38. O Espelho Atrás da Porta

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"Como se sente?" Ash pergunta pelo telefone.

Respiro fundo e encosto no meu carro estacionado na frente da delegacia.

"Eu não sei. Parece que nada mudou."

"Faz cinco minutos que você registrou a ocorrência, queria o quê, espertona?"

Reviro os olhos, mas sorrio.

Ele tem razão, a mudança prática não cai do céu, sou eu quem deve causá-la.

Assim que desligo a chamada e entro no carro, o incômodo que eu não sei de onde vem anuncia que eu estou fazendo algo importante.

Dirijo de volta para a casa de Luke afim de buscar minhas coisas. No caminho, penso na logística dos dois guarda costas trocando de turno, se eles vão ficar confortáveis no corredor, se não é melhor eu deixá-los na sala, então.

A primeira coisa que fiz nessa manhã, depois de tomar uma aspirina, foi ligar para a empresa de seguranças particulares e solicitar o serviço deles. Essa proteção vai me custar uns bons milhares de dólares mensais, mas pelo menos não vai custar a minha vida.

Eu não sei exatamente o que vai acontecer, se a polícia vai atrás do stalker imediatamente ou se estão esperando que ele venha até mim primeiro. A segunda opção me parece mais certa tendo em vista que não há pistas ainda. O delegado me disse que interrogaria os porteiros e o zelador do prédio, assim como meus vizinhos e comerciantes das redondezas, mas eu não senti tanta firmeza nesse processo.

De qualquer forma, eu acho que confio na polícia.

Amanhã vou ter que explicar a Teddy a situação, mas não poderemos revelar ao elenco para que a investigação não seja vazada à imprensa. O mínimo de informação passada pode ser prejudicial.

A cidade passa feito um borrão enquanto eu reviso minha nova rotina. Quando me dou conta, já estou abrindo o portão automático e olhando para o controle na minha mão por um tempo exageradamente longo.

Sério que estou encarando-o somente por que essa é a última vez que vou usá-lo?

Patético, Lola.

Coloco o carro pra dentro e, depois de apertar o botão de fechar o portão, guardo o controle no bolso.

Não vi Luke quando saí de casa, talvez porque fosse muito cedo. Fiquei aliviada de não ter que tomar café com ele lembrando do que falei ontem antes de dormir.

Eu estava meio consciente e, pro meu bem, seria bom que essa metade do cérebro tivesse esquecido aquilo.

Ele beija tão bem assim mesmo? Droga, Lola.

Me puno enquanto passo pela porta torcendo para que Hemmings não esteja na sala.

E.... ufa. Ele não está.

Nem na cozinha, nem no próprio quarto - que tem a porta aberta, sendo ocupado apenas por Petunia dormindo - e nem em lugar nenhum da casa toda.

É melhor assim, eu odeio despedidas, mesmo essa que é pra ser um livramento.

Dou uma olhada no jardim pelo corredor panorâmico só pra ter certeza, e nada também.

Tudo bem. Tudo perfeitamente bem.

Entro no quarto e... saio dele de novo.

Novamente, olho o corredor e, dessa vez, miro na porta da extremidade oposta. Eu nunca entrei ali, tipo, nunca mesmo.

Petunia parece ouvir meu pensamento em seus sonhos e aparece na porta do quarto de Luke com um olhar acusador.

- Vá dormir, piggy!

Beautiful Stranger | Luke HemmingsDove le storie prendono vita. Scoprilo ora