ㅡ É verdade! Ô tia, o Lucas... ㅡ O de olhos claros voltou a falar, mas logo aquilo virou uma discussão entre os dois meninos.

ㅡ Fala, Gui. ㅡ Sabrina apontou para o único menino que estava em silêncio. ㅡ O que aconteceu?

ㅡ Então, tia... é que o Gabriel, o Lucas e eu estávamos jogando três cortes no gramado perto da quadra de areia. ㅡ O Gui começou a explicar.

ㅡ Hm... ㅡ Sabrina cruzou os braços.

ㅡ Aí o Lucas acertou a bola no rosto do Gabriel, mas o Gabriel ficou com raiva e chutou a bola na cara do Lucas. ㅡ Ele continuou. ㅡ E a bola caiu do outro lado do muro.

Olhei para Sabrina que agora tinha seus olhos fechados e respirava fundo com as mãos na cintura.

ㅡ Chutaram a bola de vôlei e deixaram ela cair do outro lado do muro.... hm... ㅡ Ela repetiu parecendo querer continuar calma. Mas o que eu achei engraçado foi que com duas crianças com o rosto vermelho por causa das baladas, ela ficou preocupada foi com a bola de vôlei.  ㅡ Façam o seguinte? ㅡ As crianças a olharam. ㅡ Contem tudo para o professor de vocês, ok?

As crianças começaram a correr na direção oposta e Sabrina continuou andando. Eu a segui.

ㅡ Isso também faz parte do meu trabalho. ㅡ Ela murmurou. ㅡ Mas se ficar com o emprego, você deve gostar. Só vai ter que atender o pessoal daqui na lanchonete.

ㅡ Espero que sim. ㅡ Sorri.

ㅡ Qual seu nome?

ㅡ Elizah. ㅡ Respondi de imediato.

ㅡ Prazer, Elizah. ㅡ Ela parou de andar e eu olhei para frente. A lanchonete era tipo aquelas cantinas de colégio ou vendinhas de bairro. Tinham salgados, salgadinhos, biscoitos, refrigerantes e esses tipos de coisa. ㅡ THÉO! ㅡ Ela gritou e um rapaz de cabelos negros apareceu.

ㅡ Ai para que gritar. ㅡ Ele resmungou. ㅡ O que que tu quer, pétalas de Margarida?

ㅡ Essa é a Elizah, ela veio pelo outro turno do cantinho. ㅡ Sabrina respondeu.

ㅡ Cantinho? ㅡ Me senti confusa.

ㅡ Cantinho do inferno, é como eu chamo esse lugar. ㅡ Théo respondeu. ㅡ No verão parece que o diabo que tá aqui vendendo comigo.

Ri com suas palavras.

ㅡ Leva ela pro chefe, eu tenho que buscar uma bola de vôlei na casa do vizinho. ㅡ Sabrina resmungou virando as costas e saindo.

ㅡ Obrigada! ㅡ Falei alto, dessa vez, para que ela escutasse. Voltei a olhar para Théo e notei que ele me analisava dos pés a cabeça. ㅡ O que foi?

ㅡ Gostei da sua saia. ㅡ Ele respondeu. ㅡ Tentei usar uma dessas uma vez e não ficou legal. Mas ficou bom em você.

ㅡ Ah... ㅡ Olhei para minha saia. ㅡ Obrigada.

ㅡ Vem, vou te levar na sala do chefe. ㅡ Théo saiu por uma porta vermelha e a primeira coisa que vi foi sua calça rosa bem chamativa. ㅡ Ele pode parecer chato no começo, mas quando conhecê-lo vai ver que ele é um porre. ㅡ Ele falou me fazendo rir.

[...]

Um bom tempo se passou enquanto o homem me fazia milhares de perguntas. Ele perguntou desde ao meu nome à se eu uso drogas. Ele perguntou coisas que eu realmente não sabia para que serviriam para trabalhar numa lanchonete.

Se meu cabelo era loiro natural, se eu ouvia músicas em outro idioma, que tipo de filmes eu gostava, qual meu cantor favorito. Quando saí de lá, só tinha uma hora para ir em casa, tomar banho, me arrumar, almoçar e sair para a escola. Eu estava ferrada.

Eu saí tão rápido daquele lugar que nem tive tempo de agradecer à Sabrina e ao Théo novamente.

Corri para casa como se não houvesse amanhã enquanto meu cérebro repetia na minha cabeça: Não cai, não cai, não cai. Eu já havia passado a vergonha do dia. Não precisava de outra.

Depois que cheguei em casa, fiz tudo que tinha que fazer na maior velocidade que pude. Minha mãe? Minha mãe riu da minha cara o máximo que ela pôde.

Sempre que eu estava atrasada eu fazia caretas que ela não se aguentava.

Acabei indo para o colégio sem almoçar. Um grande erro? Sim. Mas eu detestava entrar na segunda aula. Comi um pacote de biscoitos no caminho e tive que ir com o cabelo molhado também.

Cheguei no colégio literalmente em cima da hora. Zezinho estava a ponto de fechar o portão para ir bater o sinal.

ㅡ Boa... Boa tarde, Zezinho. ㅡ Falei sem fôlego.

ㅡ Que isso, menina? Veio correndo? ㅡ Ele abriu totalmente o portão para que eu pudesse entrar. Ele realmente já estava fechando.

ㅡ Sim. ㅡ Assenti e entrei. Eu estava tão desesperada para chegar na minha sala e sentar que nem bebi água e nem nada. Eu nem sabia como o meu cabelo estava.

Para o meu azar, meu pai havia saído com o carro da minha mãe aquele dia para o trabalho. Ele iria sempre, mas cedeu ontem porque eu não sabia onde era o colégio.

Respirei fundo quando cheguei perto da porta. Um garoto estava parado lá, o que me deixou mais calma. O( a ) professor( a ) Não estava na sala ainda.

ㅡ Ai meu Deus... ㅡ Apoiei as mãos nos joelhos.

ㅡ E ai Pikachu. ㅡ O garoto chamou minha atenção e eu o olhei. Era Daniel. ㅡ Que que houve contigo? Correu de assalto?

ㅡ Não. ㅡ Ri do modo que ele falou. ㅡ Meu cabelo ta ruim? ㅡ Voltei à minha postura e passei a mão no cabelo. Ele já estava seco, e isso me preocupada. Ele secou enquanto eu corria! Deve estar todo para cima. Ele balançou a cabeça negativamente com um sorriso. ㅡ Tem certeza? Deve estar horroroso. ㅡ Passei as mãos nele novamente.

ㅡ Você está linda, Elizah. Relaxa. ㅡ Ele sorriu novamente me fazendo parar e logo depois entrou na sala me deixando ali parada.

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Continua...

Amarelo, a nova cor do Amor - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now