Eu me mantinha sentada em um pequeno banco de mármore que por algum motivo estava ali, ouvindo o som que já não vinha mais de meus fones que eu havia tirado.

― Filha, chega de acampar por hoje, você vai acabar pegando um resfriado! ― A mulher disse em um tom suficiente para mim ouvir, mesmo distante.

― Eu estou ocupada ― ela disse sorrindo e sem parar de tirar as pedras e pôr na barraca.

― Depois você termina o que está fazendo ― disse tentando convencer a garota a sair do frio, ela podia simplesmente mandar ela para dentro, mas ela não o fez.

― Mãe, elas precisam de mim. ― Ela apontou para a pedra que estava em sua mão, e depois para dentro da barraca.

Eu já não disfarçava mais que a olhava e agradeço por elas não terem me visto, podiam se assustar.

― Por quê? ― a mãe da garota perguntou e a pequena a encarou igual o Niall me encara quando está querendo dizer suas coisas "óbvias".

― Elas estão com frio, e sozinhas ― disse e colocou a pedra que haviam em sua mão na barraca. Naquele momento eu já estava chorando, três vezes mais, eu não sabia ao certo porquê, mas aquilo realmente me tocou.

― Elas são pedras, elas não sentem frio ou se importam em ser sozinha ― a mãe da garota disse, mas ela não se importou, voltou a pegar uma pedra por vês e pôr na barraca.

― Elas só parecem fortes, mas elas não são. Elas precisam de mim, assim como eu preciso de você. Eu também quero que elas fiquem quentinhas e protegidas. Elas também têm sentimentos ― disse e agora não era só eu quem chorava, a sua mãe que a minutos atrás tentava convencer ela a entrar, agora só a observava enquanto deixava lágrimas caírem de seus olhos, ela saiu de casa, e foi até onde a garota estava e a ajudou a levar todas as pedras para dentro da barraca, recebendo um lindo sorriso em troca. A garotinha deu um "tchau" com as pequenas mãozinhas para as pedras e fechou a barraca com ajuda de sua mãe e depois foram juntas para dentro.

Eu fiquei ali, olhando para o nada com as mãos apoiadas no banco gelado, que agora não fazia nenhuma diferença para mim.

É incrível o fato de uma pequena criança ser tão sabia. " Elas precisam de mim" A voz dela soava em meus ouvidos, e eu não conseguia parar de pensar no que havia acontecido ali. E muito menos em pensar em oque aquilo tudo me fez pensar.

­­ ― Ela precisa de mim. ― Coloquei a mão em minha barriga enquanto sussurrava.

Isso é obvio, essa criança que carrego precisa de mim, o meu bebê precisa de mim. Ele não precisa de alguém chorando sem saber o que fazer, sem saber o que pensar em relação a ele, ele precisa de alguém que ame ele, que queira ele, que não se importe se tem 17 anos ou não, que não ligue se sabe ou não como cuidar de alguém, que aprenda junto com ele a cada dia. Eu preciso dele e ele precisa de mim, assim como nós precisamos de ar. Assim como a noite precisa da lua.

Olhei para o meu celular e vi que haviam dez chamadas não atendidas da minha mãe. Ou seja, ela já percebeu que sumi. Me levantei do banco guardando o celular no bolso e indo de volta para casa.

Abri a porta lentamente assim que cheguei, minha mãe estava sentada no sofá olhando para o exame que ainda estaria no meu quarto se ela não tivesse ido lá pegar, lágrimas caiam de seus olhos, eu fiquei na porta sem saber o que fazer. Eu ficaria ali mais tempo, parada, vendo ela chorar e ouvindo minha respiração, mas ela percebeu minha presença e me encarou, ela deu um enorme sorriso e um suspiro de alivio, e depois fez o que qualquer mãe faria, veio correndo até mim e me abraçou, e depois me soltou e gritou, era obvio que ela gritaria.

[Pulsos]Where stories live. Discover now