_Desvia! _o grito de Natasha me assustou, e eu corri para um lado e vi a clava do vazio que ela estava enfrentando se derramar sobre onde eu estava. O vazio que me enfrentava não teve a mesma sorte que eu, ele foi esmagado, parecia manteiga de amendoim no chão, só que fedida e negra, suas tripas se resumiam a um emaranhado corroído de vísceras, eu corri para longe da clava que ainda repousava sobre o corpo esmigalhado da criatura.

_Obrigado por gritar, esse era seu plano? Quase me esmagar com uma clava? _resmunguei enquanto eu e Natasha recuávamos diante de um vazio com dois metros e meio.

_Agora só temos que nos preocupar com um. Eu o mantive em uma caça de gato e rato e o atraí para cima de vocês enquanto ele me perseguia, só tive que ficar próximo de vocês para que o golpe matasse a criaturinha fétida ali. _ela explicou tudo dizendo as palavras de forma atropelada.

O vazio rugiu e pude ver dentes podres e enormes se projetando em meio a uma baba viscosa que fedia a metros.

_O plano é? _o plano de Natasha não havia sido ruim, só arriscado, e se eu não houvesse assimilado o seu aviso? A tá, sei a resposta, eu seria agora pasta de amendoim também. Mas o plano tinha funcionado, e precisávamos de mais um agora mesmo.

_Se corrermos ele vai correr, e ele tem um alcance maior nas pernas e a clava não melhora nossas estatísticas, portanto temos que dar um jeito nele. _ela estava centrada.

_Ok, não gostei da resposta!

_Sabe usar isso? _escorregou uma adaga para mim.

_Não.

_Nada melhor para aprender do que a prática.

_Não é melhor você a usar? É mais treinada, eu não...

_Deixe de ser idiota! Eu vou distraí-lo e você chega por trás e salta nas costas dele e enfia a adaga no coração, você não conseguiria desviar das investidas dele, então eu serei a distração! _disse como se aquilo fosse simples e eu a culpada por não saber.

_Eu não tenho culpa... não é como se ensinassem isso na escola. _disse assustada.

_Aprendemos isso na escola! mas só cala a boca e pega essa adaga ok?

Eu a peguei, e Natasha correu em direção ao vazio.

_Oh, bola de carne podre! _o vazio virou seu olhar sem olhos para ela e rugiu. _Devia escovar os dentes, hm! Que fedor!

O vazio se concentrou nela, foi uma série de ataques e desvios, eles ficaram os mais longos dois minutos que tinha visto assim, até que ele virou de costas para mim, e aí eu tive que agir. Corri aos tropeços em sua direção, ele era alto, então eu pulei e agarrei nas suas costas como um carrapato, ele se contorcia de forma horrível, tentava me derrubar, eu ergui a adaga, mas nesse momento o vazio deu um safanão tão bem dado que a adaga caiu da minha mão.

Ao ver a adaga fincada da neve do chão eu me desesperei, o vazio levantou uma imensa mão para me agarrar em suas costas, mas nesse momento Natasha deu uma pancada em seu pé com um galho que pegou do chão, o vazio urrou e me esqueceu em suas costas. Ele avançou em Natasha com puro ódio, Natasha se preparou para desviar mas acabou prendendo o pé em algum galho submerso na neve, ela ficou com a bota presa, deveria ter algum buraco ali! O vazio levantou a clava, eu não podia olhar, fechei os olhos e gritei.

Nesse momento a coisa mais estranha aconteceu, eu senti alguma coisa em minha mão, não sabia o que, nem pensei nisso, apenas levantei a mão o máximo possível e com toda minha força abaixei o que tinha na mão nas costas do vazio. Ouvi um imenso urro de dor, quando abri os olhos vi a adaga que a pouco estava caída no chão cravada em suas costas, ele estava se contorcendo e por fim desabou, eu pulei das suas costas antes que ele chegasse ao solo. Natasha conseguiu se soltar, e rolou para o lado, bem a tempo de evitar ser esmagada pelo corpo inerte do vazio.

A Ordem Da LuaWhere stories live. Discover now