My body's shaking like a willow tree

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Loki sabia que algo muito errado aconteceria assim que o artefato egípcio de seis mil anos explodiu, e de seu interior raios de cor laranja foram lançados contra seu corpo e o de Peter Parker. Os corpos foram lançados metros de distância e por alguns minutos eles permaneceram deitados até que Loki ouviu sua voz chamando-o desesperadamente.

Seu corpo estava dolorido, embora já estivesse na Terra há meses o bastante sem seus poderes para saber como era miserável a vida de um ser humano mortal.

— Senhor Loki, acorda. Sério, precisa acordar, a minha perna tá ferida.

O mais estranho era ainda ouvir sua própria voz vindo de fora, como isso era possível?

Loki abriu os olhos devagar e forçou mexer o corpo, só conseguiu sentir mais dor.

— Pare de matracar, garoto. — Ele falou, mas não parecia certo. Tossiu, repetindo a frase novamente. Depois sua visão focou no homem ao seu lado, aquele não era Peter Parker.

— Senhor Loki, o que aconteceu? — Peter perguntou, mas ele usava sua voz, seu corpo, sua aparência. Peter era Loki!

— O que... — Confuso, Loki olhou para as próprias mãos e depois passou-as pelo peitoral. Usava um moletom e vestia calças jeans. — Não é possível.

— Eu não sei o que aconteceu. — Peter começou a entrar em pânico, enquanto Loki analisava o ferimento em sua perna, uma lança havia fincado em sua coxa. Doía, é claro, mas estava perplexo demais naquele momento para emitir qualquer grunhido de dor.

— Pare de falar, não consigo ouvir meus pensamentos. — Loki esbravejou com a voz de um jovem recém-saído da puberdade. Era terrível passar por aquilo novamente, Odin não poderia ser assim tão cruel com ele.

— Eu acho que estou ouvindo seus pensamentos agora. — Peter levou as mãos até a cabeça, alisando depois os cabelos negros.

— Não diga bobagens, isso não é possível. — Com o pouco de paciência que lhe restava, ele ordenou que Peter conseguisse algo para amarrar na coxa e puxar a lança depois.

— Tem certeza? Não é melhor chamar uma ambulância? — O jovem rasgou um pedaço de tecido da camisa que vestia em seu corpo (agora usado por Loki), deixando-o com uma aparência deplorável de barriga de fora.

— Se tiver uma ideia melhor, me diga, pois estamos em um museu sem a autorização de ninguém. — O olhar atravessado de Loki fez Peter se atrapalhar na hora de amarrar o tecido. — Deixa, eu amarro.

Ele amarrou com muita força e depois colocou a manga do moletom na boca, ordenando que a lança fosse retirada.

Peter contou até três e puxou.

Ser um humano era o pior dos castigos para Loki, e ele poderia provar isso com aquela maldita dor.

Tudo começou seis meses atrás quando Loki foi banido para a Terra após uma rebelião que ele jurava não ter começado. Ora essa, pediram seus conselhos e ele os deu, agora se tentavam subir ao trono matando Odin e Thor, isso já não era sua culpa. E para aprender algo de valor, ou coisas do tipo (já que o deus da trapaça não prestava muita atenção no discurso de Odin), ele foi mandado diretamente para Nova Iorque, mais precisamente para um bairro onde um jovem Homem Aranha fazia a vigilância.

Na primeira vez que se encontraram, Peter o impediu de manter algumas pessoas presas dentro de um elevador. Bobagem.

Na segunda, Peter o impediu de colidir com o táxi que trabalhava, direto em um ônibus escolar. Francamente, os veículos terrestres eram primitivos. E Loki precisava de dinheiro para sobreviver naquele mundo de caos.

Bless My SoulWhere stories live. Discover now