Capítulo dezessete

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"OLHEM A ORDEM DOS CAPÍTULOS, OK?"

P.O.V Carol

A casa da tia de Elana fica em uma rua mais afastada, o que é bom, pois nós poderíamos conversar melhor.

Assim que sai do Uber entrei na casa, e fiquei sentada no sofá esperando por ela.

Eu só queria tentar me explicar pra ela, eu necessitava disso, iria dizer tudo que passa aqui dentro, iria mexer no passado que eu não gosto de visitar, iria falar tudo que sinto e dar a ela a liberdade de ir ou ficar. E espero que ela me entenda e decida ficar.

Alguns minutos se passaram, eu estava nervosa, ansiosa e já tinha pensado em desistir umas dez vezes, mas eu não iria fugir como sempre faço. Não dessa vez, não com ela.
Ouvir um barulho do lado de fora, e depois alguns passos.

-SARA -Ela gritou do lado de fora. -Estamos atrasadas.- Ela abriu a porta e ficou estática olhando para mim. -Que porra é essa?

-Eu só preciso que você me escute. -Pedi e ela me olhou com raiva.

-O que você está fazendo aqui, Caroline?

-Eu só preciso te explicar tudo, estou tentando fazer isso há dias.- Me levantei indo até ela.

-Não chega parto de mim Caroline.- Fiz o que ela pediu e dei alguns passos para trás.- Você não precisa me explicar nada, eu já ententi que você gosta dele.

-Isso não é verdade.- Falei. -Me escuta nem que seja por poucos minutos, depois disso se você ainda quiser ir, eu vou entender e não vou mais atrás de você, eu prometo. -Meu tom de voz saiu fraco, minhas mãos suavam, meu coração estava disparado, eu estava perdendo o controle novamente. Eu não queria perdê-la.

-Tudo bem, o que você quer falar?- Ela se aproximou um pouco, sentou em um sofá e eu sentei no outro.- Me explica tudo, eu realmente não entendo porquê você está sempre fugindo de mim.

-Eu só tenho medo de me entregar para alguém, por causa das coisas que eu vivi.

-Então me conta, eu juro que quero muito te entender. -Suspirei e comecei a falar

-Eu já te disse algumas vezes que tenho dificuldade em deixar as pessoas se aproximarem.- Comecei a falar ainda trêmula. - Isso tudo por conta das coisas que eu vivi no passado. -Ela olhou nos meus olhos.- Ainda doí muito falar sobre tudo. -Suspirei. -Eu tinha quinze anos quando a minha vida virou do avesso.- Meus olhos começaram a lacrimejar. -Eu conheci um garoto, um pouco mais velho que eu, ele era incrível, eu amava estar com ele, ficar perto dele, fazer coisas bestas ao lado dele, eu me sentia bem perto dele, até ele me machucar da pior forma. -Suspirei.- Apesar de nunca ter conhecido os pais dele, a minha mãe o adorava. Todos achavam que éramos namorados, porquê nunca nos desgrudávamos. Ele sempre falava que devíamos namorar, e eu sempre levei isso na brincadeira, eu sempre achei que isso não passava de uma coisa boba dele. -Meu coração estava acelerado, eu estava me abrindo e isso doía pra caralho. -Ele me tratava super bem, como uma rainha. Éramos bons amigos. Com o tempo comecei a achar que gostava dele, além da amizade, mas éramos muito novos e isso tudo pra mim era assustador, então preferi não falar nada até ter certeza do que eu realmente sentia. -Passei as mãos no cabelo nervosa. -Até que ele começou a ficar meio possessivo, eu não podia fazer novos amigos, muito menos sair sem avisá-lo, eu achava que ele estava me protegendo.- Ri sem humor.- Em uma noite ele me chamou pra ir em uma praça, que ficava meio afastada, e disse que todos os nossos amigos iam, o que era uma mentira, mas eu não liguei, eu amava a companhia dele e não via maldade nenhuma nele. Eu confiava a porra da minha vida naquele garoto.- Limpei algumas lágrimas. -Nessa noite ele começou com uns papos estranhos, começou a falar que éramos feitos um para o outro, que devíamos casar e ter filhos logo, que eu teria que ser dele, ou não seria de mais ninguém. Mesmo com pouca idade, gostando e sendo muito amiga dele, eu tinha noção que aquela conversa era totalmente tóxica. -Eu não conseguia mais segurar o choro.- Eu fiquei completamente assustada com aquilo, eu só queria sair dali, e eu tentei, eu juro que tentei. -Minha respiração estava aceleradas, minhas mãos trêmulas, minha garganta se fechando e eu não conseguia me controlar.- Eu me debati nos braços dele, não adiantou muita coisa, ele conseguiu me fazer parar de gritar e me lavar dali para um lugar mais escuro. -Day me olhava com pena, e os olhos lacrimejando.- Não tinha ninguém para me ajudar, eu estava sozinha. Naquele momento eu era apenas uma menina que via a cada segundo sonhos sendo tirados de mim, de uma forma trágica. Naquele momento eu prometi para mim mesmo que não confiaria em mais ninguém e nem me apaixonaria por mais ninguém. -Eu chorava descontroladamente.

-Eu vou entender se você quiser parar por aí.- Day pegou as minhas mãos e acariciou.

-Não, eu preciso continuar. -Respirei fundo.- Ele me bateu, me estuprou, me xingou de coisas horríveis, disse que tudo aquilo era minha culpa por nunca ter dado bola pra ele, e por provocar ele com as roupas que eu usava. Naquele dia ele prometeu que transformaria minha vida em um inferno, ele conseguiu cumprir cada palavra que prometeu. Ele me deixou lá, jogada como um lixo, sem roupa e completamente machucada, eu fiquei em pânico. A partir daquele dia um sentimento de culpa e vergonha tomaram conta de mim.- Day enxugava as minhas lágrimas.- Eu nem sei como consegui sair dali e pedir ajuda, me levaram para o hospital e algum tempo depois para a delegacia, mesmo em pânico com tudo aquilo, a minha mãe me deu forças para contar tudo o que aconteceu. Mesmo assim isso não adiantou nada.

-Como assim nada? -Day perguntou confusa.

-Descobrimos que ele era de família rica, e bom você sabe o que acontece com quem é rico nesse país. Eles queriam virar o jogo contra mim, e de uma certa forma eles conseguiram. Disseram que eu era louca, falaram que aquilo tudo foi consentido e que eu teria provocado todos aqueles machucados. Eu saí como a louca da história, eles conseguiram manipular tudo com dinheiro, todas as provas.

-Filhos da puta

-Todos daqui começaram a me julgar, até a minha família duvidou de mim, falaram que eu era louca, que eu era um monstro e que eu tinha destruído a vida daquele garoto. A minha vida pouco importava naquele momento. Os únicos que continuaram comigo foram os meus amigos e a minha mãe. Mas não parou por aí, ele continuou me perseguindo, e me ameaçando. Em umas dessas perseguições, ele invadiu a minha casa querendo me matar, minha mãe entrou na minha frente e ele acabou dando uma facada nela, eu entrei em pânico tentando ajudar uma das únicas pessoas que sempre esteve comigo, e ele fugiu. Nós já tínhamos ententido que não podíamos fazer nada conta ele e a família dele, se até a minha própia família me acusava de ter machucado a minha mãe, quem iria acreditar na gente? Então decidimos nos mudar as pressas daqui. As ameaças pararam depois de um tempo, mas as marcas de tudo que aconteceu ainda continuam aqui dentro. -Suspirei, me sentindo um pouco mais leve.-  Com o tempo, longe daqui e com muita ajuda, eu consegui superar bastante coisa. Mas ai você chegou, e eu comecei a gostar de você, e isso me assustou pra caramba. Na minha cabeça tudo voltaria a acontecer. Por isso eu me descontrolei quando você e pedro começaram a brigar e me tratar com possessividade. Eu e Pedro não temos nada,  nunca tivemos, sempre fomos amigos, ele sabe de tudo isso e sempre me ajudou, mas não posso negar que ele foi um babaca quando me beijou. Eu sei que ele só fez isso porquê você estava ali.- Pedro e eu já tínhamos conversado, ele falou que só me beijou por causa de Dayane, pediu mil desculpas, e eu trouxa, desculpei.- Eu sei que nada disso justifica o que eu falei e fiz pra você. Eu sou uma garota complicada, cheia de problemas e não mereço alguém como você, e por isso eu vou entender se você nunca mais querer olhar na minha cara. Eu só preciso que você me desculpe por ter causado tudo isso na sua vida. Me desculpa baby? - Pedi com medo. Eu não podia perdê-la, mas também não podia obrigá-la a ficar, mesmo que doesse e que eu ficasse completamente sem rumo, eu entenderia se ela não me desculpasse.

Give me loveHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin