— Fala que estamos chamando-a para jantar, amanhã. — diz minha mãe, empolgada.  

RAFAEL: Boa noite, Elena

RAFAEL: Tudo bem?  

RAFAEL: Então, meus pais querem te conhecer, pode jantar aqui, amanhã?  

Aviso que mandei a mensagem e estou esperando a resposta dela.  

Voltamos a ver o filme e a minha ansiedade é crescente. A cada cinco minutos checo o celular e nenhuma notificação aparece. Quando estou pronto para falar que é melhor esquecer o jantar, o celular apita.  

ELENA: Nem fodendo.  

Direta e educada.  

Minha mãe me olha em expectativa, crente que vai ouvir uma resposta positiva. Dou um sorriso para ela, fingindo que Elena aceitou vir jantar aqui.  

RAFAEL: Por favor, Elena.  

RAFAEL: Meus pais querem conhecer a boa alma que está me ajudando, palavras deles.  

RAFAEL: Faz só mais essa por mim, prometo não te pedir mais nada.  

RAFAEL: Nunca mais.  

— Ela disse que vai perguntar aos pais. — Digo aos meus pais. Mentindo de novo para eles.  

Primeiro foram as aulas, e agora o jantar.  

ELENA: Eu tenho a sensação que você disse que eu iria.  

RAFAEL: A sua sensação está mais ou menos certa.  

Quase podia vê-la na minha frente, brava e com a sobrancelha arqueada dizendo: Puta que pariu, Rafael.

ELENA: É a última vez que aceito um pedido seu.  

— Ela vem. — Aviso meus pais.  

Minha mãe sorri, empolgada, e meu pai apenas confirma com a cabeça.  

Volto atenção para a tela, preocupado com o jantar de amanhã.  

*

Eu podia sentir a raiva de Elena emanando. Mesmo estando do outro lado da sala.  

Assim que a vi de manhã, notei a sua fúria. Não que ela estivesse tentando disfarçar. Seus olhos castanhos escuros refletiam a sua vontade de me matar.  

Não entendi qual a motivação dos meus pais, se queriam agradecê-la, podiam ter comprado um cartão e pedido para eu entregar. Muito mais fácil. Mas, não, eles precisavam conhecê-la pessoalmente. De minha mãe até esperava essa ideia, mas do meu pai, nunca.  

— Rafael? — chama Lúcia, estalando o dedo na frente do meu rosto.  

Desvio a atenção de Elena e me volto para Lúcia.  

— Vocês estão sabendo que os pais da Clara me convidaram para jantar lá amanhã né. — Apesar de ter sido uma afirmação, confirmo com um movimento.  

— E qual o problema? — perguntou Mateus. — Não é uma coisa boa?  

— É uma coisa boa, mas, eu tô com medo, é a primeira vez que vou conhecer meus sogros e a aceitação deles não foi muito boa.  

— Os pais da Clara não vão te tratar mal, mas eles vão estranhar, porque para eles foi muito diferente do que esperavam. — Falo. — Não quero justificar o preconceito deles, mas nunca deve ter passado pela cabeça deles uma situação dessa.  

— Eu sei, mas mesmo assim não quero chegar lá e sentir que sou a causadora de um mal-estar. Clara ficou tão abalada com a reação deles.  

— Lúcia — começa Mateus. — Você não é a causadora de nada. Estando namorando com você ou não, a Clara ia se assumir. Eu acho que o sentimento dela por você impulsionou a decisão.  

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now