Capitulo 1

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Bem ali, esperando que a chuva passasse, eu me encontrava, já passava das cinco e ainda tinha muitas coisas a resolver.

"Porque tinha que chover logo hoje?"

Hoje tudo me parece uma bela conspiração, guarda chuva e até meu pobre celular havia descarregado.

-Precisa de ajuda Helena?

De repente, surge um carro azul, e bem dentro dele um olhar cor de mel esmagador perante o volante.

-Não obrigado, está tudo bem.

-Mesmo? - Ele pergunta com sua descrença estampada no olhar - Você não parece estar bem, vamos lá, é apenas uma carona.

-Mesmo assim não posso aceitar - disse, lembrando-me da promessa eu havia feito a mim mesma referente a homens-nem mesmo te conheço.

-Prazer, eu sou Joseph, trabalhamos juntos há quase uns cinco meses.

-Hum, nunca te vi antes - não acreditava em nada do que aquele homem falava.

-É por que você fica a maior parte do tempo com os olhos vidrados na tela do computador, e esquece que tem outras pessoas ao redor, agora anda logo, eu não mordo, a não ser que você queira.

E com um sorriso de matar, ele parou de falar, foi onde percebi que a chuva caia mais forte e eu já não tinha mais escolha.

-Okay, podemos ir, mas moro no subúrbio e não acho que seja uma boa ideia você se distanciar tanto assim da sua rota, pode ser perigoso.

-Helena você acha que eu moro aonde? Em Bervelly Hills, não minha cara, moro bem próximo ao subúrbio como você diz, mas se é perigoso ou não quem decide sou eu. Agora entra no carro ou vai acabar doente.

E assim fiz, e por diversas vezes me peguei observando e me percebi corando quando vi que era reciproco. Não demorou muito para estarmos na frente do prédio onde eu morava, e sem graça quebrei o silencio.

-Boa noite. Joseph, obrigado!

-Que nada! - disse com um sorriso tão branco que contrastava com sua pele morena e seus olhos que por um pequeno momento imaginei estarem pegando fogo - pode repetir quando quiser.

-Não será necessário, é que hoje deu tudo errado.

-Como quiser, quando precisar e eu estiver disponível...

-Tudo bem, até amanhã então.

E sai do carro com uma sensação muito estranha, ao olhar pra traz percebi que ele ainda estava lá, dei um sorriso sem graça e entrei. Ele se foi. Ao entrar no apartamento, me dei conta de que havia me esquecido da minha bolsa e ficado apenas com a de mão, "que droga" eu pensei sorrindo, pois veria aqueles olhos novamente.

Mas logo o sorriso abandonou meu rosto e a realidade me trouxe de volta, muita bagunça e lixo ainda tinham que ser organizados e exterminados, todas as coisas que trouxe comigo, permaneciam intocadas, na verdade eu não sabia o porquê de trazer tanta coisa, mas só existia um motivo, um sentimento que me impedia de mexer nestas coisas, medo. Fui logo tomar um banho, e percebi que mais uma noite Mise não chegara, eu nunca a questionava, pois ela nunca me questionou, pois mesmo com nossas divergências ela esteve sempre aonde deveria estar ao meu lado. Comi alguma coisa inútil da geladeira, tentei assistir um pouco de televisão e para varias nada de interessante a não ser comerciais ou novelas sem sentido, mostrando um amor que na realidade não existia, uma família feliz que era pura utopia. Depois de tanto mudar de canal decidi ir dormir, na verdade era a única coisa que me fazia ficar bem , ate eu sonhar.

Acordei ofegando, era mais um de diversos pesadelos que me tiravam a paz todas as noites, lembranças que insistiam em me incomodar e me fazer lembrar todos os dias o motivo de estar ali em meio a tanta zona, para piorar, quando enfim consegui adormecer tive logo depois um louco sonho com aqueles perigosos olhos cor de mel.

Uma Nova Chance Para AmarWo Geschichten leben. Entdecke jetzt