8. Medos e cartas

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Eu me jogo no chão. Abraço meus joelhos, e choro tanto que minha voz está soando alta e sofrida. Dói muito.

Eu não posso amar.

Não posso amar ninguém.

Escondo meu rosto em meus joelhos, e chego a gemer de dor algumas vezes, porque além do meu coração, minhas orelhas também estão doendo. Estão doendo tanto, e estão tão cuvardas para baixo... sinto que nunca senti uma dor tão forte quanto essa. Parece com a dor que senti quando perdi o meu pai...

É a dor de perder alguém que amo.

E como eu amo o Jimin.

— Meu Deus, meu Deus... — eu choro, escondendo ainda mais meu rosto em meus joelhos. — Qual é o meu problema?! Por que eu pensei que poderia fazer isso?!

Por que fui tão idiota?!

Eu choro. Choro até minha garganta arder. Até parecer que não há mais lágrimas. Fico tanto tempo encolhido no chão do meu quarto, soluçando e fungando, que perco a noção do tempo. É tão doloroso e me deixa tão entorpecido que, só depois de tempos, percebo que Jimin parou de bater na porta e me gritar.

Jimin se foi.

E... está na minha hora de ir também.

Mesmo com o corpo dormente, eu me forço a ficar de pé. Olho pela janela e sinto meu coração apertar quando percebo que já está amanhecendo. E está chovendo.

Isso... dói demais...

Eu tento ao máximo não pensar — porque sei que vou desmoronar se o fizer — enquanto lavo o meu rosto, visto minha máscara e minha touca. Tento ao máximo não pensar em Jimin, ou na vida que construí ao que passo pela porta do meu quarto, deixando todos os meus livros, jogos e tapetes de tricô para trás; tento manter minha mente vazia ao pegar o restante das correspondências e uma garrafa de água para sair pela porta e abandonar minha geladeira, com as comidinhas de Jimin, meu console, meus móveis... tudo.

Tento, com a pouca força que me faltou, não pensar na vida que estou deixando para trás quando olho para o lugar que chamei de casa pela última vez.

Estou indo embora.

Eu preciso ir.

Eu fecho meus olhos com força. Meu coração se parte em milhares de pedaços quando eu tranco a porta e sem olhar para trás, carrego minha mala até o elevador.

Quando estou dentro dele, olho para a porta do apartamento de Jimin — onde ele deve estar, já que não estava mais em minha porta — e sinto meu coração murchar com ainda mais força.

Puxa.

Nunca mais passarei por sua porta.

Nunca mais comeremos juntos.

Nunca mais nos beijaremos...

Como dói...

— Não... — eu sussurro a mim mesmo, descansando meus olhos quando as portas do elevador se fecham cruelmente, me levando para longe do lugar onde eu amei pela primeira vez.

Eu amei...

— Oh... — eu aperto os olhos, e dói tanto que eu soluço.

Não posso pensar em nada.

Preciso me segurar até chegar em Masan.

Preciso esperar para desabar com o meu pai.

O Abanar do Amor {jikook}Where stories live. Discover now