60 km/h

70 km/h

80 km/h

90 km/h

?????

"Vo-o-cê táa-a louco?!"

"Desculpa, El, não consigo te ouvir."

Decidi que seria mais fácil se mantivesse meus olhos fechados. Comecei a curtir o frio na barriga, o vento balançando meus cabelos e o perfume masculino de Charles.

A motocicleta parou e eu mal percebi.

"Eu sei que é difícil, mas você já pode me largar."

"Engraçadinho." Assim o fiz e descemos logo após. "E então, senhor, onde estamos indo?"

"Bom, como talvez essa seja minha única chance..." Seu sorriso seguro não confirmava essa suposição. Metido. "Decidi que seria um encontro dois em um."

"Não é um encontro." Virei-me e avistei o cinema mais a frente. "E eu não trouxe dinheiro nenhum, já que você me contou outra história antes de sair de casa..."

"É claro que irei pagar para você, já que sou uma cavalheiro." A risada vinda de mim foi instantânea.

"Charles, estamos no século 21. Igualdade entre sexos, mané".

"Então você terá que me chamar em outro encontro e pagar para mim." Ficou orgulhoso de sua revira volta.

"Claro que n-"

"Igualdade, Elise!" Gritou. Para minha sorte, o ambiente estava deserto.

"Maluco. Só vamos.". Puxei-o pelo braço.

Escolhemos um filme de terror cliché, sobre aquele tabuleiro que as pessoas "conversam" com os espíritos. Compramos pipoca e refrigerante e nos sentamos na última fileira; o que foi uma péssima ideia, já que o aquecedor não batia lá direito.

Mais ou menos na metade do filme, meus dentes começaram a bater.

"Você 'tá com frio, né? Me desculpa." Chuck suspirou, olhando-me com sua visão periférica.

"Ainda não me acostumei totalmente com o clima..." Ele começou a tirar sua blusa e eu fingi não estar vendo.

"Bom, eu não vim de jaqueta, mas acho que isso serve". Ele concluiu, entregando-me sua blusa. "Esqueci-me do fator 'Elise-nasceu-num-país-tropical'".

"Thanks. E pare de me chamar de Elise, Charles."

"Só se você parar de me encarar." Respondeu-me, em um sussurro. Pega no flagra.

~

"Tudo bem, agora vou te mostrar que posso guiá-la. Prepare-se para ser humilhado." Falei subindo na moto e ele indo atrás.

"Entretanto, Elise, eu controlo o acelerador."

Revirei os olhos enquanto colocava o capacete. Ele fez o mesmo, ligou a moto e acelerou.Comecei a ficar mais nervosa quando veio o frio na barriga por conta da velocidade. A

"Você está indo bem, só preste atenção aos lados. A moto 'tá indo muito pra direita." Mudei a direção. "Agora muito pra esquerda." Mudei novamente, tentando encontrar um equilíbrio. Suas mãos se encontravam em minha cintura, em um leve aperto.

Perdi a noção do tempo, estava muito centrada à minha frente, morrendo de medo de bater em algo ou alguém. A moto então começou a reduzir a velocidade; eu pude reconhecer a 'nossa' casa aproximando-se.

RATHER BE  {portuguese fanfic}Where stories live. Discover now